Mensagem para JMJ 2025

Papa aos jovens: não sigam quem usa palavras da fé para dividir

Na mensagem para a Jornada Mundial da Juventude 2025, Papa destaca dois aspectos do testemunho cristão: amizade com Jesus e empenho na construção da paz

Da redação, com Boletim da Santa Sé

Papa caminha segurando a cruz antes da Vigília de Oração em Tor Vergata, durante o Jubileu dos Jovens / Foto: ALESSIA GIULIANIIPA – Sipa USA via Reuters Connect

“Vós também haveis de dar testemunho, porque estais comigo” (Jo 15,27) é o tema da mensagem para a Jornada Mundial da Juventude, que será celebrada em 23 de novembro, em âmbito diocesano.

O Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé publicou nesta terça-feira, 7, a íntegra da mensagem do Papa Leão XIV para a data. Esta é a primeira mensagem do Santo Padre dirigida aos jovens. Ele começa agradecendo-os pela alegria que transmitiram ao estarem em Roma para o seu Jubileu, entre os dias 28 de julho e 3 de agosto.

“Foi um evento precioso para renovar o entusiasmo da fé e partilhar a esperança que arde nos nossos corações! Por isso, façamos com que o encontro jubilar não seja um momento isolado, mas assinale, em cada um de vós, um passo em frente na vida cristã e um forte encorajamento a perseverar no testemunho da fé”, disse o Papa.

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No texto, o Pontífice motivou os jovens a, “com a força do Espírito Santo” serem “testemunhas corajosas de Cristo”, e iniciarem, a partir de agora, um caminho até a Jornada Mundial de 2027, em Seul. Nessa perspectiva, Leão XIV se deteve em dois aspectos do testemunho: a amizade com Jesus e o empenho de cada um como construtores da paz.

Amigos, portanto testemunhas

“O testemunho cristão nasce da amizade com o Senhor, crucificado e ressuscitado para a salvação de todos. Não se confunde com uma propaganda ideológica, mas é um verdadeiro princípio de transformação interior e de sensibilização social”, enfatizou o Papa.

Ele explicou que Jesus quis chamar “amigos” aos discípulos a quem deu a conhecer o Reino de Deus e a quem pediu que ficassem com Ele, para formar a sua comunidade e para os enviar a proclamar o Evangelho (cf. Jo 15, 15.27).

“Quando Jesus nos diz ‘Dai testemunho’, está a assegurar-nos que nos considera seus amigos. Só Ele conhece plenamente quem somos e por que estamos aqui: conhece o coração de cada um de vós, jovens, a vossa indignação diante de discriminações e injustiças, o vosso desejo de verdade e beleza, de alegria e paz; com a sua amizade, Ele escuta-vos, motiva-vos e guia-vos, chamando cada um de vós a uma vida nova”.

O Papa destacou que Jesus “não nos quer como servos, nem como ‘militantes’ de um partido, chama-nos a estar com Ele como amigos, para que a nossa vida seja renovada”.

“O testemunho deriva espontaneamente da alegre novidade desta amizade. É uma amizade única, que nos dá a comunhão com Deus; uma amizade fiel, que nos faz descobrir a nossa própria dignidade e a dos outros; uma amizade eterna, que nem mesmo a morte pode destruir, porque tem a sua origem no Crucificado ressuscitado”.

O Papa destaca como exemplo o testemunho do apóstolo São João, que nasce do relacionamento pessoal com Jesus. “Eis o que verdadeiramente importa para João: ser discípulo do Senhor e sentir-se amado por Ele. Compreendemos, então, que o testemunho cristão é fruto da relação de fé e amor com Jesus, em quem encontramos a salvação da nossa vida”.

Outro exemplo destacado pelo Pontífice é de São João Batista, que apesar de ter grande fama entre o povo, sabia bem que era apenas uma “voz” que indicava o Salvador. “A verdadeira testemunha é humilde e interiormente livre, em primeiro lugar em relação a si mesmo, ou seja, da pretensão de estar no centro das atenções. Por isso, é livre para escutar, interpretar e também dizer a verdade diante de todos, mesmo dos poderosos”.

Testemunhas, portanto missionários

Leão XIV ressaltou aos jovens, que com a ajuda do Espírito Santo, eles podem tornar-se missionários de Cristo no mundo. “Vós mesmos podeis colocar-vos ao lado de outros jovens, caminhar com eles e mostrar que Deus, em Jesus, se aproximou de cada pessoa”.

O Pontífice recordou que nem sempre é facil dar testemunho e no próprio Evangelho é possível encontrar frequentemente a “tensão entre o acolhimento e a rejeição de Jesus” (cf. Jo 1,5 e Jo 15,20). No entanto, a rejeição torna-se uma ocasião para colocar em prática o maior mandamento: “‘Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem’ (Mt 5, 44). Foi o que fizeram os mártires desde o início da Igreja”, disse.

Essa realidade acontece ainda hoje, indicou o Papa, e citou o conselho do Apóstolo São Paulo: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12, 21).

“Não vos deixeis desanimar: como os santos, também vós sois chamados a perseverar com esperança, sobretudo diante das dificuldades e dos obstáculos”, afirmou o Papa.

A fraternidade, como vínculo de paz

O Santo Padre explicou que é da amizade com Cristo que nasce um modo de viver que traz consigo o caráter da fraternidade.

“Um jovem que encontrou Cristo leva para todo o lado o ‘calor’ e o ‘sabor’ da fraternidade, e quem entra em contato com ele ou com ela é atraído para uma dimensão nova e profunda, feita de proximidade desinteressada, de compaixão sincera e de ternura fiel. O Espírito Santo faz-nos ver o próximo com olhos novos: no outro está um irmão, uma irmã!”, indicou.

O Papa disse ainda que esse testemunho de fraternidade e paz tira a pessoa da indiferença e preguiça espiritual, fazendo-a ultrapassar o fechamento e a suspeita. Além disso, promove a unidade e um empenho conjunto para construir novas condições de vida para todos.

“Não sigais aqueles que usam as palavras da fé para dividir! Em vez disso, organizai-vos para eliminar as desigualdades e reconciliar comunidades polarizadas e oprimidas. Portanto, queridos amigos, escutemos a voz de Deus em nós e vençamos o nosso egoísmo, tornando-nos operosos artesãos da paz”.

A mensagem finaliza com o pedido do Papa aos jovens, para que, diante dos sofrimentos e das esperanças do mundo, fixem o olhar em Jesus. E com o convite a cultivarem um vínculo com a Virgem Maria, de forma particular com a oração do Rosário.

“Assim, em todas as situações da vida, experimentaremos que nunca estamos sozinhos, mas somos sempre filhos amados, perdoados e encorajados por Deus. Dai testemunho de tudo isto com alegria!”, concluiu. 

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