O único extremismo permitido aos crentes é o da caridade, disse o Papa em sua homilia
Da Redação, com Rádio Vaticano
Neste sábado, 29, o segundo e último dia da visita do Papa Francisco ao Egito começou com a despedida da nunciatura e a saudação de um grupo de crianças alunas da Escola Comboniana do Cairo. Em seguida, em automóvel fechado, Francisco se deslocou ao estádio de futebol “Air Defense” para a Santa Missa. Utilizando um ‘golf-car’, pequeno carro aberto, deu uma volta no campo, em meio aos cerca de 30 mil fiéis que o aguardavam.
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A liturgia foi celebrada em latim e árabe, com as orações dos fiéis em várias outras línguas.
Em sua homilia, proferida em italiano, o Papa falou sobre o itinerário dos discípulos de Emaús, descrito no Evangelho de Lucas, e que se pode resumir em três palavras: morte, ressurreição e vida. “Aquele sobre quem construíram a sua existência morreu, derrotado, levando consigo para o túmulo todas as suas aspirações. Na realidade, eram eles os mortos no sepulcro da sua limitada compreensão”.
O Santo Padre explicou que, ressuscitado, Jesus transformou o desespero em vida, porque quando desaparece a esperança humana começa a brilhar a divina. “Quando o homem toca o fundo do fracasso e da incapacidade, quando se despoja da ilusão de ser o melhor, ser o autossuficiente, ser o centro do mundo, então Deus estende-lhe a mão para transformar a sua noite em alvorada, a sua tristeza em alegria, a sua morte em ressurreição, o seu voltar atrás em regresso a Jerusalém, isto é, regresso à vida e à vitória da Cruz”.
“A experiência dos discípulos de Emaús ensina-nos que não vale a pena encher os lugares de culto, se os nossos corações estiverem vazios do temor de Deus e da sua presença; não vale a pena rezar, se a nossa oração dirigida a Deus não se transformar em amor dirigido ao irmão; não vale a pena ter muita religiosidade, se não for animada por muita fé e muita caridade; não vale a pena cuidar da aparência, porque Deus vê a alma e o coração e detesta a hipocrisia. Para Deus, é melhor não acreditar do que ser um falso crente, um hipócrita!”, disse.
O Papa acrescentou que a fé verdadeira é aquela que torna a pessoa mais caridosa, mais misericordiosa, mais honesta e mais humana, animando os corações e levando a amar todos gratuitamente. Assim, não se vê o outro como um inimigo a vencer, mas como um irmão a amar. Uma fé que leva a defender e viver a cultura do encontro, do diálogo, do respeito e da fraternidade.
O Papa terminou a homilia com uma lembrança: “Queridos irmãos e irmãs, Deus só aprecia a fé professada com a vida, porque o único extremismo permitido aos crentes é o da caridade. Qualquer outro extremismo não provém de Deus nem Lhe agrada”. E um pedido: “Não tenham medo de amar a todos, amigos e inimigos, porque no amor vivido está a força e o tesouro do crente”.