Presente da esperança

Papa aos jovens: sejam sementes de paz onde cresce o ódio

Leão XIV se encontrou hoje com membros do Conselho dos Jovens do Mediterrâneo, encorajando-os na missão de promover a convivência pacífica entre os povos

Da Redação, com Vatican News

Papa saúda jovens no encontro desta manhã / Foto: Vatican Media/CPPIPA/Sipa USA via Reuters

Palavras de encorajamento e de força para a missão marcaram o encontro do Papa Leão XIV com um grupo de jovens nesta sexta-feira, 5, no Vaticano. O Pontífice recebeu em audiência cerca de 40 membros do Conselho dos Jovens do Mediterrâneo, que reúne jovens de diferentes países, línguas e culturas em prol da convivência pacífica entre os povos, especialmente os que habitam a região.

O grupo estava acompanhado pelo secretário-geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI), Dom Giuseppe Andrea Salvatore Baturi, arcebispo de Cagliari. O Conselho é um dos frutos do percurso de reflexão e espiritualidade promovido pela CEI, que teve dois momentos-chave: o de Bari, em 2020, e o de Florença, em 2022.

“Estes eventos reuniram os bispos de alguns países da região mediterrânea, na consciência de que o mare nostrum pode e deve ser um lugar de encontro, espaço de fraternidade e berço de vida, não um túmulo para os mortos. Espero que estas experiências promovidas pelas Igrejas na Itália possam continuar como sinais de esperança”, sublinhou o Papa.

Leão XIV agradeceu aos jovens pelos projetos que realizam em suas comunidades e no âmbito europeu, em diálogo com instituições eclesiais e políticas. Segundo o Pontífice, isso é “uma demonstração de que o diálogo é possível, que as diferenças são fonte de riqueza e não motivo de oposição, que o outro é sempre um irmão e nunca um estranho ou, pior ainda, um inimigo”.

Os jovens são o presente da esperança

Em uma época dilacerada por conflitos e violência, Leão XIV enfatizou que os jovens não devem desanimar. Eles podem dar uma contribuição fundamental com os seus sonhos e a sua criatividade. “Hoje, e não amanhã! Porque vocês são o presente da esperança!”

De acordo com o Papa, o Conselho dos Jovens do Mediterrâneo constitui uma obra e um sinal. A obra é aquela que o Papa Francisco confiou às Igrejas do Mediterrâneo para reconstruírem os laços, levantar as cidades destruídas pela violência e incutir esperança em quem a perdeu.

“O sinal, queridos amigos, são vocês”, disse o Papa. “Sinal de uma geração que não aceita acriticamente o que acontece, que não se vira para o outro lado, que não espera que seja o outro que dê o primeiro passo; sinal de uma juventude que imagina um futuro melhor e que escolheu construí-lo; sinal de um mundo que não se rende à indiferença e ao habitual, mas compromete-se e trabalha para transformar o mal em bem”, sublinhou.

O Pontífice observou ainda que a paz está sobre a mesa dos líderes das nações e é discutida globalmente, mas infelizmente muitas vezes é reduzida a um slogan. “Ao invés disso, precisamos cultivar a paz nos nossos corações e nas nossas relações, fazê-la florescer nos gestos quotidianos, ser promotores de reconciliação nas nossas casas, nas comunidades, nos ambientes de estudo e de trabalho, na Igreja e entre as Igrejas.”

“Jovens, sejam sinais de esperança!”

O Papa exortou os jovens a continuarem sendo “sinais de esperança, aquela que, enraizada no amor de Cristo, não engana”. “Ser sinais de Cristo significa ser suas testemunhas, anunciadores do seu Evangelho”, disse ainda Leão XIV. Ele recordou que o patrimônio de espiritualidade das grandes tradições religiosas nascidas no Mediterrâneo pode continuar sendo fermento vivo nesta área e além dela, fonte de paz, de abertura ao outro, de cuidado pela criação e de fraternidade.

“Essas mesmas religiões foram e, por vezes, ainda são instrumentalizadas para justificar a violência e a luta armada: devemos refutar com a nossa vida essas formas de blasfêmia, que obscurecem o Santo Nome de Deus. Por isso, juntos com a ação, cultivem a oração e a espiritualidade como fontes de paz e linguagens de encontro entre tradições e culturas.”

Leão XIV concluiu seu discurso com um encorajamento aos jovens. “Não tenham medo”, disse. “Sejam sementes de paz ali onde cresce a semente do ódio e do ressentimento; sejam tecelões de unidade ali onde prevalecem a polarização e a inimizade; sejam voz de quem não tem voz para pedir justiça e dignidade; sejam sal e luz ali onde se está extinguindo a chama da fé e o sabor da vida. Não desistam se alguém não os compreende”, concluiu.

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