A fundação papal que apoia cristãos perseguidos em todo o mundo aprova dois novos projetos para cristãos deslocados
Da redação, com Vatican News
ACN ajudará aqueles que fogem da província de Cabo Delgado, em Moçambique, e do estado de Borno, na Nigéria / Foto: Valeria Rodrigues por Pixabay
A instituição de caridade católica Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) lançará dois projetos recentemente aprovados para ajudar as comunidades cristãs que fogem das milícias islâmicas na Nigéria e em Moçambique. Nos últimos anos, o aumento de ataques por grupos jihadistas locais e transnacionais em vários países africanos forçou milhares de pessoas a deixar suas casas e meios de subsistência, causando grandes crises humanitárias. Entre eles, Moçambique e Nigéria são os mais atingidos pela violência.
O conflito em Cabo Delgado
Desde 2020, a província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, tem visto uma escalada de ataques por insurgentes islâmicos ligados ao chamado Estado Islâmico, visando autoridades estatais, militares, forças policiais e civis, tanto cristãos quanto muçulmanos. Dois terços desses ataques foram realizados contra civis, deslocando cerca de 730 mil pessoas desde 2017, quando a insurgência começou.
Boko Haram na Nigéria
Da mesma forma, na Nigéria, as comunidades locais foram expostas por mais de dez anos a ataques terroristas e sequestros por milícias islâmicas Boko Haram no contexto de questões de longa data de violência religiosa e étnica. A violência aumentou dramaticamente em 2014, com mais de 10 mil mortos, enquanto o grupo terrorista, que mais recentemente jurou fidelidade ao Estado Islâmico, expandiu drasticamente seus territórios.
Os dois projetos
Neste contexto, a ACN patrocina dois novos projetos para ajudar os católicos que fogem da violência islâmica nos dois países africanos. Os projetos somam-se a mais de 25 iniciativas de socorro patrocinadas em 2020 por um valor total de mais de 1,7 milhões de euros. O primeiro projeto beneficiará a paróquia de São Paulo em Pulka, que acolhe muitos refugiados cristãos que fogem da cidade de Maiduguri, no estado de Borno, na Nigéria. Os ataques de milícias islâmicas são muito frequentes aqui e os párocos precisam urgentemente de água potável para os refugiados. O escritório italiano da ACN está arrecadando dinheiro para construir um poço, equipado com uma bomba movida a painéis solares. O segundo projeto é destinado à Diocese de Quelimane, em Moçambique, que está ajudando refugiados cristãos de Cabo Delgado. Os fundos arrecadados irão apoiar seus esforços de socorro para 500 famílias deslocadas que vivem na área.
Violência causando pobreza crescente
Comentando os dois projetos, o diretor do escritório italiano da ACN, Alessandro Monteduro, observou que além de causar vítimas, a violência jihadista também destrói infraestruturas e resulta na perda de meios de subsistência e no deslocamento forçado de agricultores que não podem colher suas safras, resultando em fome. Ele também alertou sobre o risco de que alguns jovens frustrados sejam tentados pela extrema pobreza e propaganda extremista a se juntar às milícias jihadistas. “A combinação destes fatores provavelmente forçará a comunidade internacional a reagir, não tanto por razões nobres, mas para conter a crescente pressão migratória da África”, disse ele.
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