CATEQUESE

Testemunhar Jesus na fraqueza, na doença e na morte, pede Papa

“É bonito quando um idoso pode dizer: ‘Eu vivi a vida, esta é a minha família. Eu vivi a vida, fui um pecador, mas também fiz o bem'”, disse Francisco na Catequese desta quarta-feira, 22

Da redação, com Vatican News

Papa durante Catequese desta quarta-feira, 22/ Foto: REUTERS/Remo Casilli

Na Catequese sobre a velhice, na Audiência Geral desta quarta-feira, 22, realizada na Praça São Pedro, o Papa Francisco meditou sobre o diálogo entre Jesus ressuscitado e Pedro, na conclusão do Evangelho de João.

“É um diálogo comovente, do qual transparece todo o amor de Jesus pelos seus discípulos e também a sublime humanidade da sua relação com eles, em particular com Pedro: uma relação terna, mas não insípida, direta, forte, livre e aberta. Uma relação de homens na verdade”, disse o Pontífice. 

Durante o debate de Jesus com Pedro, o Santo Padre afirmou que há duas passagens que tratam da velhice e da duração do tempo: o tempo do testemunho e o tempo da vida.

“Jesus adverte Pedro: quando você era jovem, você era autossuficiente; quando você ficar velho, já não será tão senhor de si mesmo e da tua vida”, disse o Papa, que recordou seu estado atual: andando de “cadeira de rodas”. “Mas é assim, a vida é assim: com a velhice chegam todas essas doenças e nós temos que aceitá-las como elas vêm, certo? Não temos a força dos jovens! E até o seu testemunho, diz Jesus, será acompanhado por esta debilidade”.

Seguir Jesus

Francisco destacou que é necessário ser testemunha de Jesus mesmo na fraqueza, na doença e na morte. Ele recordou então uma bela passagem de Santo Inácio de Loyola que diz: “Assim como na vida, também na morte devemos dar testemunho de discípulos de Jesus”. “O fim da vida deve ser o fim da vida de discípulos: de discípulos de Jesus que nos fala sempre de acordo com a idade que temos”.

Segundo o Pontífice, o evangelista acrescentou o seu comentário, explicando que Jesus aludia ao testemunho extremo, do martírio e da morte. “Mas podemos compreender de modo mais genérico o sentido desta advertência: o seu seguimento deverá aprender a deixar-se instruir e plasmar pela sua fragilidade, pela sua impotência, pela sua dependência dos outros, até para se vestir, para caminhar.” Mas diz Jesus: «segue-me»”.

O seguimento de Jesus sempre vai adiante, revelou o Papa, com boa saúde, sem boa saúde, com autossuficiência, sem autossuficiência física. Porém, o Santo Padre alertou que o seguimento de Jesus é importante: seguir Jesus sempre, a pé, correndo, lentamente, na cadeira de rodas, mas sempre segui-lo.

Testemunho na fraqueza

O Papa ressaltou que gosta de falar com os idosos olhando-os nos olhos. De acordo com Francisco, eles têm olhos brilhantes que falam mais do que as palavras, que dão o testemunho de uma vida. O Santo Padre ressaltou que isso é bonito e precisa ser conservado até o fim. “Seguir Jesus assim, cheios de vida”.

Com a doença, com a velhice, o Pontífice ressaltou que a dependência aumenta e os idosos não são mais autossuficientes como antes. “Isso aumenta e também a fé amadurece ali. Jesus também está ali conosco, também ali jorra aquela riqueza da fé bem vivida durante a estrada da vida”.

Francisco incentivou os fiéis a se perguntarem: “dispomos de uma espiritualidade realmente capaz de interpretar a estação – já longa e generalizada – deste tempo da nossa fraqueza confiada a outros, mais do que ao poder da nossa autonomia? Como permanecer fiéis ao seguimento vivido, ao amor prometido, à justiça procurada no tempo da nossa capacidade de iniciativa, no tempo da fragilidade da dependência, da despedida, no tempo do abandono do protagonismo da nossa vida? Não é fácil afastar-se do ser protagonista: não é fácil”.

A vida do idoso é lenta, é uma despedida alegre

Segundo o Pontífice, a vida do idoso é lenta, mas é uma despedida alegre. “Vivi a vida, conservei a minha fé. É bonito quando um idoso pode dizer: ‘Eu vivi a vida, esta é a minha família. Eu vivi a vida, fui um pecador, mas também fiz o bem’. E essa paz que vem, esta é a despedida do idoso”, frisou.

O Papa convidou a olhar e ouvir os idosos, e ajudá-los para que possam viver e expressar sua sabedoria de vida, que possam dar o que eles têm de bonito e bom. Francisco disse aos idosos para olhar os jovens sempre com um sorriso: “Eles seguirão o caminho, continuarão o que nós semeamos, e até mesmo o que não semeamos porque não tivemos coragem ou oportunidade.” Manter “sempre essa relação. Um idoso não pode ser feliz sem olhar para os jovens, e os jovens não podem seguir em frente na vida sem olhar para os idosos”, concluiu.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

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