Discurso

Papa retoma reflexões sobre família em audiência no Vaticano

Ideologia de gênero e a beleza do matrimônio estiveram entre os assuntos abordados pelo Papa 

Da Redação, com Rádio Vaticano 

A beleza do plano de Deus para o casamento e a misericórdia para com as famílias feridas, os desafios das novas tecnologias e a desconcertante ideologia de gênero. Estes foram os temas abordados pelo Papa Francisco em discurso à Comunidade Acadêmica do Pontifício Instituto “João Paulo II” para os Estudos sobre o Matrimônio e Família nesta quinta-feira, 27, por ocasião do início do novo Ano Letivo.

 

Sem mencionar diretamente a ideologia de gênero, o Papa falou da necessidade de reconhecer a diferença como uma riqueza e uma promessa, não como um motivo de sujeição e de prevaricação. O reconhecimento da dignidade do homem e da mulher, segundo ele, leva a uma correta valorização de seu relacionamento recíproco. 

“É impossível negar a contribuição da cultura moderna à redescoberta da dignidade da diferença sexual. Por isso, é muito desconcertante constatar que agora esta cultura apareça como bloqueada por uma tendência a cancelar a diferença, em vez de resolver os problemas que a mortificam”.

Na verdade, acrescentou Francisco, quando as coisas estão indo bem entre homem e mulher, também o mundo e a história vão bem. Caso contrário, o mundo se torna inóspito e a história pára. 

Beleza do casamento e misericórdia para as famílias feridas

O testemunho da beleza da experiência cristã da família, destacou Francisco, deverá inspirar ainda mais profundamente; ao mesmo tempo, é necessário ter grande compaixão e misericórdia pela vulnerabilidade e falibilidade do amor entre os seres humanos, mas sem resignar-se à falência humana, para apoiar o resgate do plano de Deus para a família, “ícone da aliança de Deus com toda a família humana”.

De fato, é correto reconhecer que, às vezes, apresenta-se um ideal teológico do matrimônio muito abstrato, construído quase artificialmente, distante da situação concreta e das possibilidades efetivas das famílias tais como são. “Esta excessiva idealização, sobretudo quando não despertamos a confiança na graça, não fez com que o matrimônio fosse mais desejável e atraente; muito pelo contrário”.

Proximidade da Igreja

Os dois Sínodos sobre a família – observou ainda o Papa –, manifestaram a necessidade de ampliar a compreensão e o cuidado da Igreja por este mistério do amor humano no qual o amor de Deus por todos se sedimenta. Neste sentido, “o tema pastoral de hoje não é apenas o da distância de muitos do ideal e da prática da verdade cristã do matrimônio e da família; mais decisivo ainda se torna o tema da ‘proximidade’ da Igreja”.

“Proximidade às novas gerações de cônjuges, para que a bênção de seu relacionamento os convença sempre mais e os acompanhe, e proximidade às situações de fraqueza humana, para que a graça possa resgatá-los, reanimá-los e curá-los. O indissolúvel vínculo da Igreja com seus filhos é o sinal fiel mais transparente do amor fiel e misericordioso de Deus”.

Teologia e pastoral caminham juntos

O Papa Francisco recordou, por fim, que a teologia e pastoral caminham juntos. “Não nos esqueçamos de que também os bons teólogos, como os bons pastores, têm o cheiro do povo e das estradas e, com sua reflexão, derramam óleo e vinho nas feridas dos homens”.

“Uma doutrina teológica que não se deixa orientar e plasmar pela finalidade evangelizadora e pelo cuidado pastoral da Igreja é também impensável para uma pastoral da Igreja que não saiba fazer tesouro da revelação e da sua tradição, voltada a uma melhor inteligência e transmissão da fé”.

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