Jovens santos

Frassati e Acutis inspiram a viver santidade no cotidiano, contam jovens

Devotos dos beatos que serão declarados santos neste domingo, 7, destacam virtudes de ambos; bispo incentiva católicos a “imitarem” Carlo e Pier Giorgio

Julia Beck
Da Redação

Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis /Imagem: IA/ Montagem: Canva

Dois jovens que foram extraordinários no ordinário. Assim o presidente da Comissão para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Vilsom Basso, caracteriza os beatos Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati, que serão canonizados neste domingo, 7, pelo Papa Leão XIV.

Enquanto a história de Frassati ecoa no coração dos católicos há praticamente um século – tendo em vista que o jovem faleceu em julho de 1925, a de Acutis tem sabor de contemporaneidade, já que sua morte foi em outubro de 2006.

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Defender a verdade

Estudante de jornalismo, João Pedro Borges Saggioro /Foto: Arquivo Pessoal

O estudante de jornalismo, João Pedro Borges Saggioro, de 21 anos, conta que conheceu a história de Pier Giorgio em 2021, após adquirir uma camiseta da Canção Nova que tinha o beato e mais três jovens estampados: Santa Teresinha do Menino Jesus, Chiara Luce e Carlo Acutis. Segundo Saggioro, o único que ele não conhecia era Frassati. A imagem do beato esquiando com um cachimbo chamou atenção.

“Sempre fui muito curioso”, conta Saggioro. Ler sobre a história daquele jovem foi uma oportunidade de inspirá-lo na busca pela santidade. Segundo ele, a biografia de Frassati o encorajou em um momento em que enfrentava muitas crises.  

“Ele (Pier Giorgio) sofria diversos embates, mas em nenhum momento deixava de defender a verdade. Nunca deixava seus valores de lado e eu achei isso muito bonito. Comecei a me inspirar (…) para ser uma pessoa mais forte, um homem mais forte, que não tivesse medo de defender aquilo em que eu acreditava”, frisa.

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Ardor missionário

Foi em 2007 que a missionária da Comunidade Canção Nova, Edna Carvalho, de 38 anos, ouviu falar sobre Pier Giorgio Frassati. Na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2008, na Austrália, uma informação a impactou: o fato do corpo do jovem ter sido encontrado intacto durante a exumação. “Foi aí que eu percebi que ele entrou na minha vida”, disse.

Missionária da Canção Nova, Edna Carvalho /Foto: Arquivo Pessoal

O milagre da preservação do corpo, acredita Edna, traduziu a forma virtuosa com que Frassati viveu o cotidiano. “O sinal extraordinário do cuidado de Deus, do seu corpo intacto, me provou a sua santidade de vida”, ressalta. A partir daí, a missionária começou a rezar pedindo a intercessão do beato, para que ele pudesse se tornasse um amigo no céu.

Em 2009, ela aprofundou seus conhecimentos sobre a vida de Pier Giorgio através do livro “Santos de calça jeans”, do programa Revolução Jesus, da TV Canção Nova. “Quanto mais eu o descobria, mais me encantava e me identificava com sua vida”, acrescenta. Hoje, Edna conta que o beato tem grande influência em sua vida como missionária, no seu ardor pela evangelização, por ser uma mulher íntegra, a “viver e não fingir que se vive” – frase de Frassati.

Proximidade com Deus

Ana Luísa Alves de Souza tem apenas 19 anos e já nutre uma grande devoção por Carlo Acutis. “Conheci o Carlo em 2020, aproximadamente dois meses antes da sua beatificação, em um momento em que eu estava bem afastada da Igreja”, lembra. O fato de Acutis ser tão jovem e do mesmo século que ela, a impressionou.

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A jovem afirma que o beato mostrou que é possível ter uma vida de oração e ser santo nos dias atuais. “O seu amor pela Virgem Maria me fez perceber que tenho uma mãe no céu, e que posso contar com ela sempre”, ressalta.

No ano passado (2024), Ana Luísa prestou vestibular: ela passou o ano todo estudando e rezando para conseguir entrar na faculdade. Dias antes da prova, pediu a intercessão do Carlo para que conseguisse sua tão sonhada aprovação no curso de Cinema. Em março desse ano, o resultado saiu e ela vi foi aprovada.

