Catequese

Papa: mesmo no nosso fracasso, Deus não desiste de nós

Na Catequese, Leão XIV afirmou que a ressurreição de Jesus é um testemunho maravilhoso de como o amor é capaz de ressurgir após uma grande derrota

Da Redação, com Vatican News

Papa acenando para os fiéis reunidos na Praça São Pedro para a Catequese desta quarta-feira, 1º de outubro /Foto: REUTERS/Remo Casilli

“O centro da nossa fé e o coração da nossa esperança estão profundamente enraizados na ressurreição de Cristo”. Com estas palavras o Papa Leão XVI iniciou sua Catequese na Audiência Geral, desta quarta-feira, 1°, realizada na Praça São Pedro. Segundo o Papa, a ressurreição de Jesus não é um “triunfo retumbante”, nem é uma “vingança” ou uma “desforra” contra os seus inimigos. “É um testemunho maravilhoso de como o amor é capaz de ressurgir após uma grande derrota para continuar a sua viagem imparável”.

“Quando recuperamos de um trauma causado por outros, a nossa primeira reação é, normalmente, a raiva, o desejo de fazer alguém pagar pelo que sofremos. O Ressuscitado não reage assim. Tendo emergido das profundezas da morte, Jesus não se vinga. Não retribui com gestos de poder, mas com mansidão manifesta a alegria de um amor maior do que qualquer ferida e mais forte do que qualquer traição”, disse o Santo Padre.

Leão XIV frisou que o Ressuscitado não sente necessidade de reiterar ou afirmar a sua superioridade. Ele aparece aos seus amigos — os discípulos — com extrema discrição, sem forçar a sua capacidade de o acolher. O Papa afirma que o único desejo de Jesus é regressar à comunhão com seus amigos, para ajudá-los a superar o sentimento de culpa. É possível notar isso no Cenáculo, onde o Senhor aparece aos seus discípulos, que estão aprisionados pelo medo.

Paz em meio ao medo

O Pontífice sublinhou que este é um momento que expressa uma força extraordinária: Jesus, depois de descer às profundezas da morte para libertar os que ali estavam presos, entra no quarto fechado dos paralisados ​​pelo medo, trazendo um dom que ninguém ousaria esperar: a paz.

“A sua saudação é simples, quase comum: ‘A paz esteja convosco!’. Jesus mostra aos discípulos as mãos e o lado, marcados pelas marcas da sua paixão”, ou seja, “as feridas” que “não servem para repreender, mas para confirmar um amor mais forte do que qualquer infidelidade. São a prova de que no momento do nosso fracasso, Deus não recuou. Ele não desistiu de nós”. “O Senhor mostra-se nu e desarmado. Não exige, não chantageia. O seu é um amor que não humilha; é a paz de quem sofreu por amor e agora pode finalmente dizer que valeu a pena”, enfatizou o Santo Padre.

No entanto, Leão XIV alertou para as muitas vezes em que homens e mulheres mascararam as suas feridas por orgulho ou medo de parecerem fracos. “Dizemos: ‘não faz mal’, ‘já passou’, mas não estamos verdadeiramente em paz com as traições que nos feriram. Por vezes, preferimos esconder a nossa luta para perdoar para não parecermos vulneráveis ​​e corrermos o risco de sofrer ainda mais. Jesus não faz isso. Ele oferece as suas chagas como garantia de perdão. E mostra que a Ressurreição não é o apagamento do passado, mas a sua transfiguração em esperança de misericórdia”.

Instrumentos de reconciliação no mundo

“Tal como o Pai me enviou, também Eu vos envio”. Com estas palavras, o Papa afirmou que Jesus confiou aos apóstolos uma tarefa que não é tanto um poder, mas uma responsabilidade: serem instrumentos de reconciliação no mundo.

O Pontífice frisou também que Jesus soprou sobre eles e deu-lhes o Espírito Santo. “É o mesmo Espírito que o sustentou na sua obediência ao Pai e no seu amor até à cruz. A partir desse momento, os apóstolos não podem mais calar-se sobre o que viram e ouviram: que Deus perdoa, ressuscita e restaura a confiança”, disse.

De acordo com o Santo Padre, este é o cerne da missão da Igreja: não exercer poder sobre os outros, mas comunicar a alegria daqueles que foram amados precisamente quando não o mereciam. É a força que deu origem e crescimento à comunidade cristã: homens e mulheres que descobriram a beleza de regressar à vida para a dar aos outros.

Por fim, Leão XIV sublinhou que, hoje, todos também são “enviados” e convidados a não ter medo de mostrar suas feridas, “curadas pela misericórdia”, e a não ter medo de se aproximar daqueles que estão presos no medo ou na culpa. “Que o sopro do Espírito nos torne também testemunhas dessa paz e desse amor, mais fortes do que qualquer derrota”, concluiu.

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