PREGAÇÃO DA QUARESMA

“A vida é eterna não se deixa aprisionar”, afirma frei Pasolini

Na quarta e última pregação da Quaresma, religioso reflete sobre a Ascensão do Senhor e destaca chamado cristão a testemunhar nova humanidade

Da Redação, com Vatican News

Frei Pasolini durante a quarta e última pregação da Quaresma deste ano / Foto: Reprodução Vatican News via YouTube

Nesta sexta-feira, 11, que antecede a Semana Santa, o pregador da Casa Pontifícia, frei Roberto Pasolini, fez a quarta e última pregação da Quaresma. A reflexão centrou-se na Ascensão do Senhor com o tema “Expandir a esperança – A responsabilidade da Ascensão”.

Durante a pregação, o religioso destacou três aspectos: a conversão, a reviravolta e a sinergia. Ele reiterou que o ensinamento deixado por Jesus em sua ascensão é saber partir quanto tudo necessário já foi realizado, alargando as fronteiras da esperança.

A partir da passagem que narra o encontro entre Jesus e Maria Madalena após a ressurreição (Jo 20,11-18), Pasolini citou o sentimento dela ao ser chamada pelo nome. Trata-se de uma nova esperança de vida, a conversão definitiva à qual Cristo quer conduzir os homens, libertando-os da tristeza e levando-os a um encontro pessoal com Deus.

A ressurreição, prosseguiu o franciscano, leva o homem, transformado em nova criatura, a seguir adiante, em direção ao Pai. Não se deve ceder à “tentação de confinar Deus em um tempo ou lugar”, mas anunciar que Cristo vive e ver seu rosto na humanidade. “Cristo ascendeu ao céu para fazer surgir, na história, um sinal maravilhoso dele: as relações que sabemos tecer e valorizar em seu nome”, afirmou.

Reviravolta

Na sequência, o frei indicou que a ascensão gera uma “reviravolta”, ou seja, uma inversão definitiva sobre o plano existencial, porque Cristo deixa o palco da história para dar lugar à humanidade. Em essência, Jesus parte para conduzir os discípulos para além de si mesmos, para além das ilusões e das decepções, até o ponto em que possam se tornar plenamente humanos, em solidariedade com os irmãos.

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Dessa forma, a ascensão não lembra uma vida ideal e abstrata, “mas permite que se encontre a presença do Senhor em qualquer lugar e em qualquer circunstância”, invertendo a ordem das coisas: “o Espírito está nas realidades visíveis, e o corpo entra nas realidades invisíveis”, sinalizou Pasolini.

Sinergia

“A aventura do Evangelho”, acrescentou o pregador, ”continua na terra, entre o pó e o céu”, em sinergia. Os apóstolos são chamados a ir a todos os lugares para anunciar a Boa Nova a todas as criaturas – daí o desafio de olhar para os outros não somente como seres humanos sujeitos a julgamentos e exigências, mas como criaturas cuja beleza e bondade se pode reconhecer.

“Essa é a mansidão de Jesus, que considera primordial não fazer o bem ao outro, mas, antes de tudo, declarar que o outro é um bem”, salientou o religioso. Nos dias atuais, “isso representa uma nova oportunidade para a Igreja: a de percorrer a história de cada pessoa com humildade e respeito, reconhecendo o caminho do indivíduo sem incluir imediata ou apressadamente uma avaliação moral”.

Sendo assim, levar o Evangelho até os confins da terra não significa apenas chegar a lugares distantes no espaço e no tempo, mas também avançar com atenção e respeito no coração de cada pessoa. Escuta, acolhimento e discernimento, portanto, são atitudes fundamentais para permanecer fiel ao Evangelho e para colocar no centro a história e a dignidade de cada pessoa que espera, mesmo sem saber, encontrar o rosto de Deus.

Esperança

Com a Ascensão do Senhor, observou Pasolini, “os discípulos compreenderam a possibilidade de viver e agir junto com Ele, por meio do poder do Espírito”. Esse entendimento interrompeu o pesadelo da solidão porque, por meio da ressurreição e da ascensão, o céu e a terra entraram em comunhão.

A vida é eterna, não se deixa aprisionar, frisou o franciscano. A aparente ausência de Deus do palco da história é, na realidade, um convite à humanidade, chamada a encarnar e testemunhar a verdade do Evangelho, e esta “é a maior esperança a ser cultivada durante o Jubileu: que o mundo possa reconhecer, na fé e na tradição da Igreja, algo de belo e de novo, capaz de suscitar uma sacudida de esperança universal”.

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