MALTA

São Paulo em Malta, vestígios ainda vivos de uma passagem

Vários lugares que recordam a permanência do Apóstolo dos Gentios, que desembarcou por volta de 60 d.C. após o naufrágio do navio que o levava a Roma

Da redação, com Vatican News

Gruta de São Paulo em Rabat, Malta / Foto: Reprodução Youtube Vatican News

“Estando já salvos, soubemos então que a ilha se chamava Malta”: é assim que Lucas narra, no capítulo 28 dos Atos dos Apóstolos, o naufrágio do navio em que Paulo viajava para Roma. Na Urbe deveria ser julgado porque foi acusado pelos judeus de ter pregado contra a lei.

O Apóstolo dos Gentios desembarcou por volta de 60 d.C. naquela que agora é chamada de Baía de São Paulo. O naufrágio teria ocorrido em frente às rochas das Ilhas São Paulo, pequenas ilhotas. Na ilha maior, Selmunett, “a ilhota do naufrágio”, foram erguidas uma estátua do Apóstolo e um altar onde é possível celebrar a Missa.

Leia mais
.: 36ª Viagem Apostólica do Papa a Malta

Na Baía, a tradição reconhece a fonte (Ghajn Razul) onde Paulo saciou a sede assim que desembarcou na praia. “Os indígenas trataram-nos com extraordinária benevolência; acenderam uma grande fogueira e em torno dela nos recolheram, em vista da chuva que caía e do frio que fazia”, escreve Lucas, que conta também sobre a grande estima que os malteses logo tiveram por Paulo. Aconteceu, de fato, que enquanto o Apóstolo estava juntando galhos para alimentar o fogo, ele foi mordido por uma víbora, mas permaneceu ileso. Os ilhéus ficaram surpresos e o consideraram uma pessoa muito especial.

Os lugares de São Paulo

Em Medina, a Catedral de São Paulo lembra o lugar onde o apóstolo teria sido acolhido com todo humano cuidado pelo governador Públio e pelos malteses, enquanto a pequena igreja no sítio arqueológico de São Paulo Milqi seria construída onde ficava a vila do governador onde o ilustre náufrago teria sido inicialmente alojado.

A partir da narração de Lucas, pode-se hipotizar que Paulo se mudou depois para a atual Rabat, a capital da ilha. Na cidade encontra-se o local, muito venerado, onde o Apóstolo dos Gentios teria vivido durante os três meses da sua estada na ilha, juntamente com os seus companheiros Luca, Aristarco, Trofimo e outros: é uma gruta transformada em capela, a Gruta de São Paulo.

Também levam o nome do Apóstolo a igreja construída nas proximidades, hoje basílica menor, e as catacumbas, que preservam várias memórias cristãs. Foi precisamente a hospitalidade dos malteses que permitiu a Paulo evangelizar a ilha, razão pela qual o seu naufrágio representa o início do cristianismo para Malta, que o celebra com o título de São Paulo Náufrago, em 10 de fevereiro.

A morada do Apóstolo

Em relação à moradia de Paulo em Rabat, várias hipóteses foram formuladas; segundo as mais confiáveis, tratava-se da prisão em que o Apóstolo estava detido enquanto, em todo o caso, gozava da liberdade de pregar, instruir, batizar e curar os ilhéus.

Os Atos dos Apóstolos também relatam um episódio, que testemunharia tudo isso: “O pai desse Públio achava-se acamado com febre e sofrendo de disenteria. Paulo foi visitá-lo e, depois orando e impondo-lhe as mãos, curou-o. Depois deste fato, vieram ter com ele todos os habitantes da ilha que se achavam doentes, e foram curados”. Diz-se também que após este evento o governador Públio se converteu e que ele foi o primeiro bispo de Malta.

A Gruta de São Paulo, no decorrer dos séculos, tornou-se meta de peregrinação, um local de culto e de oração e a seus elementos naturais foram reconhecidas virtudes milagrosas. Uma lápide datada de 1743 atesta que, apesar da remoção de terra e pedras em quantidade considerável, o local sempre conservou o mesmo estado.

No século XVIII, em memória da estada de São Paulo na ilha, foi colocada na Gruta uma estátua de mármore branco que reproduz o Apóstolo pregando. Hoje se tem aceso a ela a partir da igreja a ele dedicada através de uma escadaria, e conserva ainda as paredes rochosas, alternadas com elementos arquitetônicos em estilo barroco.

A Gruta foi visitada por João Paulo II em 27 de maio de 1990 e por Bento XVI em 17 de abril de 2010, por ocasião do 1950º aniversário do naufrágio de São Paulo. Francisco irá rezar no local na manhã de domingo e acenderá uma lâmpada votiva.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo