Homilia

Papa reza pelos que morreram por causa do coronavírus

Pontífice dirigiu uma oração especial pelos agentes de saúde que morreram socorrendo os doentes de coronavírus

Da redação, com Vatican News

O Papa Francisco direcionou seu pensamento durante a missa desta quarta-feira, 18, para aqueles que estão sofrendo em razão da pandemia de coronavírus. A intenção de oração do foi para os que perderam a vida. “Rezemos hoje pelos defuntos, aqueles que por causa do vírus perderam a vida; de modo especial, gostaria que rezássemos pelos agentes de saúde que morreram estes dias. Deram a vida no serviço aos doentes”, rogou.

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Na homilia realizada na capela da Casa Santa Marta, o Pontífice refletiu sobre o Evangelho do dia e afirmou: Deus é próximo de seu povo neste momento difícil e pede que todos estejam próximos uns dos outros. 

Íntegra da homilia

“O tema de ambas as leituras de hoje é a Lei. A Lei que Deus dá a seu povo. A Lei que o Senhor quis dar-nos e que Jesus quis levá-la à máxima perfeição. Mas tem uma coisa que chama a atenção: o modo em que Deus dá a Lei.

Diz Moisés: “De fato, qual grande nação tem deuses tão próximos de si como está de nós o Senhor, nosso Deus, cada vez que O invocamos?” O Senhor dá a Lei a seu povo com uma atitude de proximidade. Não são prescrições de um governante, que pode estar distante, ou de um ditador… Não: é a proximidade; e nós sabemos pela revelação que é uma proximidade paterna, de pai, que acompanha o seu povo dando-lhe o dom da Lei. O Deus próximo. “De fato, qual grande nação tem deuses tão próximos de si como está de nós o Senhor, nosso Deus, cada vez que O invocamos?”

O nosso Deus é o Deus da proximidade, é um Deus próximo, que caminha com o seu povo. Aquela imagem no deserto, no Êxodo, a nuvem, a coluna de fogo para proteger o povo: caminha com o seu povo. Não é um Deus que deixa as prescrições escritas, “e segue adiante”. Faz as prescrições, as escreve na pedra com as próprias mão, as dá a Moisés, as entrega a Moisés, mas não deixa as prescrições e vai embora: caminha, é próximo. “Qual nação tem um Deus tão próximo?” É a proximidade. O Nosso Deus é um Deus da proximidade.

E a primeira resposta do homem, nas primeiras páginas da Bíblia, são duas atitudes de não proximidade. Nossa resposta é sempre distanciar-nos, distanciamo-nos de Deus. Ele se faz próximo e nós nos distanciamos. Aquelas duas primeiras páginas, a primeira atitude de Adão, com a mulher, é esconder-se: escondem-se da proximidade de Deus, têm vergonha, porque pecaram, e o pecado nos leva a esconder-nos, a não querer a proximidade. E muitas vezes, a fazer uma teologia somente pensada “no juiz”, e por isso me escondo: tenho medo.

A segunda atitude, humana, à proposta desta proximidade de Deus é matar. Matar o irmão. “Eu não sou o guardião de meu irmão”. Duas atitudes que eliminam toda proximidade. O homem rejeita a proximidade de Deus, ele quer ser dono das relações e a proximidade sempre traz consigo alguma fraqueza. O “Deus próximo” se faz fraco, e quanto mais se faz próximo, mas fraco parece. Quando vem até nós, a habitar conosco, se faz homem, um de nós: se faz fraco e carrega a fraqueza até à morte e a morte mais cruel, a morte dos assassinos, a morte dos maiores pecadores. A proximidade humilha Deus. Ele se humilha para estar conosco, para caminhar conosco, para ajudar-nos.

O “Deus próximo” nos fala de humildade. Não é um “grande Deus”, aí… Não. É próximo. É de casa. E vemos isso em Jesus, Deus feito homem, próximo a seus discípulos até à morte: os acompanha, os ensina, os corrige com amor… Pensemos, por exemplo, na proximidade de Jesus aos discípulos angustiados de Emaús: estavam angustiados, estavam derrotados e Ele se aproxima lentamente, para fazer-lhes entender a mensagem de vida, de ressurreição.

O nosso Deus é próximo e pede a nós para ser próximos, um do outro, a não distanciar-nos entre nós. E neste momento de crise pela pandemia que estamos vivendo, esta proximidade nos pede para ser ainda mais manifestada, ainda mais vista. Nós não podemos, talvez, aproximar-nos fisicamente por medo do contágio, mas sim, despertar em nós uma atitude de proximidade entre nós: com a oração, com a ajuda, tantos modos de proximidade. E por qual motivo devemos ser próximos um do outro? Porque o nosso Deus é próximo, quis acompanhar-nos na vida. É o Deus da proximidade. Por isso, nós não somos pessoas isoladas: somos próximos, porque a herança que recebemos do Senhor é a proximidade, ou seja, o gesto da proximidade.

Peçamos ao Senhor a graça de ser próximos, um do outro; não esconder-se um do outro; não lavar-se as mãos, como fez Caim, do problema do outro: não. Próximos. Proximidade. “De fato, qual grande nação tem deuses tão próximos de si como está de nós o Senhor, nosso Deus, cada vez que O invocamos?”

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