Em mensagem ao 46º Encontro pela Amizade entre os Povos em Rimini, Leão XIV exorta atuação católica no acolhimento aos excluídos pela sociedade
Da Redação, com Vatican News

Fotos: hadynyah de Getty Images | Yara Nardi/Reuters
O Papa Leão XIV enviou uma mensagem aos participantes do 46º Encontro pela Amizade entre os Povos que acontecerá em Rimini entre os dias 22 e 27 de agosto. O texto é assinado pelo secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, e foi divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé nesta quinta-feira, 21.
Segundo o Pontífice, o tema desta edição, “Nos lugares desertos construiremos com tijolos novos”, é um convite à esperança. Apesar de ser, em geral, um local descartado e considerado impróprio para a vida, é justamente no deserto que nasce o povo de Deus: na caminhada por sua aspereza amadurece a escolha da liberdade, e o Senhor o faz florescer como um jardim de esperança.
O Santo Padre destacou uma das exposições do encontro, dedicada ao testemunho dos mártires da Argélia. Neles, sublinhou, resplandece a vocação da Igreja de habitar o deserto em profunda comunhão com toda a humanidade. Essa é uma forma de superar os muros de desconfiança que opõem as religiões e as culturas.
Quanto aos novos tijolos, serão preparados pelos diálogos entre católicos e com crentes de outras confissões e não crentes. A partir disso será construído o futuro que Deus já tem reservado para todos, mas só se revela quando há mútuo acolhimento.
Neste contexto, Leão XIV afirmou que as comunidades religiosas e a sociedade civil devem deixar-se “levar ao deserto”. O intuito é ver o que pode nascer de tanta dor inocente e dar nome e forma ao novo, a fim de que a fé, a esperança e a caridade se traduzam em uma grande conversão cultural.
Presença desarmada e desarmante
Na mensagem é citada “a opção pelos pobres” como categoria teológica da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, publicada pelo Papa Francisco em 2013. Segundo o Santo Padre, Deus “escolheu os humildes”, “os sem poder” e “Se fez um deles, para escrever em nossa história a Sua história”.
“Sem as vítimas da história, sem os famintos e sedentos de justiça, sem os pacificadores, sem as viúvas e os órfãos, sem os jovens e os idosos, sem os migrantes e os refugiados, sem o clamor de toda a criação não teremos tijolos novos”, pontuou Leão XIV. E acrescentou: “Negar as vozes dos outros e renunciar à compreensão mútua são experiências fracassadas e desumanizantes”.
Portanto, a presença dos cristãos nas sociedades contemporâneas, “desarmada e desarmante”, deve traduzir o Evangelho do Reino “em formas alternativas de desenvolvimento aos caminhos de crescimento sem equidade e sustentabilidade”, sinalizou Leão XIV.
Para servir ao Deus vivo, prosseguiu o Pontífice, é preciso abandonar “a idolatria do lucro que comprometeu gravemente a justiça, a liberdade de encontro e de intercâmbio, a participação de todos no bem comum e, finalmente, a paz”. Uma fé que se estranha da desertificação do mundo ou que, indiretamente, contribui para tolerá-la, não segue Cristo, concluiu.