Em encontro ecumênico com jovens da Estônia, Papa destacou que “a vida cristã é vida, é futuro, é esperança! Não é um museu”
Da redação, com Vatican News
A Igreja luterana Kaarli, em Tallin, capital da Estônia, foi a sede do encontro ecumênico com os jovens, segundo compromisso do Papa Francisco no país. O Pontífice realiza uma visita apostólica aos países bálticos desde sábado, 22, e já visitou a Lituânia e a Letônia.
Antes de proferir seu discurso, Francisco ouviu o testemunho de três jovens e saudou os representantes das diversas confissões cristãs presentes no país. “Estes encontros tornam realidade o sonho de Jesus na Última Ceia: ‘Que todos sejam um só (…) para que o mundo creia’ (Jo 17, 21)”, disse o Papa.
Sínodo sobre os jovens
O Santo Padre dedicou boa parte do seu pronunciamento para falar da relação dos jovens com os adultos, marcada muitas vezes pela falta de diálogo e de confiança. E citou o Sínodo sobre a juventude, que tem início semana que vem, para mencionar algumas questões que emergiram na consulta preliminar.
Entre elas, os jovens pedem acompanhamento e compreensão, sem julgamentos por parte dos membros das Igrejas.
“Aqui, hoje, quero lhes dizer que desejamos chorar com vocês se estiverem chorando, acompanhar com os nossos aplausos e nossos sorrisos as suas alegrias, ajudá-los a viver o seguimento do Senhor. ”
Muitos jovens, porém, nada pedem à Igreja, pois não a consideram um interlocutor significativo na sua existência. Outros se indignam diante dos escândalos econômicos e sexuais contra os quais não veem uma clara condenação.
“Queremos dar-lhes resposta, queremos ser – como vocês mesmos dizem – uma ‘comunidade transparente, acolhedora, honesta, atraente, comunicativa, acessível, alegre e interativa’”, garantiu o Papa.
Vida com sabor de Espírito Santo
Ao vê-los assim reunidos a cantar, acrescentou Francisco, “uno-me à voz de Jesus, porque vocês, apesar da nossa falta de testemunho, continuam descobrindo Jesus dentro de nossas comunidades. Onde está Jesus, a vida tem sempre sabor de Espírito Santo. Aqui, hoje, vocês são a atualização daquela maravilha de Jesus”.
“Jesus continua a ser o motivo para estarmos aqui. Sabemos que não há alívio maior do que deixar Jesus carregar as nossas opressões”, recordou o Papa. Citando uma cantora famosa da Estônia, que dizia que o “amor está morto”, o Pontífice afirmou que os cristãos têm uma palavra a dizer, algo para anunciar, com poucas palavras e muitos gestos.
Deus está conosco
“Estamos unidos pela fé em Jesus, e Ele espera que O levemos a todos os jovens que perderam o sentido da sua vida. Acolhamos juntos a novidade de que o próprio Deus traz Deus à nossa vida; uma novidade que incessantemente nos impele a partir, para ir aonde se encontra a humanidade mais ferida. Mas nunca iremos sozinhos: Deus vem conosco; Ele não tem medo das periferias.”
Francisco afirmou ainda que “o amor não está morto, nos chama e nos envia. Pede somente para abrir o coração”.
O Santo Padre motivou os jovens a pedir a força apostólica de levar o Evangelho aos outros – oferecendo-o, sem imposição – e de renunciar a fazer da própria vida cristã um museu de recordações.
“A vida cristã é vida, é futuro, é esperança! Não é um museu. Deixemos que o Espírito Santo nos faça contemplar a história na perspectiva de Jesus ressuscitado, assim a Igreja, assim as nossas Igrejas serão capazes de seguir adiante acolhendo em si as surpresas do Senhor (cfr ibidi..,139), recuperando a própria juventude (…) O Senhor nos surpreende porque a vida nos surpreende sempre. Vamos adiante, ao encontro dessas surpresas”, concluiu o Papa.