DIA DA FAMÍLIA

“A família vive para ser um farol para fora da Igreja”, afirma padre

No Dia Internacional da Família, assessor da Pastoral Familiar explica atuação do órgão junto à Igreja

Gabriel Fontana, com colaboração de Aline Imercio
Da Redação

Foto: Hana El Zohiry na Unsplash

Neste 15 de maio é comemorado o Dia Internacional da Família. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas em 1989, mas a primeira celebração só aconteceu em 1993. No ano seguinte, foi celebrado o Ano Internacional da Família.

Em mensagem publicada no Twitter, o Papa Francisco destacou como a família é responsável por acolher a vida. Neste sentido, é importante para a Igreja Católica proteger e cuidar das famílias, e por isso existem muitas iniciativas católicas ao redor do globo em prol desta importante instituição social.

O vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias, padre Ricardo Rodolfo Silva, também indica como a família tem a capacidade de transformação da sociedade e da cultura, o que motiva o cuidado e a proteção da Igreja em torno dela.

Acolher e testemunhar o Evangelho

Padre Ricardo Rodolfo Silva / Foto: Reprodução Caminhando com Maria

“A Igreja está a serviço da família para fazer com que ela seja a guardiã dos valores, porque das famílias nascem as vocações, as profissões e, segundo Dom Bosco, ‘verdadeiros cristãos e honestos cidadãos’”, cita o padre Ricardo Rodolfo.

O sacerdote, baseado na exortação apostólica Familiaris Consortio, escrita por São João Paulo II em 1981, fala que o dever da família é acolher e testemunhar o Evangelho, de forma a educar seus integrantes no amor de Deus.

“Sem testemunho e sem acolhimento do Evangelho, é impossível contagiar outras pessoas a viver e a transformar a sociedade na qual nós estamos vivendo, onde os valores do Evangelho, da vida, da indissolubilidade do matrimônio estão sendo colocados em xeque e desacreditados. Então qual é o dever das famílias hoje? Testemunhar que é possível fazer com que as famílias sejam fundamentos para viver a verdade do Evangelho”, explica o vice-reitor.

A Pastoral Familiar

No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil conta com a Comissão Episcopal para a Vida e a Família. Um de seus braços é a Pastoral Familiar. Em entrevista à TV Canção Nova, o assessor nacional da Pastoral Familiar, padre Crispim Guimarães dos Santos, fala sobre a atuação da organização em prol das famílias.

“A Pastoral Familiar é uma ação coordenada para promover, cuidar e defender a família, mas em palavras mais simples, é uma pastoral de gente. Onde tem gente (portanto no presídio, na favela, no centro), onde tem pessoa, tem Pastoral Familiar”, explica o padre Crispim.

Organização do trabalho

Padre Crispim Guimarães / Foto: Reprodução Vatican News

Ele também detalha que a Pastoral se organiza em três setores: pré-matrimonial, pós-matrimonial e de casos especiais. No setor pré-matrimonial são acompanhadas as crianças e jovens desde o útero materno até o momento do casamento. “Todo esse período é o que chamamos de período vocacional: devemos trabalhar a vocação como um todo, o chamado de Deus para que a pessoa decida pela vocação matrimonial ou pela vocação consagrada na vida religiosa ou no sacerdócio”, indica.

No setor pós-matrimonial, são atendidas as famílias, sejam elas compostas por pais e filhos (“tais como conhecemos’, explica o sacerdote), sejam elas formadas por avós, mães ou pais solteiros, entre outros casos. “Esse é um tempo maior que a gente deve cuidar e, especialmente, trabalhar a espiritualidade e a inserção dessas famílias nas comunidades eclesiais”, afirma o padre Crispim.

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Por fim, o setor “casos especiais” cuida das famílias em realidades nas quais existem sofrimentos e fragilidades diante de problemas enfrentados no mundo. “Nós vamos ao encontro de pessoas com drogadição, de casais em nova união, de famílias com outras nomenclaturas, sempre com o intuito de apresentar Jesus Cristo a essas famílias”, declara o sacerdote.

Apoiar nos conflitos escutando e aconselhando

Entre os diversos serviços realizados pela Pastoral Familiar está a resolução de conflitos familiares. Neste sentido, são organizados grupos de escuta, de aconselhamento e de partilha. “Isso pode ajudar muito nessas resoluções de conflito, e obviamente a iluminação para tudo isso não é a psicologia, a sociologia, a psiquiatria, embora a gente precise recorrer em alguns momentos. Mas, o que de fundo orienta todo esse trabalho é exatamente a dimensão da fé”, fala o assessor.

O sacerdote também cita outros pontos que impactam diretamente na vida familiar e, segundo o qual, podem ser abordados pela Pastoral. “As pessoas procuram liberdade, procuram felicidade em tantos ambientes, em tantas situações, sobretudo na questão do consumismo, do materialismo, e nós temos percebido na formação de novas famílias e na continuação da formação permanente daquelas que foram constituídas, e nesses casos especiais é que nós vemos a diferença quando o Evangelho entra”.

Ser luz para o mundo a partir do testemunho

A partir da evangelização, situações que poderiam levar à separação ou a conflitos grandes, embora o ponto de divergência seja pequeno, acabam sendo resolvidas de uma forma diferente. Isso influencia diretamente na forma como a família se posiciona diante da sociedade, trazendo uma evolução visível.

“A família não vive para dentro da Igreja somente. Ela está dentro da Igreja, mas vive para ser um farol para fora da Igreja, uma luz para fora da Igreja. E o testemunho dessas famílias, iluminadas pela dimensão do Evangelho e da fé, são verdadeiros oásis diante desse mundo com tantos sofrimentos e com tantos conflitos”, conta o presbítero.

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