JMC

Que as crianças tenham o necessário para viver, roga Francisco

“Se eu pudesse fazer um milagre, qual milagre eu faria? É fácil: que todas as crianças tenham o necessário para viver, comer, brincar, ir à escola”, disse o Papa durante a JMC

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante a I Jornada Mundial das Crianças (JMC), Estádio Olímpico de Roma

Papa Francisco durante a I Jornada Mundial das Crianças (JMC), Estádio Olímpico de Roma / Foto: Reprodução Youtube

Neste sábado, 25, dentro da programação da I Jornada Mundial das Crianças (JMC), o Papa Francisco foi recebido por milhares de crianças no Estádio Olímpico de Roma. Cerca de cinquenta mil pessoas participaram do evento.

Suas palavras iniciais foram um convite para dar o “pontapé inicial” a um movimento de meninos e meninas que querem construir um mundo de paz, “onde sejamos todos irmãos, um mundo que tem futuro, porque queremos cuidar do ambiente que nos rodeia”, disse Francisco.

Uma onda de alegria

“Em vocês, crianças, tudo fala de vida, de futuro, e a Igreja, que é mãe, as acolhe e as acompanha com ternura e esperança”, disse ainda Francisco. O Papa recordou que, em 7 de novembro passado, teve “a alegria de acolher no Vaticano milhares de crianças provenientes de várias partes do mundo”.

Naquele dia, vocês trouxeram uma onda de alegria e me fizeram suas perguntas sobre o futuro. Aquele encontro deixou uma marca no meu coração, e eu entendi que aquela conversa com vocês deveria continuar, deveria estender-se a muitas outras crianças e adolescentes. É por isso que estamos aqui hoje: para continuar a dialogar, para fazer perguntas e dar respostas.

Tristeza por causa das guerras

“Sei que vocês estão tristes com as guerras. Eu lhes faço uma pergunta: vocês estão tristes com as guerras?”, perguntou o Papa. E as crianças responderam: “Sim”!

A seguir, Francisco disse às crianças que recebeu, neste sábado, algumas crianças que “fugiram da Ucrânia e estavam sofrendo muito com as guerras”. “Algumas delas estavam feridas”. “A guerra é uma coisa boa”?, perguntou o Papa, e as crianças responderam: “Não!” “A paz, é uma coisa bonita?” “Sim!”, responderam elas.

“Vocês estão tristes porque muitos de seus coetâneos não podem ir à escola. Há meninas e meninos que não podem ir à escola”, disse ainda o Papa, que acrescentou:

Rezemos pelas crianças que não podem ir à escola, pelas crianças que sofrem com as guerras, pelas crianças que não têm alimento, pelas crianças que estão doentes e ninguém cuida delas.

A alegria é a saúde da alma

A seguir, o Papa perguntou: “Vocês sabem qual é o lema desta Jornada Mundial das Crianças? O lema é uma frase tirada da Bíblia: ‘Eis que faço novas todas as coisas'”. “Vocês já ouviram?” As crianças respondem: “Sim!” “Esse é o lema. É lindo. Pensem: Deus quer isso, tudo o que não é novo passa. Deus é novidade. O Senhor sempre nos dá novidade”, disse o Papa.

“Queridas crianças, vamos em frente e tenhamos alegria. A alegria é saúde para a alma. Queridas meninas, queridos meninos, Jesus disse no Evangelho que ama vocês. Coragem e adiante”, sublinhou Francisco que rezou uma Ave-Maria com as crianças.

Gesto de paz

Depois, o Papa respondeu algumas perguntas feitas pelas crianças.

Jerônimo proveniente da Colômbia perguntou ao Papa se a paz é sempre possível. O Papa dirigiu a pergunta às crianças que responderam que sim e que é preciso fazer a paz quando se tem um problema na escola. É preciso perdoar e pedir desculpas. “Dar as mãos é um gesto de paz”, disse Francisco, estendendo a mão ao menino.

