Leão XIV recebeu em audiência os participantes de um seminário sobre ética na gestão de empresas do setor sanitário, que acontece em Roma até sexta, 21
Da Redação, com Vatican News

Foto: Tom Claes na Unsplash
Em discurso nesta segunda-feira, 17, na Sala Clementina do Palácio Apostólico, o Papa Leão XIV reiterou as possíveis consequências negativas do uso da Inteligência Artificial (IA) aos participantes do Seminário “Ética na gestão das empresas do setor sanitário”. O evento (cujo diretor é o agostiniano Alberto Bochatey, bispo auxiliar de La Plata, na Argentina) é promovido pela Pontifícia Academia para a Vida, em Roma. Os trabalhos serão desenvolvido no Pontifício Instituto Patrístico Augustinianum até a próxima sexta-feira, 21, para promover um diálogo sobre a ética na saúde, a Inteligência Artificial e também as inovações tecnológicas e digitais.
Como já constava na mensagem enviada ao congresso internacional “Inteligência Artificial e Medicina: o desafio da dignidade humana”, organizado pela mesma Pontifícia Academia, o Santo Padre destacou os perigos do progresso tecnológico e a possibilidade de que “a percepção” da realidade social e do doente possa ser distorcida, “criando uma situação de injustiça na gestão dos recursos necessários à correta administração da saúde”.
“Se, como indivíduos e como sociedade, somos chamados a defender ativamente a dignidade inequívoca de cada ser humano, em todas as etapas e facetas da sua existência, infelizmente, isso nem sempre corresponde à realidade. Ferramentas tão eficazes como a inteligência artificial podem ser manipuladas, treinadas e orientadas para que, por motivos de oportunidade ou interesse, sejam eles econômicos, políticos ou de outra natureza, se gere esse preconceito, às vezes imperceptível, na informação, na gestão e na forma como nos apresentamos ou nos aproximamos do outro.”
Mudar o olhar
Existe o risco de que “as pessoas” sejam classificadas “com base nos tratamentos necessários e no seu custo, na natureza das suas doenças”, advertiu o Pontífice, temendo que os indivíduos possam ser transformados “em objetos, em dados, em estatísticas”.
“Penso que a maneira de evitar isso consiste em mudar o nosso olhar, em perceber o valor do bem com uma visão ampla, em olhar, se me permitem, como Deus olha, para não nos concentrarmos no lucro imediato, mas no que será melhor para todos, sabendo ser pacientes, generosos e solidários, criando laços e construindo pontes, para trabalhar em rede, para otimizar os recursos, para que todos possam se sentir protagonistas e beneficiários do trabalho comum”, frisou.
Reconhecer a dignidade do ser humano
Leão sublinhou que é Deus que ensina a não separar esse olhar “da relação humana, do carinho, do reconhecimento da pessoa concreta, em sua fragilidade e dignidade”. Trata-se de “uma visão profunda”, “que chega ao coração do outro e dilata o nosso”, concluiu Leão XIV, que considera essa maneira global de ver as coisas “o melhor antídoto” para que as “estruturas administrativas não percam de vista” o bem a ser preservado.




