Na Solenidade de Todos os Santos, Leão XIV exortou educadores a espalharem a esperança e inscreveu São John Henry Newman entre os Doutores da Igreja
Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV presidiu a celebração da Solenidade de Todos os Santos neste sábado, 1º / Foto: Reuters/Remo Casilli
O Papa Leão XIV celebrou neste sábado, 1º, a Solenidade de Todos os Santos. Durante a celebração da Missa na Praça São Pedro, o Pontífice inscreveu São John Henry Newman entre os Doutores da Igreja e o nomeou copadroeiro, com Santo Tomás de Aquino, de todos os agentes que participam no processo educativo.
Em sua homilia, o Santo Padre apresentou o novo Doutor da Igreja afirmando que a “imponente estatura cultural e espiritual de Newman servirá de inspiração para as novas gerações com o coração sedento de infinito”. Ele afirmou que a vida dos santos testemunha que é possível viver com paixão na complexidade do tempo presente sem deixar de lado o mandato apostólico.
Neste contexto, voltou-se aos educadores e às instituições educativas e indicou: “o Jubileu é uma peregrinação na esperança e todos vós, no vasto campo da educação, sabeis bem o quanto a esperança é uma semente indispensável! Quando penso nas escolas e nas universidades, penso nelas como laboratórios de profecia, onde a esperança é vivida e continuamente narrada e reproposta”.
Fazer circular no mundo a esperança
Na sequência, Leão XIV refletiu sobre o Evangelho do dia, cujo tema são as bem-aventuranças (Mt 5,1-12a). O Papa explicou que elas trazem consigo uma nova interpretação da realidade, sendo o caminho e a mensagem de Jesus Educador. “As bem-aventuranças não são um ensinamento entre tantos: são o ensinamento por excelência. Da mesma forma, o Senhor Jesus não é um entre tantos mestres, é o Mestre por excelência. Mais ainda, é o Educador por excelência”, afirmou.
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O Pontífice salientou que, ainda que os desafios atuais possam parecer grandes, não se deve deixar que o pessimismo vença. Citando o Papa Francisco, ele ressaltou a necessidade de trabalhar juntos para libertar a humanidade da escuridão do niilismo, apontando-o como a doença mais perigosa da cultura contemporânea, pois ameaça ‘anular’ a esperança.

O Papa Leão XIV inscreveu São John Henry Newman entre os Doutores da Igreja durante a celebração / Foto: Joyce Mesquita
O Santo Padre recordou um dos textos mais conhecidos de São John Henry Newman, intitulado “Luz terna, suave, leva-me mais longe”. Nele, o novo Doutor da Igreja expressa como, apesar dos pés vacilantes e da dificuldade em decifrar o horizonte, o homem ainda encontra Deus, que é luz terna e suave que o guia e conduz.
“É tarefa da educação oferecer esta Luz Terna àqueles que, de outra forma, poderiam permanecer aprisionados pelas particularmente insidiosas sombras do pessimismo e do medo”, reiterou Leão XIV. “Desarmemos as falsas razões da resignação e da impotência e façamos circular no mundo contemporâneo as grandes razões da esperança”, prosseguiu, “encorajo-vos a fazer das escolas, das universidades e de todas as realidades educativas, mesmo informais e de rua, limiares de uma civilização de diálogo e paz”.
Chamados por Deus
O Papa também citou outras palavras de São John Henry Newman: “Deus criou-me para lhe prestar um serviço específico. Confiou-me uma tarefa que não confiou a outros. Tenho uma missão: talvez não a chegue a conhecer nesta vida, mas ela ser-me-á revelada na vida futura”. Segundo o Pontífice, o santo canonizado em 2019 expressa, nessas palavras, o mistério da dignidade de cada pessoa humana e também o da variedade dos dons distribuídos por Deus.
“A vida ilumina-se não porque somos ricos, bonitos ou poderosos. Ela ilumina-se quando uma pessoa descobre dentro de si esta verdade: sou chamado por Deus, tenho uma vocação, tenho uma missão, a minha vida serve para algo maior que eu próprio”, salientou o Santo Padre.
Diante disso, Leão XIV enfatizou que a missão dos educadores é formar pessoas para que brilhem como astros em toda a sua dignidade. “Portanto, podemos afirmar que a educação, na perspectiva cristã, ajuda todos a tornarem-se santos. Nada menos do que isso”, concluiu.

Imagem de São John Henry Newman exposta na Basílica de São Pedro / Foto: Joyce Mesquita




