Papa se reuniu hoje com jovens dos cinco continentes, reunidos para preparação do Documento pré-sinodal; encontro acontece ao longo de toda a semana
Denise Claro
Da redação
Nesta segunda-feira, 19, o Papa Francisco esteve reunido com cerca de 300 jovens no Pontifício Colégio Internacional “Maria Mater Ecclesiae”, em Roma, durante a abertura da reunião pré-sinodal que preparará o documento para o próximo Sínodo dos Bispos, que acontecerá em outubro desde ano.
Da reunião participam jovens de várias religiões e também ateus, provenientes dos cinco continentes. No encontro, eles serão ouvidos e suas colaborações ajudarão a preparar o Sínodo, que tem como tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional.”
O Papa foi acolhido pelo Cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do Sínodo dos Bispos, que explicou como aconteceriam os trabalhos. Logo após, deu a palavra ao Pontífice.
O Papa exortou aos jovens que não tenham medo de se dizer, de falar o que precisa ser dito. “Falem com coragem, digam o que vocês gostariam de dizer. Se alguém se sentir ofendido, peçam perdão e continuem…” Francisco ressaltou que o jovem tem necessidade de falar, e a Igreja tem a necessidade de escutar o jovem.
O Papa recordou que os participantes do encontro representam os jovens do mundo inteiro, e que sua contribuição é indispensável:
“Em muitos momentos da história da Igreja, bem como em inúmeros episódios bíblicos, Deus quis falar através do mais jovens: penso, por exemplo, em Samuel, Davi e Daniel. Tenho confiança, disse o Papa, acredito que nestes dias também falará através de vocês.”
Francisco afirmou que frequentemente se fala sobre os jovens, mas sem os incluir nos questionamentos, e que uma boa análise sobre o mundo juvenil só pode ser feita pelo encontro face a face, e demonstrou sua preocupação com a juventude:
“Os jovens devem ser levados a sério. (…) Parece-me que estamos rodeados por uma cultura que, por um lado, idolatra a juventude, tentando não deixá-la passar jamais, de outro, exclui tantos jovens de serem protagonistas. Muitas vezes vocês são marginalizados da vida pública e se encontram a mendigar ocupações que não lhes garantem um futuro. Frequentemente são deixados sozinhos.”
Sobre o Sínodo, o Papa disse que espera que seja um apelo à Igreja, para que se redescubra “um renovado dinamismo juvenil”:
“O coração da Igreja é jovem precisamente porque o Evangelho é como uma linfa vital que a regenera continuamente. Cabe a nós sermos dóceis e cooperarmos nesta fecundidade. Nós o fazemos também neste caminho sinodal, pensando na realidade dos jovens em todo o mundo. Temos necessidade de recuperarmos o entusiasmo da fé e o gosto da busca. Precisamos encontrar novamente no Senhor a força para nos levantarmos das falências, de avançar, de fortalecer a confiança no futuro. Precisamos ousar novos caminhos, mesmo que isso envolva riscos. Devemos arriscar, porque o amor sabe arriscar; sem arriscar, um jovem envelhece, e a Igreja também envelhece.”
Participante do Encontro
Thulio Fonseca, natural de São Sebastião do Paraíso (MG) e missionário da Comunidade Canção Nova é um dos participantes da reunião pré-sinodal e fala sobre este momento com o Papa:
“Hoje pela manhã foi um dia de muita visita pra nós. Sentimos um papa muito perto, muito simples, muito acessível. Era como se ele estivesse entre conhecidos. Essa era a sensação que nós tínhamos. Para nós é uma graça e uma responsabilidade muito grande participar deste encontro.”
Thulio ressaltou que o discurso do Papa foi a partir da realidade dos jovens, e da coragem que precisam ter de falar o que precisa ser dito:
“O Papa disse que a Igreja quer nos ouvir, e não devemos ter vergonha, mas sermos caras de pau, que temos que ter medo é de não falar. Disse que os jovens são protagonistas deste mundo, e que devemos ter cuidado com a cultura da maquiagem, pois muitas vezes queremos maquiar as coisas, fazer com que elas se mostrem diferentes, mas que na verdade devemos mostrar as coisas como elas são.”
O jovem conta que também o momento em que o Papa se colocou para ouvir os cinco jovens representantes de cada continente, que trouxeram as realidades vividas em cada localidade, também o marcou:
“Uma jovem da África falou sobre as moças que são olhadas somente pelos seus corpos, que vivem uma escravidão sexual. O jovem que representou a América falou sobre a atual descrença em Deus. Após cada um dos relatos, o Papa respondia a cada um e reforçava de forma muito concreta, que a Igreja está disposta a dialogar e parar para pensar nessas realidades. O Papa ainda pediu perdão em nome dos cristãos que ofendem as pessoas, aqueles que são batizados, mas fazem coisas horríveis, e disse que a Igreja hoje quer ter uma nova ótica sobre os fatos.”
Na parte da tarde, já começarão os trabalhos de grupo. Os jovens serão divididos em grupos linguísticos- inglês, espanhol, francês e italiano- e tratarão dos temas que comporão o documento pré-sinodal, que será entregue ao Papa no domingo, 25.