Na Catequese desta quarta-feira, 18, Francisco afirmou que somente com o Espírito Santo é possível coragem para seguir em frente
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, na Audiência Geral desta quarta-feira, 18, realizada na Praça São Pedro, da qual participaram doze mil pessoas. O tema da catequese do Papa foi extraído do Capítulo 3, 39 dos Atos dos Apóstolos: “Cuidado para não se meterem contra Deus! Os participantes do Sinédrio aceitaram o parecer de Gamaliel”.
Íntegra:
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“Diante da proibição dos judeus de ensinar no nome de Cristo, Pedro e os apóstolos respondem com coragem que não podem obedecer aos que desejam interromper a viagem do Evangelho no mundo. Os Doze mostram que possuem a ‘obediência da fé’ que eles desejam despertar em todos as pessoas. A partir de Pentecostes, eles deixam de ser pessoas sozinhas. Vivem uma sinergia especial que os descentraliza de si mesmos e os leva a dizer: ‘nós e o Espírito Santo’. Sentem que não podem dizer ‘eu’ sozinho, mas ‘nós’, o ‘Espírito Santo e nós’”, disse Francisco.
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O Pontífice afirma que na força desta aliança, os apóstolos não se deixam assustar por ninguém, pois tinham uma coragem impressionante. “Pensamos que eram covardes: todos fugiram, fugiram quando Jesus foi detido pela polícia. Todos. Mas, passaram de covardes a corajosos. Por quê? Porque o Espírito Santo estava com eles. O mesmo acontece conosco: se tivermos o Espírito Santo dentro nós, teremos a coragem de seguir em frente, a coragem de vencer muitas lutas, não por nós mesmos, mas pelo Espírito que está conosco”, destacou.
Segundo o Santo Padre, os apóstolos não recuam em sua marcha como testemunhas intrépidas do Ressuscitado, como os mártires de todos os tempos, inclusive deste tempo. Os mártires dão a vida, não escondem que são cristãos, observou. “Pensemos nos cristãos coptas ortodoxos na praia da Líbia, verdadeiros trabalhadores, que foram todos degolados, quatro anos atrás. Pensemos também hoje. A última palavra que eles proferiram foi ‘Jesus, Jesus’. Eles não venderam a fé, porque o Espírito Santo estava com eles. Os mártires de hoje”, completou.
“Os Apóstolos são os megafones do Espírito Santo, enviados por Jesus ressuscitado a difundir com prontidão e sem hesitação a Palavra que salva. Esta determinação deles faz tremer o sistema religioso judaico, que se sente ameaçado e responde com violência e condenações à morte”, sublinhou Francisco. O Papa apontou que a perseguição dos cristãos é sempre a mesma: as pessoas que não querem o cristianismo sentem-se ameaçadas e levam os cristãos à morte.
Mas, no Sinédrio, eleva-se a voz de Gamaliel, um fariseu diferente que escolhe conter a reação dos demais, recordou o Pontífice. “Um homem prudente, doutor da lei estimado por todo o povo”, caracterizou. Na escola de Gamaliel, o Santo Padre recorda que São Paulo aprendeu a observar “a Lei de nossos pais”, conforme ele diz no Capítulo 22 dos Atos dos Apóstolos.
O Papa recordou que Gamaliel toma a palavra e convida os seus correligionários a exercer a arte do discernimento, diante de situações que excedem os padrões usuais: “Ele mostra, citando alguns personagens que se fingiram Messias, que todo projeto humano pode primeiro receber elogios e depois naufragar, enquanto tudo o que vem do alto e tem a “assinatura” de Deus está destinado a durar”.
“Os projetos humanos sempre falham; eles têm um tempo, como nós. Pensem em tantos projetos políticos, e como eles mudam de um lado para o outro, em todos os países. Pensem nos grandes impérios, pensem nas ditaduras do século passado. Sentiam-se poderosos, que podiam dominar o mundo. Depois todos desabaram. Pensem também nos impérios de hoje: desabarão, se Deus não estiver com eles, porque a força que os homens têm em si não é duradoura”, garantiu.
O Santo Padre prosseguiu: “Somente a força de Deus permanece. Pensemos na história dos cristãos, incluindo a história da Igreja, com tantos pecados, tantos escândalos, tantas coisas ruins nesses dois milênios. E por que não desabou? Porque Deus está ali. Nós somos pecadores e muitas vezes escandalizamos. Mas Deus está conosco. A força é ‘Deus conosco’. Portanto, Gamaliel conclui que, se os discípulos de Jesus de Nazaré creram num impostor, são destinados a desaparecer; se ao invés seguem alguém que vem de Deus, é melhor desistir de combatê-los; e adverte: ‘Cuidado para não se meterem contra Deus. Nos ensina a fazer esse discernimento’, sublinhou Francisco.
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As palavras de Gamaliel, são palavras pacatas e sensatas, que permitem ver o evento cristão com uma nova luz, observou o Pontífice. Segundo o Papa, essas palavras tocam os corações e obtêm o efeito desejado: os outros membros do Sinédrio seguem aceitam o seu parecer e renunciam aos propósitos de morte, ou seja, matar os apóstolos.
Francisco concluiu sua catequese, convidando os cristãos a pedir ao Espírito Santo para agir a fim de que possam“adquirir o hábito do discernimento”. “[Que o Espírito Santo nos ajude a] ver sempre a unidade da história da salvação através dos sinais da passagem de Deus em nosso tempo e nos rostos daqueles que nos rodeiam, e a aprender que o tempo e os rostos humanos são mensageiros do Deus vivo”.