Em encontro com membros da Associação Italiana de Doadores de Órgãos, Francisco pediu a promoção de uma cultura da doação
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, neste sábado, 13, na Sala Clementina, no Vaticano, quatrocentos membros da Associação Italiana de Doadores de Órgãos (AIDO). Em seu discurso, Francisco destacou que a evolução na medicina de transplantes tornou possível doar órgãos depois da morte, e em alguns casos também em vida (como no caso do rim, por exemplo) para salvar outras vidas, preservar, recuperar e melhorar a saúde de muitas pessoas doentes que não têm outra opção: “A doação de órgãos responde a uma necessidade social porque, não obstante a evolução de muitos tratamentos médicos, a necessidade de órgãos ainda é grande”.
Segundo o Pontífice, o significado da doação para o doador, para o receptor e para a sociedade, não termina em sua utilidade, pois se trata de experiências profundamente humanas e cheias de amor e altruísmo. “A doação significa olhar e ir além de si mesmo, além das necessidades individuais e abrir-se com generosidade a um bem mais amplo. Nesta perspectiva, a doação de órgãos não é apenas um ato de responsabilidade social, mas uma expressão de fraternidade universal que une todos os homens e mulheres”, suscitou o Santo Padre.
Em seguida, o Papa citou um trecho do Catecismo da Igreja Católica que diz: “A doação de órgãos após a morte é um ato nobre e meritório e deve ser encorajado como uma manifestação de generosa solidariedade”. Francisco continuou: “Em virtude da dimensão relacional intrínseca do ser humano, cada um de nós se realiza também através da participação na realização do bem dos outros. Cada pessoa representa um bem não só para si mesmo, mas para toda a sociedade. Eis o significado do compromisso com a realização do bem dos outros”.
Na Carta Encíclica Evangelium vitae, São João Paulo II recorda que, dentre os gestos que alimentam uma cultura autêntica da vida, merece particular apreço a doação de órgãos feita, segundo formas eticamente aceitáveis, para oferecer uma possibilidade de saúde e até de vida a doentes, por vezes já sem esperança, explicou Francisco.
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“Por esse motivo, é importante manter a doação de órgãos como um ato gratuito não remunerado. De fato, toda forma de comercialização do corpo ou de uma parte dele é contrária à dignidade humana. Ao doar sangue ou um órgão do corpo, é necessário respeitar a perspectiva ética e religiosa”, sublinhou o Pontífice. Para aqueles que não têm uma fé religiosa, o Papa recordou que o gesto para com os irmãos necessitados pede para ser realizado com base em um ideal de solidariedade humana desinteressada.
Para o Santo Padre os fiéis são chamados a viver esse gesto como uma oferenda ao Senhor, que se identificou com aqueles que sofrem por causa de doença, acidentes de trânsito ou acidentes de trabalho. “É bom que os discípulos de Jesus ofereçam seus órgãos, nos termos permitidos pela lei e pela moral, pois se trata de um dom feito ao Senhor sofredor, que disse que tudo o que fizermos a um irmão necessitado o fazemos a Ele”, refletiu o Papa.
Promover uma cultura da doação foi o que pediu Francisco. O Pontífice afirmou ser possível alcançar este objetivo através da informação, conscientização e compromisso constante e apreciado, favorecendo a oferta de uma parte do próprio corpo, sem riscos ou consequências desproporcionais, na doação em vida, e de todos os órgãos após a própria morte.
“Da nossa própria morte e da nossa doação podem surgir a vida e a saúde de outros, doentes e sofredores, ajudando a reforçar a cultura da ajuda, do dom, da esperança e da vida. Diante das ameaças contra a vida, que infelizmente vemos cotidianamente, como no caso do aborto e da eutanásia, a sociedade precisa desses gestos concretos de solidariedade e amor generoso”, concluiu o Papa.