No Angelus deste domingo o Papa Francisco disse que Jesus ensina a distinção claramentre entre justiça e vingança: a vingança nunca é justa, já a justiça é permitida pedir
Da redação, com Rádio Vaticano
Neste domingo, 19, o Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. Segundo o Pontífice, o Evangelho de hoje “é uma das páginas que expressam melhor a revolução cristã”.
“Jesus mostra o caminho da verdadeira justiça através da lei do amor que supera a de talião, ou seja, olho por olho e dente por dente. Esta regra antiga obrigava a infligir aos transgressores penas equivalentes aos danos causados: a morte a quem tinha matado, a amputação de quem tinha ferido alguém, e assim por diante. Jesus não pede aos seus discípulos para sofrer o mal, ao contrário, pede para reagir, porém não causando outro mal, mas com o bem”, disse.
Bem
O Santo Padre prossegue afirmando que somente assim se quebra a cadeia do mal e que um mal causa outro mal. “Quebra-se esta cadeira do mal e mudam-se realmente as coisas. O mal, de fato, é um vazio, um vazio do bem, e um vazio não pode ser preenchido com outro vazio, mas somente com um cheio, ou seja, com o bem. A retaliação nunca leva à resolução de conflitos. ‘Você me fez isso, vai me pagar!’ Isso não resolve um conflito e não é cristão”.
Para Jesus a rejeição da violência pode comportar também a renúncia a um direito legítimo e Ele dá alguns exemplos, acrescenta Francisco.
“Oferecer a outra face, ceder também o manto ou o próprio dinheiro, aceitar outros sacrifícios. Mas esta renúncia não significa dizer que as exigências da justiça são ignoradas ou contrariadas, pelo contrário, o amor cristão, que se manifesta de modo especial na misericórdia, representa uma realização superior da justiça”.
Distinção
O que Jesus ensina é a distinção clara que devem fazer entre justiça e vingança. A vingança nunca é justa. Já a justiça é permitida pedir.
“É nosso dever praticar a justiça, mas somos proibidos de nos vingar ou fomentar de nenhuma forma a vingança, pois é expressão de ódio e violência.”
“Jesus não quer propor uma nova ordem civil, mas sim o mandamento do amor ao próximo, que também inclui o amor pelos inimigos: ‘Amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês!’ Isso não é fácil. Esta palavra não deve ser entendida como uma aprovação do mal perpetrado pelo inimigo, mas como um convite a uma perspectiva superior, uma perspectiva magnânima, semelhante a do Pai Celeste, que faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre os justos e injustos.
Francisco afirma ainda que o inimigo também é uma pessoa humana, criada como tal à imagem de Deus, embora no presente esta imagem seja ofuscada por uma má conduta.
Artesãos
Segundo o Papa, quando se fala de inimigos, não se deve pensar nas diferentes pessoas, mas falar também de cada um, em individual, que pode entrar em conflito com o próximo, às vezes até com os familiares.
“Quantas inimizades nas famílias, quantas! Pensemos nisso! Inimigos são também aqueles que falam mal de nós, que nos caluniam e nos enganam. Não é fácil digerir isso. A todos eles, somos chamados a responder com o bem, que também tem as suas estratégias, inspiradas pelo amor”.
Ao concluir o Pontífice pediu que a Virgem Maria ajude a todos seguir Jesus neste caminho exigente, que realmente exalta a dignidade humana e faz viver como filhos do Pai que está nos céus.
“Nos ajude a praticar a paciência, o diálogo, o perdão, e a ser artesãos de comunhão, artesãos de fraternidade em nossa vida cotidiana, sobretudo em nossa família.”