Na Missa de hoje, Papa disse que é preciso discernir o que acontece no próprio coração e saber escolher bem o caminho
Da redação, com Rádio Vaticano
“A vida cristã é uma luta. Deixemo-nos atrair por Jesus”, disse o Papa Francisco nesta quinta-feira, 19, na Missa celebrada na Casa Santa Marta, no Vaticano.
O Pontífice se deteve na passagem do Evangelho do dia que fala sobre a grande multidão que seguia Jesus com entusiasmo e que vinha de todos os lugares. “Por que vinha essa multidão?”, perguntou o Papa. “O Evangelho nos diz que havia doentes que queriam ser curados. Mas havia também pessoas que gostavam de ouvir Jesus, porque falava não como os seus doutores, mas com autoridade e isso tocava o coração. Essa multidão vinha espontaneamente. Não era levada de ônibus, como vemos muitas vezes quando se organizam manifestações e muitos devem verificar a presença para não perder o trabalho”.
O Pai atrai as pessoas a Jesus
Essas pessoas iam porque sentiam alguma coisa a ponto de Jesus pedir um barco e ir um pouco distante da margem:
“Esta multidão ia até Jesus? Sim! Precisava? Sim! Alguns eram curiosos, mas esses eram os céticos, a minoria. Esta multidão era atraída pelo Pai: era o Pai que atraia as pessoas a Jesus a tal ponto que Jesus não ficava indiferente, como um mestre estático que dizia as suas palavras e depois lavava as mãos. Não! Esta multidão tocava o coração de Jesus. O Evangelho nos diz: Jesus se comoveu, porque via essas pessoas como ovelhas sem pastor. O Pai, através do Espírito Santo, atraia as pessoas a Jesus.”
O Papa disse que não são os argumentos que movem as pessoas, não são “os assuntos apologéticos”. “Não”, frisou, “é necessário que o Pai nos atraia a Jesus”.
Luta contra as tentações
O Pontífice explicou que, por outro lado, é “curioso” que este trecho do Evangelho de Marcos, que “fala de Jesus, da multidão, do entusiasmo” e do amor do Senhor, acabe com os espíritos impuros, que quando O viam, gritavam: “Tu és o Filho de Deus!”:
“Esta é a verdade; esta é a realidade que cada um de nós sente quando Jesus se aproxima. Os espíritos impuros tentam impedi-lo, nos fazem guerra. ‘Mas, Padre, eu sou muito católico; sempre vou à missa… Mas jamais, jamais tenho essas tentações. Graças a Deus!’ – ‘Não! Reze, porque você está no caminho errado!’. Uma vida cristã sem tentações não é cristã: é ideológica, é gnóstica, mas não é cristã. Quando o Pai atrai as pessoas a Jesus, há outro que atrai de modo contrário e provoca a guerra interior! E por isso Paulo fala da vida cristã como uma luta: uma luta de todos os dias. Uma luta!”
Uma luta, destacou o Papa, para vencer e destruir o império de satanás. “Jesus veio para destruir, para destruir satanás! Para destruir a sua influência nos nossos corações. O Pai, retomou, atrai as pessoas a Jesus, enquanto “o espírito do mal tenta destruir, sempre!”.
Estamos lutando contra o mal?
A vida cristã, disse ainda Francisco, é uma luta assim: ou você se deixa atrair por Jesus, para o Padre, ou pode dizer ‘eu fico tranquilo, em paz’. Se quiser ir avante, é preciso lutar!,
“Sentir o coração que luta, para que Jesus vença. Pensemos em como está o nosso coração: eu sinto esta luta no meu coração? Entre a comodidade ou o serviço aos outros, entre o divertir-me um pouco ou rezar e adorar o Pai, entre uma coisa e outra, sinto a luta? A vontade de fazer o bem ou algo me detém, me torna ascético? Eu acredito que a minha vida comova o coração de Jesus? Se eu não acredito nisto, devo rezar muito para acreditar, para que me seja concedida esta graça”, afirmou.
O Papa concluiu a homilia motivando a cada um a buscar no seu coração como está essa realidade. “Peçamos ao Senhor para sermos cristãos que saibam discernir o que acontece no próprio coração e escolher bem o caminho pelo qual o Pai nos atrai a Jesus”.