EM SETEMBRO

Fiéis indonésios se preparam para encontrar Papa em Timor Leste

Apesar de viagem de Francisco incluir passagem pela Indonésia, grande distância para católicos de outras ilhas torna encontro mais viável no país vizinho

Da Redação, com Agência Fides

Presidente da Indonésia, Joko Widodo, inaugura Catedral da Arquidiocese de Kupang em 6 de dezembro de 2023 / Foto: BPMI Setpres/Muchlis Jr. via site da Presidência da República da Indonésia

A 45ª Viagem Apostólica do Papa Francisco, a ser realizada entre os dias 2 e 13 de setembro, gerará uma situação um tanto inusitada. Alguns fiéis indonésios, cujo país receberá a visita do Pontífice, irão ao encontro do Santo Padre na nação vizinha, Timor Leste.

Durante sua próxima viagem, Francisco passará por quatro países: Indonésia (de 02 a 06/09), Papua-Nova Guiné (de 06 a 09/09), Timor Leste (de 09 a 11/09) e Singapura (11 a 13/09). Contudo, a estadia no primeiro país, um arquipélago com mais de 17 mil ilhas, contemplará apenas a capital Jacarta, situada na ilha de Java.

Desta forma, é mais viável para habitantes de outras ilhas indonésias ir ao encontro do Pontífice em um outro país. É o caso dos fiéis da Arquidiocese de Kupang, que se preparam para ver o Papa durante sua passagem por Timor Leste, uma vez que moram na mesma ilha – a ilha de Timor é dividida em duas, e a parte ocidental pertence à Indonésia enquanto a parte oriental constitui um Estado independente.

Preparativos

Os fiéis de Timor Ocidental desfrutam, portanto, de uma oportunidade especial: o Santo Padre estará na mesma ilha que eles, mesmo que seja na nação vizinha. O arcebispo metropolita de Kupang, Dom Hironimus Pakaenoni, afirma que, “segundo as previsões, cerca de 10 mil fiéis, das Dioceses de Kupang e Atambua (outra cidade próxima da fronteira), se deslocarão para a outra parte da ilha, para participar da Missa na Esplanada de Tesimolu, em Díli” no dia 10 de setembro.

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O religioso comenta ainda que estão buscando uma colaboração com o governo da Indonésia para ajudar os católicos a participarem da visita do Papa em Díli. “Pedimos aos sacerdotes, religiosas e fiéis para se registarem nas paróquias. E a arquidiocese fez um acordo com o escritório de imigração para a concessão de documentos de viagem. Muitos fiéis não têm passaporte e será preparada uma autorização especial para eles, somente para a peregrinação”, explica.

Alguns fiéis também sairão das ilhas vizinhas (indonésias) de Rote, Alor e Sabu. “Há pleno acordo com a Conferência Episcopal de Timor-Leste. Teremos de providenciar o acolhimento, a hospitalidade e o sustento dos peregrinos indonésios. A organização já está trabalhando”, observa o arcebispo.

Oportunidade para perdão e reconciliação

Dom Pakaenoni recorda que, em 1999, após Timor-Leste declarar sua independência em um referendo sob os auspícios da ONU, houve um período de tensão marcado por violência e massacres por parte de milícias pró-indonésias. Mesmo nos anos seguintes, o conflito levou cerca de 250 mil pessoas a se deslocarem e buscarem refúgio em outras ilhas da Indonésia.

Neste contexto, o arcebispo de Kupang destaca que Deus oferece uma oportunidade frente a esse doloroso acontecimento. “A presença do Papa poderá confirmar e selar o caminho de reaproximação e reconciliação. Sua visita não é somente para os católicos, mas para toda a população”.

“Poderá ser um momento de graça especial”, prossegue, “um kairós também para a reconciliação entre famílias marcadas pelo luto. Poderá ser um momento de pedido e recebimento de perdão, na fé em Deus que cura as feridas”.

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