Oncologista explica fatores de risco para câncer de mama e alerta que, para a detecção precoce, é necessário mais que o autoexame
Kelen Galvan
Da redação
Todos os anos, o mês de outubro torna-se uma oportunidade para refletir sobre o câncer de mama. A doença é a que mais acomete mulheres em todo o mundo. No Brasil, em 2023, foram estimados 73.610 novos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Por isso, o Outubro Rosa tem o objetivo de alertar sobre o câncer de mama e conscientizar para a detecção precoce da doença, a fim de ajudar na redução da incidência e mortalidade.
O cirurgião Oncológico, Dr Wilton César Fernandes, explica que o câncer de mama é uma doença na qual células malignas se formam e se desenvolvem nos tecidos da mama, e que pode ser causada por diversos fatores.
“O principal fator de risco é a progressão da idade e outros fatores também colaboram, tais como suscetibilidade genética (5% a 10% das mulheres), nível aumentado do hormônio estrogênio no sangue, terapia de reposição hormonal combinada de estrogênio + progesterona e obesidade”, indica.
Além disso, também estão relacionados ao desenvolvimento da doença o consumo de álcool, atividade física insuficiente e exposição à radiação ionizante.
Sinais e sintomas
O médico explica que apesar do autoexame favorecer a descoberta de um nódulo anormal, levando a mulher a investigar, ele não pode ser considerado como única medida preventiva.
“Em média, os nódulos se tornam palpáveis em torno de 1 centímetro de diâmetro com variações dependentes do tamanho das mamas e da sensibilidade tátil de cada mulher. Mas, descobrir um câncer precocemente exige recursos além do autoexame. Daí a importância da visita ao médico e realizar a mamografia, ultrassom ou outros exames quando indicados”.
Em geral, os principais sinais e sintomas de câncer de mama são: nódulo (geralmente endurecido, fixo e indolor); pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja; alterações no mamilo e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou nas axilas.
Embora seja algo raro, os homens também podem ser acometidos com o câncer de mama, lembra Dr. Wilton. “Atinge 1% dos homens e é idêntico na forma de apresentação, diagnóstico e recursos para tratamento. Entretanto, devido ao menor volume do tecido mamário no homem, os nódulos e tumores quando surgem, podem ser vistos e sentidos mais precocemente”, explica.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) alerta que quando o câncer é descoberto ainda pequeno, o que é possível por meio dos exames, e tratado precocemente, as chances de cura chegam a 90%.
Tratamento
O médico destaca que, há muitas décadas, o tratamento do câncer se baseia em quatro modalidades principais: cirurgia, quimioterapia, radioterapia e uso de bloqueadores do receptor de hormônios, porém houve importantes avanços.
“Na atualidade, obtivemos importantes avanços nas técnicas cirúrgicas que se tornaram mais conservadoras e menos mutilantes, na quimioterapia e radioterapia e na análise molecular dos receptores de hormônios. Temos hoje também o surgimento da imunoterapia como tratamento complementar”.
OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma nova Estrutura da Iniciativa Global do Câncer de Mama (disponível em inglês), propondo um roteiro para atingir a meta de salvar 2,5 milhões de vidas de câncer de mama até 2040.
O material recomenda aos países a implementação de três pilares: promoção da saúde para detecção precoce, diagnóstico oportuno e tratamento abrangente do câncer de mama.
A nova estrutura, publicada em fevereiro deste ano, aproveita estratégias comprovadas para projetar sistemas de saúde específicos para cada país, e adequados aos recursos para a prestação de cuidados de câncer de mama em ambientes de baixa e média renda.
(Informações: OMS)