Em celebração, Francisco apontou que para encontrar Jesus, como os magos, é preciso olhar para o alto, caminhar e oferecer presentes gratuitos
Da redação
Papa Francisco celebrou neste sábado, 6, na Basílica São Pedro, no Vaticano, a solenidade da Epifania do Senhor. A celebração eucarística, que comemora a manifestação de Jesus Cristo como o Messias, indica segundo o Santo Padre três pontos do percurso realizado pelos três reis magos como o caminho que leva o ser humano a um encontro com o Senhor. “Eles veem a estrela, põe-se a caminho e oferecem presentes”, apontou.
Segundo Francisco ver a estrela é o ponto de partida para um encontro sincero com Jesus, ato por vezes sublinhado pelo pontífice como distante do ser humano quando este se contenta a apenas olhar para a terra. “Basta a saúde, algum dinheiro e um pouco de divertimento. Me pergunto, nós ainda sabemos levantar os nossos olhos para o céu? Sabemos sonhar e nos alegrar por Deus, sabemos esperar a sua novidade? Ou nos deixamos levar pela vida, como um ramo seco pelo vento?”, indagou.
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Para viver de verdade, de acordo com o Papa, é preciso intuir como os magos: ter uma meta alta e manter alto o olhar. A estrela de Jesus não é deslumbrante, não brilha mais do que as outras, afirmou Francisco, mas é mansa, guia pela mão, acompanha, não promete recompensas materiais, mas garante a paz e dá, como para os magos, uma imensa alegria, porém, também pede para caminhar. “Caminhar, é a segunda ação dos magos e é essencial para encontrar Jesus”, indicou o Santo Padre.
“A sua estrela [de Jesus] solicita a decisão de se pôr a caminho. A fadiga diária da caminhada pede à pessoa, para se libertar de pesos inúteis e situações embaraçantes que estorvam, e a aceitar os imprevistos que não aparecem assinalados no mapa da vida tranquila. Jesus se deixa encontrar por quem o busca, mas para buscá-lo é preciso mover-se, sair, não ficar a espera, mas arriscar, não ficar parados, avançar. Jesus é exigente a quem o busca, propõe deixar as poltronas das comodidades mundanas (…). Seguir Jesus não é um educado protocolo a respeitar, mas um êxodo a viver”, afirmou o Papa.
Para encontrar Jesus é preciso perder o medo, ressaltou Francisco, que indica que ao arriscar-se para encontrar um menino — Jesus —, o ser humano descobre ternura e amor, para enfim descobrir a si mesmo. Mas alertou que independente do chamado, a escolha é individual, difícil e pode ser a tentação de quem se considera crente há muito tempo e olha para a fé como algo já conhecido, e não se compromete pessoalmente com o Senhor.
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“Viemos adorá-lo”, frase dos magos apontado por Francisco como primeira ação de gratuidade daqueles que conhecem e se encontram de fato com Jesus. “Ofereceram as suas preciosidades: ouro, incenso e mirra. O evangelho se cumpre quando o caminho da vida chega a doação, dar gratuitamente, por amor ao Senhor, sem esperar nada em troca. Isto é sinal certo de ter encontrado Jesus, que diz: ‘Recebestes de graça, daí de graça’. Praticar o bem sem cálculos, (…) mesmo se não faz ganhar nada, mesmo se não nos apetece, isto é o que Deus deseja”, indicou.
Segundo o pontífice o cristão que encontra o Senhor oferece algo pelos mais pequeninos, os que não tem com o quê retribuir, os necessitados, os famintos, os presos, os pobres. “Oferecer um presente agradável a Jesus é cuidar de um doente, dedicar tempo a uma pessoa difícil, ajudar alguém que não nos inspira, oferecer o perdão a quem nos ofendeu, são presentes gratuitos, não podem faltar na vida cristã, caso contrário, como nos recorda Jesus, amando apenas aqueles que nos amam, fazemos como os pagãos” alertou o Papa, que convidou os fiéis a procurarem neste tempo festivo um presente gratuito, sem retribuição, para ser ofertado a Deus.
“Queridos irmãos e irmãs façamos como os magos: olhar para o alto, caminhar e oferecer presentes gratuitos” concluiu Francisco, que pediu: “Senhor fazei me redescobrir a alegria de dar”.