Lia Marise do Burundi, um dos 101 países representados na Jornada Mundial das Crianças, perguntou ao Papa o que as crianças podem fazer para tornar o mundo melhor.

O Papa respondeu, dizendo: não brigar, falar com gentileza, brincar juntos e ajudar os outros. “Fazendo essas coisas, o mundo será melhor”, sublinhou.

Que todas as crianças tenham o necessário para viver

Uma menina da Indonésia perguntou ao Papa: “Se o senhor pudesse fazer um milagre, qual escolheria?” Francisco respondeu:

“Se eu pudesse fazer um milagre, qual milagre eu faria? É fácil: que todas as crianças tenham o necessário para viver, comer, brincar, ir à escola. Este é o milagre que eu gostaria de fazer.”

É verdade, respondeu a Ali, do Paquistão, “que somos todos irmãos e irmãs”. “No entanto, muitas pessoas não têm casa nem trabalho”. “Por quê?”, perguntou uma criança da Nicarágua. “É o fruto da maldade, do egoísmo e da guerra”, respondeu o Pontífice. Muitos países gastam dinheiro para fabricar armas e há pessoas que não têm nada para comer. “Todos os dias, rezem pelas crianças que sofrem essa injustiça”, disse Francisco às milhares de crianças nas arquibancadas e ao redor dele, insistindo para que façam um minuto de silêncio pelas injustiças.

Falar com quem tem o coração duro

“Como abrir o coração dos adultos?”, perguntou Ido, da Coreia do Sul. Há muita gente fechada, “com coração duro, com o coração que parecem um muro”, disse o Papa. Não é fácil, repetiu, mas vocês, crianças, devem ter esta ilusão de fazer coisas que façam os adultos pensar. Vocês devem bater às portas dos adultos e fazer essas perguntas e também fazê-las a Deus. “Vocês, crianças, podem fazer uma verdadeira revolução com essas perguntas e com essas inquietações”, exortou.

“Viva os avós!”

O Papa pensou também nos idosos, motivado pela pergunta de Iolanda. “Viva os avós”, pediu ele para as crianças gritarem no Estádio Olímpico de Roma, depois de ter lembrado a importância de ir visitar os idosos, porque “são ótimos”, pois deram a vida pela família e transmitem a história. Uma brincadeira, por outro lado, é uma resposta a uma pergunta sobre esporte. “Fico feliz quando a Argentina vence a Copa do Mundo, mas uma vez ganhou com a mão e isso não foi bom”, disse, lembrando o gol de Maradona contra a Inglaterra em 1986.

Testemunhos de todo o mundo

O evento no Estádio Olímpico foi marcado por testemunhos, música e esporte. Uma criança de cada continente falou sobre a sua vida e o que a preocupa. Victor, 13 anos, de Belém, há oito meses vê o céu ocupado por mísseis e se pergunta: “Que culpa temos nós, crianças, se nascemos em Belém, Jerusalém ou Gaza? Eugenia, de Kharkiv, na Ucrânia, quer a paz e não quer que as crianças ouçam bombas caindo e vejam a morte. Mila, da Nova Zelândia, teme pelo futuro do planeta devido ao aumento das enchentes, assim como Mateus, de Buenos Aires, disse estar preocupado com as crianças que estão doentes e não têm o que comer.

Tolentino: as crianças são mestras da amizade e do perdão

As crianças, explicou na saudação inicial o cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, que patrocinou o evento, “são mestras daquelas artes universais de que o mundo de hoje precisa urgentemente”, como a arte da amizade, do abraço, do perdão, da convivência fraterna, da alegria simples, da aceitação das diferenças como riqueza e não como ameaça, da fé vivida de forma vibrante e neutra”.

O próximo evento da Jornada Mundial das Crianças é a missa na Praça São Pedro presidida pelo Papa Francisco no domingo, 26 de maio.

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