Encíclica tem como tema a validade permanente do Mandato Missionário
Da redação
A Carta Encíclica “Redemptoris Missio” do Papa João Paulo II completa, nesta terça-feira, 7, 31 anos de publicação. O texto, um dos muitos divulgados durante seu pontificado, é sobre a validade permanente do Mandato Missionário
O documento é dividido em oito capítulos que levam os respectivos nomes: “Jesus Cristo único salvador”, “O Reino de Deus”, “O Espírito Santo protagonista da missão”, “Os imensos horizontes da Missão Ad Gentes”, “Os caminhos da missão”, “Os responsáveis e os agentes da Pastoral Missionária”, “A cooperação na atividade missionária” e “A espiritualidade missionária”.
Papa João Paulo II afirma, em sua encíclica, que é tarefa fundamental da Igreja orientar a consciência e experiência da humanidade para o ministério de Cristo.
O Pontífice reforça então que o impulso missionário faz parte da natureza da vida cristã e inspira também o ecumenismo: ‘que todos sejam um (…) para que o mundo creia que Tu Me enviaste’ (Jo 17,21)”.
Somente em Cristo há salvação
A “Redemptoris Missio” é considerada peça importante do Magistério da Igreja, pois reforça a convicção católica de que somente em Cristo há salvação.
Os não-cristãos, segundo o texto de João Paulo II, podem até salvar-se, mas porque Cristo morreu por todos, por toda a humanidade. O princípio é de que todo aquele que segue retamente sua consciência, de certo modo está dizendo “sim” a Cristo, Verbo do Pai.
Segundo a encíclica, nenhum fundador de religião pode ser colocado no mesmo nível de Cristo. Se algo de bom tais mestres ensinaram, foi sob a ação do Espírito de Cristo, que enche a face da terra. No entanto, são fragmentos de verdade, ordenados à plenitude que somente em Cristo se realiza.
Igreja a serviço do Reino
A Igreja está efetiva e concretamente ao serviço do Reino, reforça o Pontífice em seu documento. Em primeiro lugar, ela serve-o com o anúncio que chame à conversão: este é o primeiro e fundamental serviço à vinda do Reino para cada pessoa e para a sociedade humana.
A Igreja é sacramento de salvação para toda a humanidade; a sua ação não se limita àqueles que aceitam a sua mensagem. Ela é força atuante no caminho da humanidade rumo ao Reino escatológico, é sinal e promotora dos valores evangélicos entre os homens.
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Em 2018, em resumo do documento, o missionário da Comunidade Canção Nova, padre Leandro Couto destacou que a missão da Igreja é tal como a de Jesus, é obra de Deus, do Espírito Santo.
“Depois da ressurreição e Ascenção de Jesus, os Apóstolos viveram uma intensa experiência que os transformou: o Pentecostes. A vinda do Espírito Santo fez deles testemunhas e profetas (cf. At 1, 8; 2, 17-18), infundindo uma serena audácia, que os leva a transmitir aos outros a sua experiência de Jesus e a esperança que os anima.”
O Espírito Santo e a missão
O Espírito oferece ao homem “luz e forças que lhe permitem corresponder à sua altíssima vocação”; graças a Ele, “o homem chega, por meio da fé, a contemplar e saborear o mistério dos planos divinos”; mais ainda, “devemos acreditar que o Espírito Santo oferece a todos, de um modo que só Deus conhece, a possibilidade de serem associados ao mistério pascal”.
A missão ad gentes tem à sua frente uma tarefa imensa, que está muito longe de se ver concluída. A tarefa de anunciar Jesus Cristo a todos os povos apresenta-se enorme e desproporcionada relativamente às forças humanas da Igreja. A missão ad gentes, devido ao mandato universal de Cristo, não tem fronteiras, frisou padre Leandro.
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Promover a liberdade do homem
Todas as formas de atividade missionária se caracterizam pela consciência de promover a liberdade do homem, anunciando-lhe Jesus Cristo. A Igreja deve ser fiel a Cristo, já que é o Seu Corpo e continua a Sua missão. A atividade missionária ainda hoje representa o máximo desafio para a Igreja.
Na atividade missionária, há o convite à conversão, além do encontro muitas vezes com o ecumenismo, a inculturação e o diálogo inter-religioso.
Missionários
João Paulo II destaca o valor dos missionários e também dos catequistas. Segundo o Papa, a participação na missão universal da Igreja não se reduz a algumas atividades isoladas, mas é o sinal da maturidade da fé e de uma vida cristã que dá fruto.
A responsabilidade das Obras Missionárias Pontifícias é denotada, assim como a espiritualidade missionária. Padre Leandro recorda que o missionário é o homem das Bem-aventuranças.
“Na verdade, no ‘discurso apostólico’ (cf. Mt 10), Jesus dá instruções ao Doze, antes de os enviar a evangelizar, indicando-lhes os caminhos da missão: pobreza, humildade, desejo de justiça e paz, aceitação do sofrimento e perseguição, caridade que são precisamente as Bem-aventuranças, concretizadas na vida apostólica” (Mt 5,1-12).