Pontífice recebeu, em audiência, os participantes do projeto “Custódios da Beleza” promovido pela Conferência Episcopal Italiana
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu, em audiência, nesta segunda-feira, 30, na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do projeto “Custódios da Beleza” promovido pela Conferência Episcopal Italiana (CEI).
Em seu discurso, o Pontífice ressaltou que “ser “Custódios da Beleza” é uma grande responsabilidade, mas também uma mensagem importante para a comunidade eclesial e para a sociedade como um todo”. O Papa refletiu sobre o nome desse projeto “que não é um simples slogan, mas indica um modo de ser, um estilo, uma escolha de vida orientada para duas grandes finalidades: custodiar e beleza”.
“Custodiar significa proteger, conservar, zelar e defender. É uma ação multifacetada, que exige atenção e cuidado, pois parte da consciência do valor de quem ou do que nos é confiado. Por isso não permite distrações e preguiça”, disse Francisco. O Santo Padre reforçou que quem custodia fica de olhos bem abertos, não tem medo de perder tempo, de se envolver, de assumir responsabilidades. “Tudo isso num contexto que, muitas vezes, nos convida a não ‘sujar as mãos’ e a delegar, é profético, porque exige um compromisso pessoal e comunitário. Cada um, com as suas capacidades e competências, com inteligência e coração, pode fazer algo para proteger as coisas, os outros, a casa comum, numa perspectiva de cuidado integral da criação”.
Pobres da terra
O Papa recordou que São Paulo diz, na Carta aos Romanos, que “a criação toda geme e sofre”. Segundo ele, esse grito une-se ao de muitos pobres da terra, que pedem urgentemente decisões sérias e eficazes destinadas a promover o bem de todos, numa perspectiva que não pode ser apenas ambiental, mas deve se tornar ecológica num sentido mais amplo e mais integral.
“Hoje, há muitas pessoas à margem, descartadas, esquecidas numa sociedade cada vez mais eficiente e implacável: os pobres, os migrantes, os idosos e os deficientes sozinhos, os doentes crônicos. No entanto, cada um é precioso aos olhos do Senhor. É por isso que eu os exorto, em seu trabalho de regeneração de muitos lugares deixados ao abandono e à degradação, a manter sempre como seu objetivo principal o cuidado das pessoas que vivem e frequentam esses lugares. Somente dessa forma vocês restaurarão a beleza da criação”, exortou.
Beleza
Na sequência, Francisco falou sobre a beleza, ressaltando que, hoje, se fala muito sobre ela, a ponto de torná-la uma obsessão. Muitas vezes, porém, ela é considerada de forma distorcida, confundindo-a com modelos estéticos efêmeros e massificantes, mais ligados a critérios hedonistas, comerciais e publicitários do que ao desenvolvimento integral das pessoas, alertou o Santo Padre.
Tal abordagem é deletéria, explicou, pois não ajuda a florescer o melhor de cada um, mas leva à degradação do ser humano e da natureza. Se, de fato, “não se aprende a parar para admirar e apreciar a beleza, não é estranho que tudo se transforme em objeto de uso e abuso inescrupuloso”, frisou o Pontífice citando um trecho de sua Encíclica Laudato si’.
O Papa sublinhou que é questão de aprender a cultivar a beleza como algo único e sagrado para cada criatura, pensada, amada e celebrada por Deus desde as origens do mundo como uma unidade inseparável de graça e bondade, de perfeição estética e moral. O Santo Padre afirmou aos participantes que essa é a missão deles e os encorajou, como cooperadores no grande projeto do Criador, a não se cansarem de transformar a feiura em beleza, a degradação em oportunidade, a desordem em harmonia.
Francisco pediu a São José de Nazaré que acompanhe os participantes do projeto “Custódios da Beleza”, ele que foi “o custódio humilde e silencioso do «mais belo dos filhos do homem», do Verbo encarnado em quem todas as coisas foram criadas e existem”. “Com sua fidelidade discreta e trabalhadora, São José ajudou a devolver a beleza ao mundo”.