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Acordo de Paris: "Precisamos de uma cultura de cuidado", afirma Parolin

Numa videomensagem para o webinar organizado pelas embaixadas britânica, francesa e italiana junto à Santa Sé para o aniversário do Acordo Climático, a Secretaria de Estado solicita o desenvolvimento de uma “cultura de cuidado”

Da redação, com Vatican News

Cardeal Pietro Parolin / Foto: Vasily Fedosenko – Reuters

O aquecimento climático e agora a pandemia. Duas questões “globais” que nenhum governo do planeta pode fugir ou tratar com inércia, nem — nas palavras do Papa Francisco — pode enfrentá-las pensando em se salvar sozinho. A análise feita pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, sobre o cenário internacional que amadureceu depois do Acordo de Paris é clara: uma maior sensibilidade geral sobre o tema das mudanças climáticas, perceptível a partir de 2015, é contrabalançada por um crescimento mais “lento” da “vontade política” de pôr em prática ações de combate.

Agenda para uma mudança

O secretário de Estado confia a uma mensagem de vídeo sua contribuição à mesa redonda on-line promovida pelas Embaixadas do Reino Unido, França e Itália junto à Santa Sé sobre o tema “Enfrentar a mudança climática: de Paris a Glasgow via Milão”. O horizonte de reflexão se desenvolve levando em conta uma série de encontros a partir do de 12 de dezembro de cinco anos atrás – quando o Acordo assinado na capital francesa se tornou realidade: a partir da High Level Virtual Climate Ambition Summit (Cúpula Virtual de Alto Nível sobre Ambição Climática) do próximo sábado – na qual, anunciou o cardeal Parolin, o Papa Francisco também “tomará a palavra” – mas com um olhar para a COP26, a cúpula climática em Glasgow prevista para novembro de 2021, precedida pela etapa intermediária em Milão em setembro.

A política “lenta”

“Na Cop-26 não pode faltar a oportunidade de manifestar este momento de mudança e de tomar decisões concretas e inadiáveis”, é o convite dirigido aos líderes políticos pelo Secretário de Estado, que havia citado anteriormente os valores da Laudato si’ e, em particular, o desejo do Papa, depois do Acordo de Paris, para que o mesmo fosse implementado de forma solidária, com “particular atenção às populações mais vulneráveis”. Na realidade, disse o cardeal, diante de um aumento da consciência da sociedade civil sobre “a complexidade do fenômeno das mudanças climáticas e seus impactos”, os “compromissos atuais assumidos pelos Estados” neste âmbito “estão muito longe daqueles realmente necessários” para alcançar os objetivos estabelecidos pelo acordo de Paris. Portanto, o objetivo de fortalecer a vontade política “é um dos motivos pelos quais estamos aqui”.

Três conceitos para o bem comum

Para o cardeal Parolin é necessário “elaborar um novo modelo cultural baseado na cultura do cuidado”, entendido como “cuidar dos outros, cuidar do meio ambiente, no lugar da cultura da indiferença, da degradação e do descarte: descarte de si, dos outros e do meio ambiente”. Um modelo que “deve se apoiar em três conceitos: consciência, sabedoria e vontade”. A consciência se baseia na “pesquisa” das ciências físicas e humanas “capaz de fazer dialogar os vários tipos de saber em nível interdisciplinar”. A sabedoria é aquela fundada nos “princípios éticos a longo prazo e construtivos”, com a Igreja na vanguarda ao propor os ensinamentos da doutrina social. Por fim, a vontade, que traduz a ação política na busca do bem comum.

“Mudança de olhar”

O secretário de Estado concluiu, enfatizando o que o Papa Francisco fará na Cúpula de 12 de dezembro: a “aliança entre o ser humano e o ambiente”, que respeita as pessoas “mais frágeis”, e em segundo lugar, a identificação de “soluções políticas ou técnicas” que favoreçam um “processo educativo” capaz de promover “especialmente entre os jovens, novos estilos de vida e uma nova “humanidade”, favorecendo uma mudança de “olhar”. A COP26, que se realizará, novembro de 2021, “será um momento central para medir e estimular a vontade coletiva e o nível de ambição de cada Estado”, concluiu o cardeal.

 

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