"Maria é o reflexo humano do coração materno de Deus. Por isso, os fiéis recorrem a ela com tanta devoção, pois sentem intuitivamente este amor materno. Sabem que Maria compreende sua dor e seus desejos, entende suas limitações. Reconhecem em Maria a nossa irmã, que viveu como perfeita discípula de Jesus com esperança e coragem. Reverenciam a Senhora Aparecida como Mãe nossa, que reúne os filhos e filhas debaixo de seu imenso manto. Pois o povo costuma dizer: 'em coração de mãe sempre cabe mais um filho'. No cuidado e na ternura de Maria se reflete a bondade de Deus. No seu canto, chamado Magnificat, ressoa a voz do Deus que olha com carinho especial para os pobres e injustiçados deste mundo", refletiu o Arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Dom Raymundo Damasceno, durante a homilia da Missa Solene em honra à Padroeira do Brasil, neste 12 de outubro, às 10h.
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Dom Raymundo destacou que se pode dizer, com certeza, que Maria é reflexo do amor de Deus. "Ela não é fonte. Por isso, no culto católico, Nossa Senhora não ocupa o lugar de Jesus, que é o único mediador entre Deus e a humanidade, como afirma São Paulo, na primeira epístola a Timóteo. Maria consegue as graças que pedimos, mas é Deus que as concede", explicou.
O cardeal também pediu que a Padroeira e Rainha do Brasil cuide "de nosso amado e continental país, que foi confiado à sua proteção. Que a Senhora Aparecida faça crescer em todos nós a fé em Jesus, o compromisso de anunciá-Lo aos nossos irmãos, a consciência cidadã, a responsabilidade de cuidar também dos mais fracos e de proteger o meio ambiente. Confiantes, suplicamos à Mãe de Jesus que faça de cada um de nós e das nossas comunidades, reflexo da misericórdia de Deus. Alegres, recorremos à Mãe Aparecida, dizendo: 'Maria, reflexo do coração materno de Deus', rogai por nós".
No início de sua homilia, Dom Damasceno também fez um retrospecto da história de devoção à Mãe de Deus sob o título de Senhora Aparecida.
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Leituras da Missa
O Arcebispo de Aparecida ressaltou que as leituras da Missa fazem referência ao tema da Festa da Padroeira deste ano: "Senhora Aparecida, reflexo do coração materno de Deus".
Na primeira Leitura, Ester, órfã de pai e mãe, vive uma trama que a leva a obter a libertação do povo judeu, que tinha sido condenado ao extermínio por um edito real. "A tradição cristã viu no papel desempenhado por Ester em favor do seu povo a prefiguração de Maria, na sua função materna e de advogada nossa diante de Deus. […] No decorrer dos séculos, Nossa Senhora tem sido sempre invocada pelos cristãos em suas súplicas, sobretudo, nos momentos difíceis. Diante de Cristo, mediador entre Deus e os homens, Maria é a nossa mãe, que está continuamente intercedendo por nós seus filhos. Se os santos podem interceder em nosso favor, com maior razão a Virgem Maria, mãe de Deus e nossa mãe!".
Já no Evangelho, São João faz referência ao conhecido episódio das Bodas em Caná da Galiléia, quando falta vinho. "Quem dá conta da situação de angústia dos noivos é Maria, e ela apenas diz a Jesus: 'Eles não têm mais vinho'. A resposta de Jesus parece de indiferença à preocupação de Maria. 'Mulher, porque me dizes isso a mim? Minha hora ainda não chegou'. […] Maria, porém, com plena confiança e esperança de que seu Filho haveria de resolver a situação, diz aos serventes: 'Fazei tudo o que vos disser'. Este primeiro milagre que se realizou, no inicio de sua vida pública, a pedido de Maria, é o anúncio simbólico da hora de Jesus, da manifestação da sua glória e os seus discípulos creram nele".
A Missa Solene contou com a presença de diversas autoridades civis e religiosas, com destaque para a senhora Immaculèe Ilibagiza, que sobreviveu, miraculosamente, ao genocídio ocorrido em Ruanda, em 1994. Emigrou para os Estados Unidos e trabalhou nas Nações Unidas (ONU). Mãe de dois filhos, atualmente dedica-se à Fundação que leva o seu nome e busca ajudar outros sobreviventes a se recuperarem dos efeitos traumáticos produzidos pela guerra.
"Sua sobrevivência é obra da divina providência que preservou sua vida para que pudesse contar sua história e os horrores da guerra e lutar por um mundo mais justo, sem discriminação, sem ódio, sem violência, no qual todos possam viver como filhos de Deus e irmãos uns dos outros. Seja bem-vinda, senhora Immaculèe Ilibagiza, e que Nossa Senhora Aparecida proteja a senhora, sua família e o seu trabalho pela paz", disse Dom Damasceno.
Assista à homilia na íntegra