Na sua primeira Audiência Geral, Papa Leão XIV retomou o ciclo de catequeses sobre as parábolas, proposto por seu antecessor Francisco
Da redação, com Vatican News

Papa durante a sua primeira Catequese /Foto: REUTERS Guglielmo Mangiapane
“Estou feliz em receber vocês nesta minha primeira Audiência Geral”. Foram as primeiras palavras do Papa Leão XIV, logo no início da Catequese desta quarta-feira, 21, a sua primeira desde que foi eleito Sumo Pontífice. A Audiência Geral contou com a presença de 40 mil fiéis na Praça São Pedro.
A Catequese de hoje é a segunda do ciclo de catequeses jubilares – iniciada pelo Papa Francisco. O predecessor de Leão XIV tinha o desejo de “refletir sobre algumas parábolas” e o novo Papa retomou o tema “Jesus Cristo, nossa esperança”, escolhido por Bergoglio para este Ano Santo do Jubileu.
A parábola do semeador (ver Mt 13,1-17) foi meditada por Leão XIV. O texto simbólico fala da dinâmica e dos efeitos da Palavra de Deus, “e o que ela produz”, que é como semente deitada no terreno do coração e no terreno do mundo.
Amor não pode ser calculado
Leão XIV afirmou que cada parábola conta uma história retirada do cotidiano, provocando nos ouvintes questionamentos como: “Onde estou eu nesta história? O que diz esta imagem à minha vida?”. Ele afirmou então que cada palavra do Evangelho é como uma semente lançada no solo da vida.
“No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, a parábola do semeador introduz uma série de outras pequenas parábolas, algumas das quais falam precisamente do que acontece no solo: o trigo e o joio, o grão de mostarda, o tesouro escondido no campo. Então, o que é este solo? É o nosso coração, mas é também o mundo, a comunidade, a Igreja. A Palavra de Deus, com efeito, fecunda e provoca toda a realidade”, enfatizou.
Deus, explicou o Pontífice, espalha abundantemente a Palavra, ainda que ela nem sempre encontre terreno bom para produzir. “A Palavra de Jesus é para todos, mas atua de uma forma diferente em cada pessoa”, reforçou. “Estamos habituados a calcular as coisas – e às vezes é necessário –, mas isso não vale no amor!”.
A semente é sempre lançada
Apesar de atuar em cada pessoa de modo diverso, o Santo Padre destacou que a Palavra conserva sempre o poder de fecundar as situações da vida de cada um, pois vem de Deus e Ele nunca desiste.
“Jesus nos diz que Deus lança a semente da sua Palavra em todo o tipo de solo, ou seja, em qualquer das nossas situações: ora, somos mais superficiais e distraídos; ora, deixamo-nos levar pelo entusiasmo; ora, somos oprimidos pelas preocupações da vida. Mas também há momentos em que estamos disponíveis e acolhedores. Deus está confiante e espera que, mais cedo ou mais tarde, a semente floresça. Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua Palavra.”
Deus quem move a história
Leão XIV, então, convidou os peregrinos a analisar uma obra de Vincent van Gogh (1853-1890), a do Semeador no Pôr do Sol. O pintor holandês, mundialmente conhecido que chegou a produzir quase 900 telas em menos de 10 dias, pintou um agricultor, com o trigo já maduro e “sob o sol abrasador” que domina a cena de esperança.
É Deus “quem move a história, mesmo que por vezes pareça ausente ou distante. É o sol que aquece os torrões da terra e faz amadurecer a semente”, prosseguiu.
O Papa provocou os fiéis a refletirem: “Em que situação da vida nos chega hoje a Palavra de Deus?”. Por fim, Leão XIV os exortou a pedir ao Senhor a graça de acolher sempre esta semente que é a Sua Palavra. “E se percebermos que não somos solo fértil, não desanimemos, mas peçamos-Lhe que trabalhe mais em nós para nos tornarmos um solo melhor”.
Reportagem do vídeo acima de Danúbia Gleisser e Leonardo Vieira