Em mensagem sobre IA e medicina, Leão XIV afirmou que as tecnologias podem ser transformadoras e benéficas quando priorizam o ser humano e não ideologias
Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Leão XIV /Foto: Vatican Media/Mario Tomassetti
Os participantes do Congresso Internacional “IA e medicina: o desafio da dignidade humana”, da Pontifícia Academia para a Vida, receberam uma mensagem do Papa Leão XIV. O evento, iniciado nesta segunda-feira, 10, terá sua conclusão na quarta-feira, 12. No texto, o Santo Padre enfatizou o tema escolhido e destacou como a “revolução digital” tem desempenhado um papel central na atualidade, marcando até mesmo uma mudança de época, assim como foi com a Revolução Industrial.
Segundo o Pontífice, a tecnologia tem influenciado fortemente a maneira do homem pensar, alterando a compreensão das situações, a percepção de si e do outro. As máquinas têm sido vistas como interlocutores, tornando os homens quase como uma extensão delas, pontuou. Nesse sentido, o Papa afirmou que há um risco de muitos perderem de vista os rostos que os cercam e esquecerem de como reconhecer e valorizar tudo o que é verdadeiramente humano.
Dignidade humana e bem comum: prioridades
Os benefícios do desenvolvimento tecnológico não foram diminuídos por Leão XIV, que os definiu como “significativos”, particularmente nas áreas da medicina e da saúde. No entanto, para garantir o verdadeiro progresso, ele frisou ser imprescindível que a dignidade humana e o bem comum permaneçam sendo prioridades para todos: indivíduos e instituições públicas.
O Papa ressaltou ser fácil reconhecer o potencial destrutivo da tecnologia quando colocada a serviço de ideologias. Nesse sentido, indicou que os eventos históricos servem de alerta: os instrumentos à disposição hoje são ainda mais poderosos e podem produzir um efeito ainda mais devastador na vida de indivíduos e povos. No entanto, se bem aproveitados e colocados a serviço da humanidade, o Santo Padre frisou que as tecnologias podem ser transformadoras e benéficas.
Vocação dos profissionais da saúde
Deste ponto de vista, Leão XIV sublinhou que considera de grande importância a dedicação à exploração do potencial da Inteligência Artificial (IA) na medicina. Ele ressaltou que a fragilidade da condição humana se manifesta frequentemente no campo da saúde, mas nunca deve ser esquecida a “dignidade ontológica que pertence à pessoa enquanto tal, simplesmente por existir e ser desejada, criada e amada por Deus” (Declaração Dignitas Infinita, 7).
Por esta mesma razão, o Pontífice assegurou que “os profissionais da saúde têm a vocação e a responsabilidade de serem guardiões e servidores da vida humana”, especialmente nas suas fases mais vulneráveis (Nota Antiqua et Nova, 71). O mesmo se pode dizer daqueles que são responsáveis pela utilização da IA neste campo, observou. Segundo o Papa, quanto maior a fragilidade da vida humana, maior a nobreza exigida daqueles a quem é confiado o seu cuidado.
O objetivo de prestar cuidados aos indivíduos atesta a natureza insubstituível das relações humanas neste contexto, reiterou o Santo Padre. Para além da especialização, Leão XIV afirmou que os médicos precisam ter a capacidade de se comunicar e de estar próximos de quem sofre, não deixando que a tecnologia prejudique esta relação. Sendo assim, o Pontífice reforçou que a IA deve aprimorar tanto as relações interpessoais quanto os cuidados prestados.
Por fim, o Papa assegurou suas orações para que o congresso dê frutos abundantes para todos.