“Graças à intercessão do Beato Carlo Acutis eu fui para a faculdade”, relata a jovem. A conquista a fez perceber que com fé e dedicação, e com a ajuda de um “amigo no céu”, é possível conquistar sonhos quando eles são da vontade de Deus.

Santidade é possível

Presidente da Comissão para a Juventude da CNBB, Dom Vilsom Basso /Foto: CNBB

Dom Vilson explica que o exemplo destes jovens acaba tornando a santidade mais palpável para o mundo juvenil. “Adolescentes e jovens olham para eles e sentem: ‘se eles conseguiram, por que não podemos também?’”. Assim acontece a influência, revela o bispo. O reconhecimento, a proximidade e a admiração levam à busca de uma imitação. “Que isso possa se espalhar e chegar a todas as novas gerações”, deseja.

A santidade brota do Batismo e está ao alcance de todas as pessoas, sublinha o presidente da Comissão para a Juventude da CNBB. O bispo recorda que quem segue Jesus, assim como Acutis e Frassati, sabe que a vida é: viver o Evangelho, viver os valores do Evangelho e sempre nadar contra a corrente.

“Jesus nadou contra a corrente. Seus seguidores fazem o mesmo pelos séculos na história da Igreja. E por isso hoje, viver a santidade é nadar contra a corrente, é ser sal da terra, luz do mundo, fermento na massa. É espalhar esperança no coração das pessoas”.

Imitando os futuros santos 

A devoção a Carlo Acutis influencia Ana Luísa a ser cada dia melhor nas suas atitudes e decisões. Ela revela que passou a praticar mais a caridade, escutar mais, ter mais paciência e se dedicar à sua fé. “Rezo o terço todos os dias, entendo mais sobre a Santa Missa, me confesso semanalmente”. A jovem pontua que estas atitudes mudaram a sua vida e a deixaram mais perto de Deus.

Jovem Aprendiz, Ana Luísa Alves /Foto: Arquivo Pessoal

“Vale a pena a seguir os passos do Carlo. Ele viveu nessa época da tecnologia e não se deixou levar pelas alegrias momentâneas do mundo. Temos que aprender com ele que Deus é prioridade e sempre deve estar em primeiro lugar na nossa vida!”, prossegue.

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Para Ana Luísa, seguir alguém da sua geração e tê-la como exemplo mostra que a santidade é possível, que um jovem pode evangelizar o próximo sem medo de julgamentos, pois o que importa é fazer as coisas para Deus.

Além da defesa da verdade, João Saggioro afirma ver Pier Giorgio Frassati como um exemplo de inúmeros outros valores, como a caridade, a justiça, a fidelidade a Deus e a busca pelas coisas do alto.

Para ele, o mais bonito testemunho do beato foi ter vivido de forma santa, sem perder a juventude, sem deixar de estar com os amigos, praticar atividades físicas, escalar montanhas – um de seus hobbies. “Ele tinha muita sede de Deus, e nunca deixou de amar a Deus, mesmo na sua juventude. Ele soube louvar a Deus com a sua juventude, através dos seus afazeres”, completa.

O serviço de caridade prestado por Frassati também é um grande destaque, segundo Saggioro. “Ele não se cansava de ajudar as pessoas mais necessitadas”, pontua o estudante de jornalismo, ao dizer que o beato não foi triste praticando o bem.

Pier Giorgio é considerado por Edna como um “padrinho” da sua vocação. A vida de oração do beato, sua devoção a Nossa Senhora, leitura da Bíblia, participação da Santa Missa, além de Adoração ao Santíssimo Sacramento transformavam uma vida comum em um altar de amor a Deus. “Tudo o que sou chamada a viver dentro do carisma Canção Nova”.

Edna acrescenta que, por meio de Frassati, se descobriu uma pessoa apaixonada pela natureza e pela contemplação. A humildade do beato também é um exemplo. “Mesmo sendo de família rica, Pier Giorgio ajudava os necessitados com amor e discrição (…). Morreu jovem, aos 24 anos, e milhares de pobres foram ao seu funeral, mais do que os convidados da alta sociedade. Até na sua morte vemos que a verdadeira grandeza está em servir com humildade e fraternidade”.

Coragem e autenticidade são adjetivos de Pier Giorgio que Edna conta imitar. Segundo ela, nos tempos atuais, ser jovem cristão exige coragem, e também torna todos agentes de transformação.

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