As meditações das 14 estações da Via Sacra foram escritas por presidiários de Pádua, Itália, e pessoas ligadas ao Cárcere “Due Palazzi”
Da Redação, Liliane Borges
O Papa Francisco presidiu, nesta sexta-feira, 10, a Via-Sacra no Sagrado da Basílica Vaticana. Tradicionalmente, a devoção à via dolorosa de Cristo é celebrada no Coliseu pelo Papa, desde o pontificado de João Paulo II. Devido ao isolamento social, para evitar o contágio do coronavírus, a celebração foi realizada na Basílica São Pedro. Portanto, também sem a presença dos fiéis e peregrinos.
Os textos lidos na Via-Sacra foram elaborados neste ano por detentos da Prisão ‘Due Palazzi’ de Pádua, pela família de um dos presos, por um juiz, a mãe de um detento, um catequista, um policial, um frei voluntário e por um sacerdote que foi acusado injustamente e depois absolvido.
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As 14 estações foram conduzidas por dois grupos de cinco pessoas, com tochas nas mãos e a cruz. O caminho teve início no centro da Praça São Pedro, diante do obelisco. Diante do sagrado da Basílica foi colocado o “Crucifixo Milagroso” da Igreja de São Marcelo, utilizado também na Celebração da Paixão, presidida pelo Papa.
Marcante, a primeira estação, que medita a condenação de Jesus, foi escrita por um prisioneiro condenado à morte. Ele partilha suas memórias da prisão e afirma que foi sua detenção a sua salvação: “Aquele Homem que foi condenado na prisão, como eu (Jesus), veio até mim, na minha prisão”.
Em outra meditação, um prisioneiro recorda o seu retorno ao cárcere após cumprir toda a pena do primeiro crime. Conta que cometeu um homicídio e, preso pela segunda vez, teve seu encontro com a misericórdia divina por meio das pessoas que o ajudaram na prisão.
E deste modo, em cada meditação um testemunho de uma pessoa que se encontra presa, um familiar, pessoas que se dedicam à evangelização no cárcere ou no auxílio jurídico.
Na última estação, a décima quarta, a cruz foi carregada pelo Papa e a meditação feita por um agente penitenciário que recordou que em “Deus, o pecado não tem a última palavra”, e portanto, aqueles que vivem em situação de cárcere podem ter esperança.
Ao concluir a Via Sacra, antes da bênção, Francisco fez uma breve oração, pedindo a Cristo, “eterna luz e dia sem o pôr do sol, plenifica dos teus bens aqueles que se dedicam ao seu louvor e ao serviço de quem sofre nos inúmeros lugares de dor humana”.