Olhar para a manjedoura

Papa preside Missa do Natal: proximidade, pobreza e concretismo

Na homilia da Missa do Natal, Papa frisou três mensagens da manjedoura de Jesus, convidando a voltar a encontrar o sentido do Natal

Da Redação, com Santa Sé

Papa Francisco preside Missa do Natal / Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

No Natal, Deus se faz próximo nascido numa manjedoura para mostrar a verdadeira riqueza da vida. Essa foi, em síntese, a mensagem do Papa Francisco na Missa do Natal presidida neste sábado, 24, na Basílica Vaticana. Partindo da necessidade de voltar a encontrar o significado do Natal frente ao risco de esquecê-lo, Francisco convidou a olhar para a manjedoura, que diz três coisas: proximidade, pobreza e concretismo.

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Segundo o Papa, o Evangelho do nascimento de Jesus toma os fiéis pela mão para leva-los lá onde Deus quer. O trecho começa narrando um cenário em que as pessoas estavam preocupadas e atarefadas com um evento importante – o grande recenseamento – que exigia grandes preparativos. Algo semelhante ao dia de hoje, para o Natal. Mas o Evangelho logo distancia o cenário mundano para enquadrar um pequeno objeto – a manjedoura – e as pessoas reunidas ao seu redor: Maria, os anjos, e os pastores.

“A manjedoura! Para voltar a encontrar o sentido do Natal, é preciso fixar nela o olhar. E por que é tão importante a manjedoura? Porque é o sinal, não casual, com que Cristo entra em cena no mundo. É o manifesto com que Se apresenta, o modo como Deus nasce na história para fazer renascer a história”.

Proximidade

Concentrando-se, então, nas três mensagens que a manjedoura traz, Francisco falou sobre proximidade. Explicou que Deus se acomoda ali porque nela está o problema da humanidade, a indiferença gerada pela pressa devoradora de possuir e consumir. Francisco denunciou que também neste Natal uma humanidade insaciável por dinheiro, poder e prazer não dá lugar – como aconteceu com Jesus – aos mais pequenos, a tantos nascituros, pobres e abandonados.

“Penso sobretudo nas crianças devoradas por guerras, pobreza e injustiça. Mas é precisamente lá que vem Jesus, menino na manjedoura do descarte e da rejeição. N’Ele, menino de Belém, está cada criança. E está o convite a olhar a vida, a política e a história com os olhos das crianças”.

Imagem do Menino Jesus na Basílica Vatcana / Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

A manjedoura diz, então, que Deus está com a humanidade, ama-a e a procura. “Coragem! Não te deixes vencer pelo medo, a resignação, o desânimo. Deus nasce numa manjedoura para te fazer renascer precisamente lá onde pensavas ter tocado o fundo. Não há mal, não há pecado de que Jesus não queira e não possa salvar-te. Natal significa dizer que Deus está próximo: renasça a confiança!”

A manjedoura mostra a verdadeira riqueza

A manjedoura também fala sobre pobreza, observou Francisco. Ao seu redor não havia mais nada, a não ser pessoas que queriam bem a Jesus. Todos elas pobres, irmanados pelo afeto e a maravilha, não por riquezas e grandes possibilidades. “A pobre manjedoura faz emergir as verdadeiras riquezas da vida: não o dinheiro nem o poder, mas as relações e as pessoas.”

A primeira riqueza é Jesus, destacou o Santo Padre. Aqui, convidou os fiéis a se perguntarem se sabem visitar e encontrar Jesus lá onde Ele está: nas pobres manjedouras do mundo. “Nós somos chamados a ser uma Igreja que adora Jesus pobre, e serve Jesus nos pobres. (…) Irmãos, irmãs, no Natal Deus é pobre: renasça a caridade!”

“Deus não quer aparência, mas concretismo”

O terceiro e último ponto abordado pelo Pontífice na homilia foi o concretismo. Um bebê numa manjedoura constitui uma cena dura, observou, mas lembra que Deus Se fez verdadeiramente carne.

“Jesus, que nasce pobre, viverá pobre e morrerá pobre, não fez muitos discursos sobre a pobreza, mas viveu-a, em toda a sua profundidade, por nós. Da manjedoura à cruz, o seu amor por nós foi palpável, concreto: do nascimento à morte, o filho do carpinteiro abraçou a aspereza da madeira, a aspereza da nossa existência. Não nos amou com palavras, não nos amou por divertimento!”

Com essas palavras, Francisco lembrou os fiéis de que Deus procura uma fé concreta, feita de adoração e de caridade. “Ele, que foi ternamente envolvido em panos por Maria, quer que nos revistamos de amor. Deus não quer aparência, mas concretismo. Não deixemos passar este Natal sem fazer algo de bom. Uma vez que é a festa d’Ele, o seu aniversário, ofereçamos-Lhe prendas de que Ele gosta! No Natal, Deus é concreto: em seu nome, façamos renascer um pouco de esperança em quem a perdeu!”.

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