CATEQUESE

Um clamor nunca é ignorado se for entregue a Deus, afirma Papa

Na Audiência Geral, Leão XIV refletiu sobre a morte de Jesus na cruz e destacou como seu grito ao entregar a vida expressa amor, confiança e esperança

Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV durante “giro do papamóvel” em meio aos fiéis na Praça São Pedro / Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

A morte de Jesus na cruz foi o tema central da catequese do Papa Leão XIV na Audiência Geral desta quarta-feira, 10. Meditando sobre o grito de Cristo ao entregar a vida nas mãos do Pai, o Pontífice prosseguiu com a etapa de reflexões sobre a Páscoa de Jesus.

Diante dos fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Santo Padre iniciou sua fala destacando que Jesus não morre em silêncio, como uma luz que se consome lentamente. Ele entrega a vida com um forte grito, que expressa dor, abandono, fé e oferenda. “Não é apenas a voz de um corpo que cede, mas o último sinal de uma vida que se entrega”, pontuou Leão XIV.

Ele observou que este grito dado por Jesus é precedido de uma pergunta: “meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”. Segundo o Papa, não se trata de uma crise de fé ou um ato de desespero, mas é a etapa final de um amor que se entrega por inteiro, com sinceridade, verdade e confiança mesmo em meio ao silêncio.

“Quando o coração está cheio, clama”

Para o Pontífice, este gesto reforça que “Deus já não habita atrás de um véu, agora o seu rosto é plenamente visível no Crucificado. É ali, naquele homem angustiado, que se manifesta o maior amor”. O Santo Padre também destacou a reação de um centurião, pagão, que reconheceu: “verdadeiramente este homem era Filho de Deus”.

“É a primeira profissão de fé depois da morte de Jesus. É o fruto de um brado que não se dispersou no vento, mas tocou um coração. Às vezes, o que não conseguimos proferir com palavras, expressamos com a voz. Quando o coração está cheio, clama. E isto nem sempre constitui um sinal de fraqueza, mas pode ser um ato profundo de humanidade”, declarou Leão XIV.

O Papa sublinhou que, na contramão do que o mundo costuma pensar do ato de gritar, o Evangelho dá ao clamor um imenso valor. Ele pode ser uma invocação, um protesto, um desejo, uma entrega ou até mesmo a forma suprema da oração, quando já não restam mais palavras. “Naquele clamor, Jesus colocou tudo o que lhe restava: todo o seu amor, toda a sua esperança”, afirmou o Pontífice.

“Grita-se quando se acredita que alguém ainda pode ouvir. Grita-se não por desespero, mas por desejo”, salientou o Santo Padre. “Jesus não gritou contra o Pai, mas para Ele. Até no silêncio, estava convencido de que o Pai se encontrava presente. E assim, mostrou-nos que a nossa esperança pode gritar, até quando tudo parece perdido”, acrescentou.

Brado da esperança

Diante disso, Leão XIV indicou que gritar torna-se um gesto espiritual. Mais do que o primeiro ato de um ser humano ao nascer, é uma forma de manter-se vivo. “Grita-se quando se sofre, mas também quando se ama, quando se chama, quando se invoca. Gritar é dizer que estamos presentes, que não queremos apagar-nos no silêncio, que ainda temos algo a oferecer”, refletiu.

O Papa também recordou que existem momentos na vida em que guardar tudo dentro de si pode lentamente consumir a pessoa. “Jesus ensina-nos a não ter medo do grito, desde que seja sincero, humilde, orientado para o Pai. Quando nasce do amor, o brado nunca é inútil. E nunca é ignorado, se for oferecido a Deus.”, apontou.

Por fim, o Pontífice convidou todos a aprenderem, com Jesus, o “grito da esperança” quando chegar a hora da provação. “Se o nosso brado for verdadeiro, poderá ser o limiar de uma nova luz, de um novo nascimento. (…) Se for manifestada com a confiança e a liberdade dos filhos de Deus, a voz sofrida da nossa humanidade, unida à voz de Cristo, pode tornar-se nascente de esperança, para nós e para quantos estiverem ao nosso lado”, concluiu.

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