TESTEMUNHOS DE FÉ

Mártires testemunham que unidade vem da Cruz do Senhor, frisa Papa

Leão XIV presidiu celebração ecumênica em memória dos mártires do século XXI; em sua homilia, destacou esperança e alertou para aumento da perseguição aos cristãos

Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV durante sua homilia / Foto: REUTERS/Vincenzo Livieri

Na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, o Papa Leão XIV presidiu uma celebração ecumênica em memória aos mártires e testemunhas da fé do século XXI. Representantes das Igrejas Ortodoxas, Antigas Igrejas Orientais, comunhões cristãs e organizações ecumênicas estiveram entre os presentes na liturgia permeada pela imagem das bem-aventuranças descritas por Jesus no Sermão da Montanha (Mt 5,1-12).

Após saudá-los, o Pontífice apontou, no início de sua homilia, o martírio é a comunhão mais verdadeira que possa existir com Jesus. Recordando as palavras de São João Paulo II sobre os mártires do século XX, o Santo Padre citou que também hoje se pode afirmar: “onde o ódio parecia permear todos os aspectos da vida, estes audaciosos servos do Evangelho e mártires da fé demonstraram de forma evidente que o amor é mais forte que a morte”.

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Leão XIV convidou os presentes a fazerem memória destes testemunhos da fé à luz do Cristo Crucificado. “Com a sua cruz, Jesus revelou-nos o verdadeiro rosto de Deus, a sua infinita compaixão pela humanidade; tomou sobre si o ódio e a violência do mundo, para compartilhar o destino de todos aqueles que são humilhados e oprimidos”, afirmou.

Esperança cheia de imortalidade

O Papa observou que, ainda hoje, muitos cristãos são perseguidos, condenados e mortos por causa do seu testemunho de fé em contextos hostis. Neste contexto, citou as palavras de Jesus no Sermão da Montanha: “felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa” (Mt 5,10-11).

“São mulheres e homens, religiosos e religiosas, leigos e sacerdotes, que pagam com a vida a fidelidade ao Evangelho, o compromisso com a justiça, a luta pela liberdade religiosa onde ela ainda é violada, a solidariedade com os mais pobres”, declarou o Pontífice. Eles podem parecer derrotados aos olhos do mundo, mas “a sua esperança estava cheia de imortalidade” (Sb 3,4).

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Citando o Ano Jubilar, o Santo Padre explicou que esta é uma esperança cheia de imortalidade, porque o martírio continua a difundir o Evangelho em um mundo marcado pelo ódio, pela violência e pela guerra. Apesar de terem sido mortos no corpo, ninguém poderá silenciar a voz dos mártires ou apagar o amor que deram, e o seu testemunho permanece como profecia da vitória do bem sobre o mal.

“Não queremos esquecer, queremos recordar”

Além disso, esta é uma “esperança desarmada”. “Eles testemunharam a fé sem nunca usar as armas da força e da violência, mas abraçando a força frágil e mansa do Evangelho”, salientou Leão XIV, recordando a irmã Dorothy Stang, o padre caldeu Ragheed Ganni e o irmão anglicano Francis Tofi.

O Papa comentou que os exemplos são muitos porque, infelizmente, apesar do fim das grandes ditaduras do século XX, ainda hoje não acabou a perseguição aos cristãos – pelo contrário, em algumas partes do mundo, aumentou. Para ele, estes servos do Evangelho e mártires da fé constituem um “afresco do Evangelho das Bem-Aventuranças”, vivido até o derramamento do sangue.

“Queridos irmãos e irmãs, não podemos, não queremos esquecer. Queremos recordar”, declarou o Pontífice. “Queremos preservar a memória juntamente com os nossos irmãos e irmãs das outras Igrejas e Comunidades cristãs. Desejo, portanto, reiterar o compromisso da Igreja Católica em guardar a memória dos testemunhos da fé de todas as tradições cristãs. A Comissão para os Novos Mártires, junto ao Dicastério para as Causas dos Santos, cumpre essa tarefa, colaborando com o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos”, observou.

“A unidade vem da Cruz do Senhor”

O Santo Padre recordou o Sínodo sobre a Sinodalidade, encerrado em outubro de 2024 e que reconheceu que o ecumenismo do sangue une os cristãos de diferentes filiações que, juntos, dão a vida pela fé em Jesus Cristo. “O testemunho do seu martírio é mais eloquente do que quaisquer palavras: a unidade vem da Cruz do Senhor”, indicou.

“Que o sangue de tantos testemunhos aproxime o dia abençoado em que beberemos do mesmo cálice da salvação”, expressou Leão XIV. Ao encerrar sua fala, recordou o pequeno paquistanês Abish Masih, morto em um atentado contra uma igreja católica e que havia escrito em seu caderno: “tornar o mundo um lugar melhor”. “Que o sonho desta criança nos incentive a testemunhar com coragem a nossa fé, para sermos juntos fermento de uma humanidade pacífica e fraterna”, concluiu.

A liturgia prosseguiu com momentos de reflexão e apresentação de testemunhos, juntamente à meditação das bem-aventuranças. Ao final da celebração, o Papa concedeu a bênção apostólica a todos os presentes.

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