O Papa Francisco deu “graças a Deus” pela comemoração conjunta dos 500 anos da Reforma, e disse que a unidade é uma prioridade entre os cristãos
André Cunha
Da redação
O Papa participou na tarde desta segunda-feira, 31, de um Encontro Ecumênico organizado pela Federação Luterana Mundial em memória dos 500 anos da Reforma.
O evento faz parte da programação prevista para a viagem do Santo Padre à Suécia; uma visita com significativo caráter ecumênico.
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Após o discurso do Presidente da Federação Luterana Mundial, Munib Younan, o Papa Francisco deu “graças a Deus” pela comemoração conjunta dos 500 anos da Reforma, destacando que a unidade entre os cristãos é uma prioridade.
Testemunhos
O encontro contou ainda com o testemunho de quatro pessoas envolvidas em trabalhos sociais, em diferentes partes do mundo. O Santo Padre dirigiu uma palavra a cada um deles.
A indiana Pranita evidenciou o problemas ambientais. “Compartilho a tua consternação pelos abusos que danificam o nosso planeta, a nossa casa comum, com graves consequências também sobre o clima”, disse-lhe o Papa, que completou: “Todos somos responsáveis pela salvaguarda da criação, e de modo particular nós cristãos”.
Monsenhor Héctor Fabio falou sobre o trabalho conjunto que católicos e luteranos realizam na Colômbia. “É uma boa notícia saber que os cristãos se unem para dar vida a processos comunitários e sociais de interesse comum”, disse o Papa, que pediu orações pelo país e todos os outros que vivem situações de conflito.
Marguerite chamou a atenção para o trabalho em prol das crianças vítimas de “atrocidades” e para o compromisso a favor da paz. Disse ainda que todos os que a conhecem, pensam que seu trabalho “é uma loucura”. “Sim, é a loucura do amor a Deus e ao próximo!”, disse-lhe o Santo Padre.
“Quem dera que esta loucura pudesse propagar-se, iluminada pela fé e a confiança na Providência! Segue em frente; e possa aquela voz de esperança que ouviste no início da tua aventura continuar a estimular o teu coração e o coração de muitos jovens”, reforçou.
Rose, a mais jovem a testemunhar, falou sobre seu trabalho social por meio do esporte. “Rose, de coração te agradeço pelos teus esforços e cuidados para animar outras meninas a regressar à escola e também pelas orações que rezas todos os dias pela paz no jovem Estado do Sudão do Sul que tanto precisa dela”, disse-lhe o Papa.
Depois, Francisco, lembrando-se dos refugiados como Rose, agradeceu aos governos que prestam assistência aos refugiados, aos deslocados e àqueles que pedem asilo. “… cada ação em favor destas pessoas que precisam de proteção constitui um grande gesto de solidariedade e reconhecimento da sua dignidade”, afirmou o Pontífice.
Por fim, o Papa convidou os presentes a não se deixarem abater pelas adversidades, mas a serem estimulados pelos testemunhos ouvidos no encontro. “Quando voltarmos às nossas casas, levemos o compromisso de realizar cada dia um gesto de paz e reconciliação para sermos testemunhas corajosas e fiéis de esperança cristã. Porque, como sabemos, a esperança não decepciona”, finalizou.
Acordos ecumênicos
Num clima de compreensão, a Caritas Internationalis e Lutheran World Federation Service assinaram uma declaração comum de acordos que visam desenvolver e consolidar uma cultura de colaboração para a promoção da dignidade humana e da justiça social.
“Saúdo cordialmente os membros de ambas as organizações que, num mundo dividido por guerras e conflitos, foram e são um exemplo luminoso de dedicação e serviço ao próximo. Exorto-vos a prosseguir pelo caminho da cooperação”, disse o Papa, comentando a assinatura.