Os desafios da pastoral penitenciária estiveram no centro do discurso do Pontífice aos participantes de encontro internacional promovido em Roma
Da redação, com Vatican News
“É mais fácil reprimir que educar”. A frase foi dita pelo Papa Francisco na manhã desta sexta-feira, 8, ao receber em audiência, no Vaticano, os participantes do Encontro sobre o Desenvolvimento Humano Integral e a Pastoral Penitenciária Católica. Em seu discurso, o Pontífice reiterou o conceito de que a situação dos cárceres segue sendo o reflexo da realidade social atual e consequência do egoísmo e da indiferença sintetizados na cultura do descarte.
Muitas vezes, afirmou o Santo Padre, a sociedade procura no isolamento e no encarceramento a solução última aos problemas da vida em comunidade. Para isso, com frequência toma medidas desumanas, justificando-as em uma suposta busca do bem e da segurança, destinando grandes quantidades de recursos públicos para reprimir os infratores. Ao invés, deveria investir energias em procurar a promoção do desenvolvimento integral das pessoas para reduzir as circunstâncias que favorecem a realização do crime, frisou Francisco.
“É mais fácil reprimir que educar – diria que é mais cômodo também -, negar a injustiça presente na sociedade e criar estes espaços para fechar no esquecimento os infratores, do que oferecer igualdade de oportunidades de desenvolvimento a todos os cidadãos”, afirmou.
O Papa dedicou boa parte do seu discurso para falar dos processos de reinserção. Segundo o Pontífice, muitos desses processos fracassam porque na experiência prisional o detento vive a sua despersonalização. Já uma verdadeira reinserção social começa garantindo oportunidades de desenvolvimento, educação e acesso à saúde, destacou.
O Santo Padre convidou a sociedade a superar a estigmatização de quem cometeu um erro: “Se esses irmãos e irmãs já descontaram a pena pelo mal cometido, por que se coloca sobre seus ombros um novo castigo social com a rejeição e a indiferença? Em muitas ocasiões, esta aversão social é um motivo a mais para expô-los a reincidir nas próprias faltas. ”
Antes de concluir, Francisco propôs à reflexão dos presentes duas imagens: a do horizonte e a da maternidade. Para ele, não se pode falar de punição humana sem horizonte. “Até mesmo a punição perpétua – para mim discutível -, tem que ter um horizonte. Ninguém pode mudar de vida se não vê um horizonte”, sublinhou.
A segunda imagem remeteu o Papa a Buenos Aires, quando em visita pastoral observava a fila de mães fora do cárcere para visitar os detentos. Elas não sentiam vergonha, porque iam visitar seus filhos. “Que a Igreja aprenda a maternidade dessas mulheres e aprenda os gestos de maternidade para com os presos”, exortou.
Por fim, o Papa dirigiu palavras de encorajamento aos agentes de pastoral: “Peço a Deus por cada pessoa que, a partir do silêncio generoso, serve a estes irmãos, reconhecendo neles o Senhor. Congratulo-me por todas as iniciativas com as quais assistem também pastoralmente às famílias dos detentos e as acompanham neste período de grande provação, para que o Senhor abençoe a todos”.