Com foco na questão da água, Francisco recordou a importância deste elemento simples, porém precioso
Da redação, com Boletim da Santa Sé
Neste sábado, 1, foi divulgada pela Santa Sé a mensagem, de autoria do Papa Francisco, pelo Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. Com foco na questão da água, o Santo Padre recordou a importância deste elemento simples, porém precioso. “Pensando em seu papel fundamental na criação e no desenvolvimento humano, sinto a necessidade de dar graças a Deus pela ‘irmã água’, simples e útil sem nada de parecido para a vida no planeta”, observou.
O Santo Padre frisou que a humanidade não soube proteger a criação com responsabilidade, por isso a situação ambiental, a nível global, não pode ser considerada satisfatória. Diante das circunstâncias, Francisco afirmou ser necessária uma relação renovada e saudável entre a humanidade e a criação, que deve começar pelo acesso indiscriminado à água potável como um direito humano essencial, fundamental e universal. O acesso à água determina a sobrevivência, de acordo com o Pontífice: “Este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável”, afirmou.
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O fato da maior parte do corpo humano ser composto por água, das muitas civilizações na história surgirem próximas a grandes cursos de água, e a sugestiva imagem utilizada no início do livro do Gênesis, em que se diz que nas origens o espírito do Criador pairava sobre as águas, são fatores que contribuem, segundo o Santo Padre, para que o ser humano reflita sobre sua origem, intimamente ligada a água.
“Para nós cristãos, a água é um elemento essencial de purificação e de vida. O pensamento vai imediatamente para o Batismo, sacramento do nosso renascimento. A água santificada pelo Espírito é a matéria pela qual Deus nos vivificou e nos renovou; é a fonte abençoada de uma vida que não morre mais. O Batismo representa também, para os cristãos de diferentes confissões, o ponto de partida real e indispensável para viver uma fraternidade cada vez mais autêntica no caminho da plena unidade”, escreveu o Pontífice.
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Francisco recordou a relação de Jesus com a água durante a sua missão terrena. “Prometeu uma água capaz de saciar para sempre a sede do homem (cf. Jo 4,14), e profetizou: ‘Se alguém tem sede, venha a mim e beba’ (Jo 7,37)”. O Santo Padre prosseguiu relembrando as palavras de Cristo na cruz: “Ele pronunciou na cruz: ‘Tenho sede’ (Jo 19, 28). O Senhor continua a pedir para ser saciado na sua sede, pois tem sede de amor. Ele nos pede para dar-Lhe de beber nos muitos sedentos de hoje, para então nos dizer: ‘Eu estava com sede e me destes de beber’ (Mt 25,35). Dar de beber, na aldeia global, não envolve apenas gestos pessoais de caridade, mas escolhas concretas e compromisso constante de garantir a todos o bem primário da água”.
O cuidado de fontes e bacias hídricas foi assinalado pelo Papa como um imperativo urgente. Francisco pediu aos cristãos que agradeçam ao criador pelos mares e oceanos que cobrem a terra, e voltou a pedir proteção e colaboração de homens e mulheres para a preservação da água. O descarte de plásticos e lixos, também foi um alerta do Santo Padre: “Não podemos permitir que os mares e oceanos se preencham com extensões inertes de plástico flutuante. Também para essa emergência somos chamados a nos comprometer, com uma mentalidade ativa, rezando como se tudo dependesse da Providência divina e agindo como se tudo dependesse de nós”.
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Ao final da mensagem, Francisco pediu a oração de todos os cristãos para que as águas não sejam um sinal de separação entre os povos, mas de encontro para a comunidade humana, e prosseguiu: “Rezemos para que sejam protegidas aquelas pessoas que arriscam suas vidas em meio às ondas em busca de um futuro melhor. Peçamos ao Senhor a àqueles que realizam o alto serviço da política que as questões mais delicadas da nossa época, tais como as relacionadas com a migração, com a mudança climática, com o direito para todos de usufruírem dos bens primários, sejam encaradas com responsabilidade, com previsão olhando para o amanhã, com generosidade e com espírito de cooperação”, rogou.
Em suas preces, o Pontífice pediu também pelo apostolado do mar, por aqueles que contribuem para o desenvolvimento e a aplicação de regulamentos internacionais sobre os mares e trabalham para a proteção das áreas marítimas, para a tutela dos oceanos e sua biodiversidade. O Papa manifestou também sua preocupação com as gerações mais jovens: “Que cresçam no conhecimento e no respeito pela casa comum e no desejo de cuidar do bem essencial da água para o benefício de todos. O meu desejo é que as comunidades cristãs contribuam cada vez mais concretamente para que todos possam usufruir desse recurso indispensável, no cuidado respeitoso dos dons recebidos do Criador, em particular dos cursos de água, mares e oceanos”, finalizou.