Homilia do Papa sobre o evangelho de Lucas desta terça-feira, 7, elevou a gratuidade do amor de Deus
Da redação, com Rádio Vaticano
Na Missa desta terça-feira, 7, na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa Francisco refletiu sobre a capacidade de sentir-se amado e comentou o trecho da Liturgia de hoje (Lc 14,15-24). No Evangelho, a parábola de um homem que organizou uma grande ceia e convidou muitas pessoas, proporcionou ao Santo Padre a interpretação e analogia da reação dos convidados com a dos que são constantemente chamados gratuitamente por Deus.
Segundo Francisco, houve os convidados que não quiseram ir porque não lhes interessava nem o jantar, nem as pessoas, nem o convite do Senhor, pois estavam ocupados com os próprios interesses, mais importantes do que o convite, o que os levava a uma escravidão do Espírito. “Incapazes de entender a gratuidade do convite”, afirmou.
De acordo com o Santo Padre, quem não entende a gratuidade do convite de Deus não entende nada, pois a iniciativa de Deus é gratuita e para ir ao banquete Dele é preciso estar doente, ser pobre e ser pecador, estar necessitado, seja no corpo, seja na alma. Segundo Francisco, quem tem necessidade de cuidado, de cura, tem necessidade de amor.
A atitude de Deus, que não deixa pagar nada e diz ao servo que conduza os pobres, os aleijados, bons e maus, se trata segundo o Papa, de uma gratuidade que não tem limites, de um Deus que recebe todos. Em analogia à parábola do ‘Filho Pródigo’, Francisco caracteriza a atitude dos convidados que rejeitaram o convite semelhante à do irmão mais velho, que não quer ir ao banquete organizado pelo pai para seu irmão que havia ido embora. Um ato de quem não compreende a gratuidade divina, disse o Pontífice.
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“Mas ele gastou todo o dinheiro, gastou a herança, com os vícios, com os pecados, e o senhor lhe faz festa? E eu que sou católico, praticante, vou a Missa todos os domingos, faço coisas, e para mim nada?’ Esse não entende a gratuidade da salvação, ele acha que a salvação é fruto do ‘Eu pago e o Senhor me salva’. Pago com isso, com isso, com aquilo… Não, a salvação é gratuita! E se você não entrar nessa dinâmica de gratuidade, você não entende nada. A salvação é um presente de Deus ao qual se responde com outro presente, o presente do meu coração”, alertou o Papa.
O Santo Padre falou também àqueles que pensam nos seus próprios interesses, que quando ouvem falar de presentes, sabem que devem fazer, mas imediatamente pensam na “contrapartida”. “Eu lhe darei esse presente, depois em outra ocasião, irá me dar outro”, aludiu. “[O Senhor] não pede nada em troca”, afirmou Francisco, e pontuou que o único pedido de Deus é somente amor e fidelidade, já que ele é amor e é fiel.
“A salvação não se compra, simplesmente se entra no banquete (…). Bem-aventurados os que receberão alimento no Reino de Deus”, afirmou o Papa.
Para o Santo Padre, aqueles que não estão dispostos a entrar no banquete, se sentem seguros e salvos do modo deles, fora do banquete, e perderam o sentido de gratuidade, o sentido do amor. “Eles perderam algo maior e mais bonito ainda, e isso é muito ruim: eles perderam a capacidade de se sentirem amados”, disse.
“Quando você perde — eu não digo a capacidade de amar, porque ela se recupera — a capacidade de se sentir amado, não há esperança, você perdeu tudo. Isso nos faz pensar na escrita na porta do inferno de Dante – ‘Deixe a esperança’- você perdeu tudo. Devemos pensar na frente deste Senhor: ‘Porque eu digo, quero que a minha casa fique cheia’, este Senhor, que é tão grande, que é tão amoroso, com a sua gratuidade quer encher a casa. Peçamos ao Senhor que nos salve de perder a capacidade de nos sentir amados”, rogou Papa Francisco.