Recomeçar

Missa em Quebec: Papa destaca caminho do fracasso à esperança

Na viagem ao Canadá, Papa Francisco presidiu a Missa no Santuário de Santa Ana de Beaupré com uma mensagem centrada na esperança

Da Redação

Papa Francisco em homilia na missa no Santuário de Santa Ana de Beaupré / Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

O Papa Francisco presidiu nesta quinta-feira, 28, a Missa no Santuário de Santa Ana de Beaupré, em Quebec, em sua viagem ao Canadá. A homilia do Santo Padre foi baseada na viagem dos discípulos de Emaús, que representa o caminho pessoal e da Igreja. Francisco fez uma reflexão sobre o caminho que pode ser chamado “do fracasso à esperança”. 

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O Senhor vem ao nosso encontro, coloca-se ao nosso lado, caminha pela nossa própria estrada com a descrição dum amável viandante que deseja reabrir os olhos e inflamar de novo o nosso coração. E quando o fracasso deixa espaço ao encontro com o Senhor, a vida reabre-se à esperança e podemos reconciliar-nos conosco, com os irmãos, com Deus”, afirmou. 

Cuidado com a falta de esperança

Referindo-se ao trecho do Evangelho da celebração, o Papa observou a sensação de fracasso que habita o coração dos dois discípulos depois da morte de Jesus. Tinham abraçado um sonho com entusiasmo. Em Jesus, tinham depositado todas as suas esperanças e desejos. Agora, depois da escandalosa morte na cruz, viram costas a Jerusalém para voltar a casa, à vida anterior. 

“Trata-se duma experiência que tem a ver também com a nossa vida e o próprio caminho espiritual, em todas as ocasiões em que somos obrigados a redimensionar os nossos anseios e a lidar com as ambiguidades da realidade, com as obscuridades da vida, com as nossas fraquezas”, pontuou.

O Papa alertou sobre o cuidado que os fiéis devem ter com a tentação da fuga, presente nos dois discípulos do Evangelho. “Não há nada pior, perante os fracassos da vida, do que fugir para não os enfrentar. É uma tentação do inimigo, que ameaça o nosso caminho espiritual e o caminho da Igreja: ele quer fazer-nos acreditar que aquele fracasso já seja definitivo, quer paralisar-nos na amargura e na tristeza, convencer-nos de que não há mais nada a fazer e, consequentemente, não vale a pena encontrar uma estrada para recomeçar”. 

O Senhor vem ao nosso encontro 

O Evangelho, ao contrário, revela que precisamente nas situações de decepção e tristeza, no momento em que o cristãos experimentam a violência do mal e a vergonha da culpa é que o Senhor vem ao encontro e caminha lado a lado.

Por fim, diante dos discípulos de Emaús, Jesus parte o pão, reabrindo os seus olhos e mostrando-se mais uma vez como o Deus do amor que oferece a vida pelos seus amigos. Deste modo, ajuda-os a retomar o caminho com alegria, recomeçar, passar do fracasso à esperança. 

“O Senhor quer fazer o mesmo com cada um de nós e com a sua Igreja. E como podem ser reabertos os nossos olhos, como pode ainda o coração inflamar-se em nós pelo Evangelho? Que havemos de fazer enquanto nos vemos atribulados por várias provações espirituais e materiais, enquanto procuramos a estrada para uma sociedade mais justa e fraterna, enquanto desejamos recuperar das nossas decepções e fadigas, enquanto esperamos curar das feridas do passado e reconciliar-nos com Deus e entre nós?”, perguntou.

Francisco finalizou dizendo que no centro das interrogações, das fadigas da vida e do fracasso, cada um precisa colocar o Senhor Jesus. “No coração de cada coisa, coloquemos a sua Palavra, que ilumina os acontecimentos e reabre-nos os olhos para ver a presença operante do amor de Deus e a possibilidade de bem mesmo em situações aparentemente perdidas; coloquemos o Pão da Eucaristia, que Jesus ainda hoje parte para nós, para partilhar a sua vida com a nossa, abraçar as nossas fragilidades, sustentar os nossos passos cansados e conceder-nos a cura do coração. E, reconciliados com Deus, com os outros e conosco, podemos também nós tornar-nos instrumentos de reconciliação e de paz na sociedade em que vivemos”. 

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