Audiência no Vaticano

Papa: a sociedade é chamada a contrastar o câncer da corrupção

Francisco encontrou-se na manhã desta segunda-feira, 18, com funcionários do Tribunal de Contas Italiano

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco e participantes da audiência desta segunda-feira, 18, na Sala Paulo VI/ Foto: Vatican Media

“A sociedade em seu conjunto é chamada a esforçar-se concretamente para contrastar o câncer da corrupção em suas várias formas”. A frase é de autoria do Papa Francisco e foi dita no final da manhã desta segunda-feira, 18, quando o Pontífice encontrou-se na Sala Paulo VI, no Vaticano, com funcionários do Tribunal de Contas Italiano.

O grupo, composto por cerca de mil pessoas, tinha como integrantes juízes, funcionários administrativos, familiares e amigos. Durante a audiência, o Santo Padre reforçou o papel do Tribunal de Contas no exercício da verificação sobre a gestão e sobre as atividades das administrações públicas. “[O Tribunal de Contas] representa um instrumento válido para prevenir e contrastar a ilegalidade e os abusos. Ao mesmo tempo, pode indicar os instrumentos para superar ineficiências e distorções”, sublinhou o Papa.

Segundo Francisco, o instituto da República Italiana encarna um caráter ético, que é o mesmo subjacente ao funcionamento do Estado, ao qual “compete o cuidado e a promoção do bem comum da sociedade” (Exortação ap. Evangelii gaudium, 40). O Pontífice ressaltou que o Tribunal de Contas realiza um serviço indispensável orientado ao bem-comum segundo justiça. “E esse não é um conceito ideológico ou somente teórico, mas está ligado às condições de pleno desenvolvimento para todos os cidadãos e pode ser realizado considerando a dignidade da pessoa na sua totalidade”, disse.

Por esta razão, continuou o Santo Padre, o Estado, em todas as suas articulações, é chamado a ser o defensor dos direitos naturais do homem, cujo reconhecimento é uma condição para a existência do Estado de direito. “Portanto, o bem da pessoa humana, entendida sempre na sua dimensão relacional e comunitária, deve constituir o critério essencial de todos os órgãos e os programas de uma Nação”, frisou.

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Francisco continuou seu discurso com a seguinte observação: “A averiguação rigorosa das despesas freia a tentação, comum naqueles que ocupam cargos políticos ou administrativos, a gerir os recursos não de modo cauteloso, mas para fins de clientelismo e de mero consenso eleitoral”.

Nessa perspectiva, o Pontífice reforçou a importância do papel que a Magistratura contábil reveste para a coletividade, em particular no combate incessante à corrupção. “[A corrupção] é uma das chagas mais dilacerantes do tecido social, porque o danifica enormemente tanto no plano ético quanto no plano econômico: com a ilusão de ganhos rápidos e fáceis, na realidade empobrece todos, minando a confiança e transparência do sistema em sua totalidade. A corrupção humilha a dignidade do indivíduo e destrói todos os ideais bons e bonitos”, refletiu.

“Os administradores públicos devem sentir sempre mais a responsabilidade de atuar com transparência e honestidade, favorecendo assim a relação de confiança entre o cidadão e as instituições, cujo distanciamento é uma das manifestações mais graves da crise da democracia”, alertou o Santo Padre.

De acordo com o Papa, a averiguação rigorosa das despesas por parte da magistratura contábil de um lado, e a atitude correta e límpida dos responsáveis pela coisa pública de outro lado, podem frear a tentação de gerir os recursos de modo incauto e para fins de clientelismo. “Os bens comuns constituem recursos que devem ser tutelados para o bem de todos, especialmente dos mais pobres, e diante de uma utilização irresponsável destes o Estado é chamado a desempenhar uma indispensável função de vigilância, sancionando devidamente os comportamentos ilícitos”, afirmou Francisco.

O Santo Padre concluiu fazendo aos presentes um convite a viver este tempo da Quaresma como ocasião para fixar em profundidade o olhar em Cristo, Mestre e Testemunha de verdade e de justiça, confiando-os todos à proteção de São José, “homem justo”.

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