Carta apostólica

Papa: educar é promover dignidade e confiança num mundo em conflito

Vaticano publicou hoje a carta apostólica “Desenhar novos mapas de esperança”; Leão XIV reitera a necessidade da formação integral da pessoa

Da Redação, com Vatican News

Papa mostra a carta apostólica durante assinatura na tarde de ontem / Foto: Filippo Monteforte / AFP

“Desenhar novos mapas de esperança” é o título da carta apostólica do Papa Leão XIV publicada nesta terça-feira, 28. O documento assinado ontem pelo Pontífice é divulgado hoje por ocasião do 60º aniversário da Declaração Conciliar Gravissimum Educationis, sobre a educação cristã. Segundo Leão XIV, esta declaração é um texto que não perdeu sua força e mostra resiliência, frente ao atual ambiente educacional complexo

Como a educação cristã é interpelada diante da realidade de milhões crianças em todo o mundo ainda sem acesso à educação primária? E tendo em vista as dramáticas emergências educacionais causadas por guerras, migrações, desigualdades e diversas formas de pobreza? Estas são algumas das questões abordadas por Leão XIV em sua carta apostólica.

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.: Íntegra da Carta Apostólica “Desenhar novos mapas de esperança”

Carismas educativos não são fórmulas rígidas

No documento, Leão XIV convida a usar sempre os carismas educativos como resposta “original” às necessidades de cada época. Citando Santo Agostinho, o Pontífice menciona a contribuição que amadureceu neste campo ao longo dos séculos: do Monaquismo, capaz de levar adiante esta tradição mesmo nos lugares mais remotos, à obra das Ordens Mendicantes e à Ratio Studiorum, que fundiu as vertentes da escolástica e da espiritualidade inaciana. Recorda, em seguida, a experiência de São José de Calasanz com as escolas gratuitas para os pobres; a de São João Batista de La Salle, com a sua atenção aos filhos dos camponeses e dos operários, aos quais se dedicariam os Irmãos das Escolas Cristãs; e, ainda, o compromisso de São Marcelino Champagnat com a superação de toda discriminação na educação; e o compromisso histórico de São João Bosco com seu “método preventivo”.

O Papa não deixa de mencionar a coragem de muitas mulheres que, ele lembra, abriram portas para meninas, migrantes e os últimos: Vicenza Maria López y Vicuña, Francesca Cabrini, Giuseppina Bakhita, Maria Montessori, Katharine Drexel e Elizabeth Ann Seton.

A educação cristã é um trabalho conjunto

O Papa faz questão de enfatizar a importância do “nós”, reiterando que “ninguém educa sozinho”. Na comunidade educativa, o professor, o aluno, a família, quem trabalha na administração e serviço geral, pastores e sociedade civil convergem para gerar vida.

O Pontífice destaca a vitalidade que precisa ser fomentada nos ambientes educativos e afirma que é preciso sair do superficial, recuperando uma visão empática e aberta. “O desejo e o coração não devem ser separados do conhecimento: isso significaria quebrar a pessoa. A universidade e a escola católica são lugares onde as perguntas não são silenciadas e a dúvida não é banida, mas sim acompanhada.”

Educar é uma tarefa de amor, recorda o Sucessor de Pedro, falando do ensino como “uma profissão de promessas”, pois promete tempo, confiança, competência, justiça, misericórdia, a coragem da verdade e o bálsamo da consolação.

A pessoa não pode ser reduzida a um algoritmo

Em sua Carta Apostólica, Leão XIV reitera o conceito central contido no documento conciliar, que alerta contra toda redução da educação a “treinamento funcional ou instrumento econômico”. Ele reitera que “uma pessoa não é um ‘perfil de competências’, não se reduz a um algoritmo previsível, mas um rosto, uma história, uma vocação”. “A educação não mede seu valor apenas pelo eixo da eficiência: ela o mede pela dignidade, pela justiça e pela capacidade de servir ao bem comum.

Seguindo uma visão que não quer ser meramente nostálgica, mas uma profunda conexão com o presente, o texto do Papa Leão usa a metáfora das estrelas no firmamento para expressar que os princípios mencionados são “estrelas fixas” e “dizem que a verdade se busca em conjunto; que a liberdade não é um capricho, mas uma resposta; que a autoridade não é dominação, mas serviço”. Daí a reafirmação de não construir muros, de educar para o mundo e para a concórdia entre indivíduos e povos.

“A educação católica tem a tarefa de reconstruir a confiança num mundo marcado por conflitos e pelo medo, lembrando que somos filhos, não órfãos: dessa consciência nasce a fraternidade.”

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