Papa reuniu-se com autoridades do Chipre nesse primeiro dia de viagem apostólica
Da Redação, com Santa Sé
Um discurso voltado ao diálogo, à integração e à paz, com a exortação de que o Chipre possa ser um estaleiro aberto de paz no Mediterrâneo. Nesta quinta-feira, 2, o Papa Francisco teve um encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático do Chipre, que recebe sua visita apostólica.
Acesse
.: Íntegra do discurso do Papa
.: Notícias sobre a viagem do Papa a Chipre e Grécia
Francisco destacou que o Chipre traz em si a vocação inata ao encontro e representa uma pérola de grande valor no coração do Mediterrâneo. Precisamente ali, onde se encontram Europa e Oriente, começou a primeira grande inculturação do Evangelho no continente. E é com grande emoção que o Papa percorre os passos de São Paulo, São Barnabé e São Marcos.
“Aqui estou peregrino entre vós para caminhar convosco, queridos cipriotas; com todos vós, no desejo de que a boa nova do Evangelho daqui leve uma mensagem feliz à Europa sob o signo das Bem-aventuranças”.
Mesmo hoje, o Chipre é marcado por muitos povos e raças. O Papa atentou para a presença de muitos imigrantes, uma porcentagem mais significativa entre os países da União Europeia.
“Guardar a beleza multicolor e poliédrica do conjunto não é fácil; requer, como na formação da pérola, tempo e paciência, exige um olhar amplo que abrace a variedade das culturas e se incline para o futuro com clarividência”.
Neste sentido, o Santo Padre destacou a necessidade de proteger e promover todas as componentes da sociedade, especialmente as minoritárias.
Diálogo, caminho para a paz
A maior ferida do Chipre, como pontuou o Papa, é a laceração das últimas décadas. Em especial, ele mencionou o sofrimento interior de quantos não podem voltar para as suas casas e locais de culto.
“Rezo pela vossa paz, pela paz de toda a ilha, e almejo-a com todas as forças. O caminho da paz, que sara os conflitos e regenera a beleza da fraternidade, está marcado por uma palavra: diálogo. Devemos ajudar-nos a crer na força paciente e serena do diálogo, haurindo-a das Bem-aventuranças”.
Francisco reconheceu que esse caminho não é fácil, mas não há outra alternativa para chegar à reconciliação. “Alimentemos a esperança com a força dos gestos, em vez de esperar em gestos de força. Pois há um poder dos gestos que prepara a paz: não o dos gestos de poder, das ameaças de retaliação e das demonstrações de força, mas o dos gestos de distensão, dos passos concretos de diálogo.”
Tragédias no Mediterrâneo
O Papa destacou o valor do diálogo também tendo em vista a situação no Mediterrâneo, que agora infelizmente é um lugar de conflito e de tragédias humanitárias. Nesse cenário, a exortação de Francisco é que o Chipre seja um estaleiro aberto de paz no Mediterrâneo.
“Com frequência, a paz não nasce dos grandes personagens, mas da determinação diária dos mais pequenos. O continente europeu precisa de reconciliação e unidade, tem necessidade de coragem e ímpeto para seguir em frente. Pois não serão os muros do medo e os vetos ditados por interesses nacionalistas que ajudarão o seu progresso, nem a recuperação econômica por si só poderá garantir a sua segurança e estabilidade. Olhemos a história de Chipre e vejamos como o encontro e o acolhimento deram frutos benéficos a longo prazo”.
Concluindo seu discurso, o Papa lembrou que, referindo-se a Chipre, os Atos dos Apóstolos contam que Paulo e Barnabé «percorreram toda a ilha até Pafos» (13, 6). “Para mim é uma alegria atravessar nestes dias a história e a alma desta terra, com a esperança que o seu anseio de unidade e a sua mensagem de beleza lhe continuem a guiar o caminho”.