Em discurso a autoridades, sociedade civil e corpo diplomático, Francisco destacou desenvolvimento do país baseado na justiça social e bem comum
Da Redação, com Vatican News
Papa Francisco cumprimenta presidente de Singapura durante compromisso nesta quinta-feira, 12 / Foto: Vatican Media/Hans Lucas via Reuters Connect
Após a chegada a Singapura na quarta-feira, 11, a agenda de compromissos do Papa Francisco nesta quinta-feira, 12, teve início com a cerimônia de boas vindas realizada durante a manhã. O momento foi seguido por uma visita de cortesia ao presidente, Tharman Shanmugaratnam, e um encontro com o primeiro-ministro.
Depois destas primeiras audiências, o Pontífice se dirigiu à Universidade Nacional de Singapura para se encontrar com autoridades, representantes da sociedade civil e o Corpo Diplomático do país. Em seu discurso, destacou os arranha-céus que compõem a paisagem, “testemunho claro do engenho humano, do dinamismo da sociedade de Singapura e da argúcia empresarial, que encontraram aqui um terreno fértil para se exprimirem”.
Ao recordar a história de crescimento e resiliência de Singapura, o Santo Padre enfatizou também o esforço para construir uma sociedade “em que a justiça social e o bem comum são tidos em grande consideração”, citando a “dedicação à melhoria das condições de vida dos cidadãos, com políticas sobre a habitação pública, uma educação de elevada qualidade e um sistema de saúde eficiente”.
Diante disso, o Pontífice alertou para o risco que comportam “um certo pragmatismo e a exaltação do mérito, com a consequência não intencional de legitimar-se a exclusão dos que se encontram à margem dos benefícios do progresso”. Ao mesmo tempo, reconheceu “as várias políticas e iniciativas postas em prática, tanto para apoiar os mais frágeis (…) como para proteger a dignidade dos trabalhadores migrantes, que tanto contribuem para a construção da sociedade e a quem deve ser garantido um salário justo”.
Promover um diálogo construtivo
O Santo Padre também falou das tecnologias da era digital e os rápidos desenvolvimentos na utilização da inteligência artificial. Ele sublinhou que elas podem promover a compreensão e a solidariedade e “ser aproveitadas precisamente para nos aproximar uns dos outros em vez de nos isolar perigosamente numa realidade fictícia e intangível”.
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Neste contexto, chamou a atenção das autoridades para o compromisso de empenhar-se em um diálogo construtivo, permitindo que todos deem sua contribuição para o bem comum e não consentindo que o extremismo e a intolerância ganhem força e coloquem em perigo a paz social.
“O respeito mútuo, a cooperação, o diálogo e a liberdade de professar o seu credo no respeito pela lei comum são condições determinantes para o êxito e a estabilidade de Singapura, pré-requisitos para um desenvolvimento não conflituoso nem caótico, mas equilibrado e sustentável”, expressou Francisco.
O papel da Igreja
O Papa citou a contribuição da Igreja Católica para o progresso de Singapura, especialmente nos domínios da educação e dos cuidados de saúde. “Sempre inspirada pelo Evangelho de Jesus Cristo, a comunidade católica está também na linha de frente no que diz respeito às obras de caridade, contribuindo significativamente para os esforços humanitários e gerindo, para o efeito, várias instituições de saúde e muitas organizações humanitárias, entre as quais a Cáritas”, declarou.
Além disso, acrescentou que “a Igreja tem promovido constantemente o diálogo inter-religioso e a cooperação entre as diferentes comunidades religiosas num espírito de abertura e respeito mútuo, que são fundamentais para a construção de uma sociedade justa e pacífica”.
O Pontífice citou que sua visita ao país tem como objetivo “confirmar os católicos na fé, exortando-os a prosseguir alegres e dedicados na sua colaboração com todos os homens e mulheres de boa vontade, para construírem uma sociedade civil sã e coesa, em favor do bem comum e de um testemunho cristalino da própria fé”.
Trabalhar a favor da unidade e da fraternidade
Ao recordar o papel específico que Singapura tem a desempenhar na ordem internacional, “ameaçada por conflitos e guerras sangrentas”, encorajou a “prosseguir o trabalho a favor da unidade e da fraternidade entre os homens, visando o bem comum de todos os povos e nações, com um critério que não seja excludente nem estreitamente centrado nos interesses nacionais”.
O Santo Padre falou ainda das famílias e da crise ambiental. Em relação ao primeiro ponto, salientou que as famílias precisam ser apoiadas na transmissão dos valores que dão sentido e forma à vida, ensinando os jovens a formar relações sólidas e saudáveis. “É louvável, portanto, o esforço de promoção, proteção e apoio à unidade familiar através do trabalho de várias instituições”, manifestou.
Quanto à situação do meio ambiente, Francisco enalteceu o empenho de Singapura no desenvolvimento sustentável e na proteção da natureza. A procura de soluções inovadoras para os desafios ambientais pode incentivar outros países a fazer o mesmo, sublinhou, acrescentando que “Singapura é um exemplo brilhante do que a humanidade pode alcançar se trabalhar em conjunto, em harmonia, com sentido de responsabilidade e num espírito de inclusão e fraternidade”.
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