MENSAGEM À CÚPULA EM PARIS

Papa sobre IA: com os progressos, o homem está se tornando melhor?

Francisco enviou mensagem à cúpula sobre inteligência artificial que termina hoje em Paris; Pontífice frisa que a questão humana é fundamental

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante sessão sobre Inteligência Artificial (IA) na cúpula do G7 em Borgo Egnazia, Itália, em 14 de junho de 2024 / Foto: REUTERS -Louisa Gouliamaki

O Papa Francisco enviou uma mensagem ao presidente francês, Emmanuel Macron, por ocasião da Cúpula de ação sobre Inteligência Artificial que se encerra nesta terça-feira, 11, em Paris.

A mensagem foi lida pelo Núncio Apostólico na França, Dom Celestino Migliore. Citando o grande filósofo e cientista Blaise Pascal, o Papa afirma que o “coração” é um conceito-chave.

“Na minha mais recente Carta Encíclica Dilexit Nos, estabeleci uma distinção entre o funcionamento dos algoritmos e o ‘poder do coração’, conceito caro ao grande filósofo e cientista Blaise Pascal, a quem dediquei uma Carta Apostólica no quarto centenário do seu nascimento (cf. Sublimitas et Miseria Hominis, 19 de junho de 2023). Fi-lo para sublinhar que, embora os algoritmos possam ser usados ​​para manipular e enganar, o ‘coração’, entendido como a sede dos nossos sentimentos mais profundos e autênticos, nunca pode enganar”.

Estudar o impacto da IA ​

Francisco recorda documento “Nota sobre a relação entre inteligência artificial e inteligência humana, publicado em 28 de janeiro, e espera que as próximas cúpulas considerem mais profundamente os efeitos sociais da inteligência artificial nas relações humanas, na informação e na educação.

“A questão fundamental é, e continuará sendo, humana, isto é, se, no meio destes progressos tecnológicos, ‘o homem, enquanto homem, está se tornando realmente melhor, ou seja, mais maduro espiritualmente, mais consciente da dignidade da sua humanidade, mais responsável, mais aberto aos outros, especialmente aos mais necessitados e aos mais frágeis’ (cfr. João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor Hominis, 15). Nosso desafio final sempre será o homem. Nunca o percamos de vista!”, enfatizou.

Criar uma plataforma compartilhada

Francisco está preocupado que a voz dos pobres, dos que não são ouvidos e daqueles que normalmente não estão envolvidos nos processos de tomada de decisão não seja ignorada. Além disso, ele reconhece que, nesta ocasião, a cúpula de Paris tentou envolver o maior número possível de pessoas e especialistas “numa reflexão – escreve ele – destinada a produzir resultados concretos”. Então formula uma esperança baseada no que já havia expressado na Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2024:

“Espero que a Cúpula de Paris trabalhe para a criação de uma plataforma de interesse público sobre inteligência artificial, para que cada nação possa encontrar na inteligência artificial um instrumento para seu próprio desenvolvimento e para a luta contra a pobreza, mas também para a proteção de suas culturas e línguas locais. Somente dessa forma todos os povos da Terra poderão contribuir para a criação de dados usados ​​pela inteligência artificial, de modo que reflitam a verdadeira diversidade e riqueza que distingue nossa família humana”.

Inovação a serviço do bem comum

Como já havia afirmado no G7 da Puglia, convencido de que, na ausência de um controle adequado, a inteligência artificial, “apesar de ser um novo instrumento estimulante, poderia mostrar seu lado mais temível representando uma ameaça à dignidade humana”, o Pontífice destaca que uma política “saudável” é aquela que insere as inovações tecnológicas dentro de um projeto maior que busca o bem comum, como ele reiterou várias vezes na Laudato si‘. A seguir, escreve:

“A inteligência artificial, na minha opinião, pode se tornar um instrumento poderoso nas mãos daqueles cientistas e especialistas que cooperam na busca de soluções inovadoras e criativas que promovam a ecossustentabilidade da Terra, nossa casa comum, sem transcurar o alto consumo de energia associado ao funcionamento das infraestruturas de inteligência artificial”.

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