A partir da parábola do joio e do trigo, Papa diz que a linha de separação entre o bem e o mal passa no coração de cada pessoa
Da redação, com Rádio Vaticano
No Angelus deste domingo, 23, o Papa Francisco dirigiu sua reflexão aos milhares de fiéis presentes na Praça São Pedro, inspirado na Parábola do joio e do trigo, que, segundo Francisco, ilustra o problema do mal no mundo e destaca a paciência de Deus. “Quanta paciência Deus tem conosco!”, exclamou o Pontífice.
A narrativa se desenvolve em um campo com dois opostos protagonistas, explica o Papa. De um lado o dono do campo que representa Deus e semeia a boa semente; por outro o inimigo que representa Satanás e semeia a erva ruim.
O dono e os seus servos, reflete o Santo Padre, têm comportamentos diferentes diante do crescimento do joio em meio ao trigo. Os servos pensam em arrancá-lo, mas dono adverte que pode ser arrancado junto o trigo.
“Com esta imagem, Jesus nos diz que neste mundo, o bem e o mal estão totalmente entrelaçados, que é impossível separá-los e extirpar todo o mal. Somente Deus pode fazer isto e o fará no juízo final”, afirmou.
“A decisão é aquela de querer ser trigo bom – todos nós o queremos -, com todas as próprias forças e, portanto, tomar distância do maligno e de suas seduções. A paciência, significa preferir uma Igreja que é fermento na massa, que não teme sujar suas mãos lavando as roupas de seus filhos, antes que uma Igreja de ‘puros’, que pretende julgar antes do tempo, quem está e quem não está no Reino de Deus”, acrescentou o Pontífice.
O Papa recordou que, com esta parábola, o Senhor ajuda a compreender que o bem e o mal não se podem identificar com territórios definidos ou determinados grupos humanos: ‘Estes são os bons, estes são os maus’.
“Ele nos diz que a linha de separação entre o bem e o mal passa no coração de cada pessoa, passa no coração de cada um de nós, isto é: todos somos pecadores. Vem-me o desejo de pedir a vocês: Quem não é pecador levante a mão! Ninguém! Porque todos o somos, todos somos pecadores”.
Francisco recordou que Jesus deu vida nova com o Batismo e a Confissão, porque sempre há a necessidade de sermos perdoados de nossos pecados. “Olhar sempre e somente o mal que está fora de nós, significa não querer reconhecer o pecado que existe também em nós”, advertiu Francisco.
Depois, o Papa destacou que Jesus, com este trecho do Evangelho, também ensina a enxergar de modo diferente o “campo do mundo, a observar a realidade”.
“Somos chamados a aprender os tempos de Deus – que não são os nossos tempos – e também o olhar de Deus. Graças ao influxo benéfico de uma trepidante espera, aquilo que era joio ou parecia joio, pode tornar-se um produto bom. É a realidade da conversão. É a perspectiva da esperança!”, enfatizou.
Por fim, Francisco pediu que a Virgem Maria ajude os fiéis a colher na realidade que os circunda não somente a sujeira e o mal, mas também o bem e o belo, “a desmascarar a obra de Satanás, mas sobretudo a confiar na ação de Deus que fecunda a história”.