Comitê judaico promove e acompanha o diálogo inter-religioso em todo o mundo e recebeu as palavras do Papa por meio do Cardeal Koch
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco reafirma o compromisso da Igreja Católica em combater todas as formas de antissemitismo. Ele enviou uma saudação a uma delegação do Comitê Judaico Internacional para Consultas Inter-religiosas, que seria recebida por ele em audiência nesta quinta-feira, 30. O encontro não aconteceu devido a uma inflamação no joelho do Santo Padre.
Apesar de não participar do encontro, o Santo Padre enviou sua saudação ao comitê por meio do presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch.
Francisco destaca que, em tempos turbulentos, é de grande importância que judeus e cristãos se encontrem e trabalhem cada vez mais juntos. Essa é uma forma para tentar combater certas tendências negativas nas sociedades ocidentais: a idolatria do eu e do dinheiro; individualismo exasperado; a cultura da indiferença e do desperdício.
“Somos chamados a testemunhar juntos o Deus de misericórdia e justiça, que ama e cuida das pessoas; e podemos fazê-lo recorrendo à herança espiritual que compartilhamos em parte e que temos a responsabilidade de preservar e aprofundar.”
Ódio e violência: incompatíveis com a fé
O Pontífice afirmou que as tradições religiosas de ambos – cristãos e judeus – pedem para enfrentar discórdias, divergências e conflitos não de forma agressiva, mas sem preconceitos e com intenções pacíficas, a fim de encontrar pontos de convergência aceitáveis para todos.
Francisco ainda destacou que o ódio e a violência são incompatíveis com a fé em Deus misericordioso. “Judeus e cristãos, somos chamados a nos comportar de modo a nos assemelharmos o máximo possível ao nosso Criador e Pai. Sabe-se que isso se torna muito difícil quando são alvo de abusos e perseguições, como aconteceu muitas vezes na história e, infelizmente, também acontece hoje”.
Na saudação, o Pontífice também afirmou que o diálogo inter-religioso é um sinal providencial dos nossos tempos, no sentido de que é o próprio Deus, no seu sábio desígnio, que inspira os líderes religiosos e muitas pessoas comuns ao desejo de se encontrarem e conhecer uns aos outros respeitando as diferenças religiosas.
“Esta é a principal forma de fazer crescer a fraternidade e a paz no mundo. Ao fortalecer o diálogo, podemos resistir ao extremismo, que infelizmente é uma patologia que também pode se manifestar nas religiões”.
Sobre o trabalho do comitê
O comitê judaico foi criado, em 1970, para promover e acompanhar o diálogo inter-religioso em todo o mundo. Reúne muitas grandes organizações judaicas, com sede especialmente nos Estados Unidos da América. Desde o início, está em contato com a Comissão da Santa Sé para as relações religiosas com o judaísmo, e junto com ela organiza regularmente conferências conjuntas sobre temas atuais.