Na Missa de encerramento de sua viagem a Veneza, Papa afirmou que permanecer no Senhor significa crescer no relacionamento com Ele e ser testemunhas de seu amor
Da redação, com Vatican News
“A fé em Jesus, o vínculo com Ele, não aprisiona nossa liberdade, mas, ao contrário, nos abre para receber a seiva do amor de Deus, que multiplica nossa alegria, cuida de nós com o cuidado de um bom vinhateiro e faz nascer brotos mesmo quando o solo de nossa vida se torna árido”. Foi o que disse o Papa Francisco na celebração da Santa Missa, neste domingo, 28, na Praça São Marcos, em Veneza.
Este foi o último compromisso público do Santo Padre durante a visita pastoral à cidade italiana. Participaram da celebração, cerca de 10.500 fiéis e peregrinos, provenientes de Veneza e das dioceses do Vêneto, norte da Itália.
Em sua homilia, Francisco deteve-se sobre o Evangelho deste V Domingo do Tempo Pascal, que nos traz a parábola da videira.
Francisco explicou que somente aquele que permanece unido a Jesus dá frutos. “Jesus é a videira, nós somos os ramos. E Deus, o Pai misericordioso e bom, como um agricultor paciente, trabalha conosco com cuidado para que nossa vida seja repleta de frutos. É por isso que Jesus recomenda que conservemos a dádiva inestimável que é o vínculo com Ele, do qual dependem nossa vida e fecundidade”, explicou.
O Papa disse ainda que a metáfora da videira, ao mesmo tempo em que expressa o cuidado amoroso de Deus por cada pessoa, também faz uma advertência: “Se rompermos esse vínculo com o Senhor, não poderemos gerar frutos de boa vida e nós mesmos corremos o risco de nos tornarmos ramos secos, que serão jogados fora”.
“Permanecer no Senhor, habitar n’Ele”
Tendo como pano de fundo a imagem usada por Jesus no Evangelho, Francisco recordou a longa história que liga Veneza ao trabalho das videiras e à produção de vinho, no cuidado de tantos viticultores e nos numerosos vinhedos que surgiram nas ilhas da Lagoa e nos jardins entre as calas da cidade, e naqueles que engajaram os monges na produção de vinho para suas comunidades.
O Papa disse que a metáfora que saiu do coração de Jesus também pode ser lida ao pensarmos na cidade de Veneza, construída sobre a água e reconhecida por essa singularidade como um dos lugares mais evocativos do mundo.
“Veneza é uma só com as águas sobre as quais está situada e, sem o cuidado e a proteção desse ambiente natural, poderia até deixar de existir. Assim também é nossa vida: nós também, imersos para sempre nas fontes do amor de Deus, fomos regenerados no Batismo, renascemos para uma nova vida pela água e pelo Espírito Santo e fomos inseridos em Cristo como ramos na videira. Em nós flui a seiva desse amor, sem o qual nos tornamos ramos secos que não dão frutos”.
Francisco deteve-se sobre uma das palavras-chave dadas por Jesus aos seus apóstolos antes de concluir sua missão terrena: a palavra “permanecei”, exortando os apóstolos a manter vivo o vínculo com Ele, a permanecer unidos a Ele como os ramos à videira.
“Irmãos e irmãs, isso é o que conta: permanecer no Senhor, habitar n’Ele. E esse verbo – permanecer – não deve ser interpretado como algo estático, como se quisesse nos dizer para ficarmos parados, estacionados na passividade; na realidade, ele nos convida a nos colocarmos em movimento, porque permanecer no Senhor significa crescer no relacionamento com Ele, dialogar com Ele, acolher sua Palavra, segui-Lo no caminho para o Reino de Deus. Portanto, trata-se colocar-nos a caminho atrás d’Ele, de nos deixarmos provocar por seu Evangelho e de nos tornarmos testemunhas de seu amor”, afirmou.
“Produzir os frutos do Evangelho”
Francisco convidou os fiéis a uma reflexão: “Nós, cristãos, que somos ramos unidos à videira, a videira do Deus que cuida da humanidade e criou o mundo como um jardim para que possamos florescer nele e fazê-lo florescer, como respondemos?”. E acrescentou:
“Permanecendo unidos a Cristo, seremos capazes de produzir os frutos do Evangelho na realidade em que vivemos: frutos de justiça e paz, frutos de solidariedade e cuidado mútuo; escolhas de cuidado com o meio ambiente, mas também com o patrimônio humano: precisamos que nossas comunidades cristãs, nossos bairros, nossas cidades se tornem lugares hospitaleiros, acolhedores e inclusivos. E Veneza, que sempre foi um lugar de encontro e de intercâmbio cultural, é chamada a ser um sinal de beleza acessível a todos, a começar pelos últimos, um sinal de fraternidade e de cuidado com a nossa casa comum. Veneza, terra que faz irmãos”.
Após a Celebração Eucarística – último compromisso da visita pastoral do Papa Francisco em Veneza -, o Pontífice visitou de forma privada a Basílica de São Marcos para venerar as relíquias do Santo Evangelista, detendo-se por um breve momento em oração. Logo após, ele deslocou-se em um barco-patrulha ao heliporto do Colégio Naval “F. Morosini”.