Primeiro discurso

Papa pede futuro de paz e reconciliação às autoridades moçambicanas

Primeiro discurso de Francisco em Moçambique foi direcionado às autoridades, aos representantes da sociedade civil e ao corpo diplomático

Da redação, com Vatican News

Papa com as autoridades, representantes da sociedade civil e corpo diplomático/ Foto: Reuters – Yara Nardi

O Papa Francisco iniciou a quinta-feira, 5, em Maputo, capital de Moçambique, celebrando a missa em privado na nunciatura apostólica. Durante a celebração, o Pontífice recordou o cardeal Roger Etchegaray, “homem de diálogo e de paz”, e o cardeal José de Jesús Pimiento Rodríguez, que faleceu em 3 de setembro. Depois da missa, o Santo Padre reuniu-se com alguns responsáveis e um grupo de participantes dos programas criados pela Fundação Scholas Occurrentes  e visitou o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, no Palácio presidencial “Ponta Vermelha”.

Houve um encontro a portas fechadas, uma apresentação da família do presidente e a troca de presentes. No Palácio Presidencial o Pontífice dirigiu suas primeiras palavras às autoridades, aos representantes da sociedade civil e ao corpo diplomático. Em seu discurso, o primeiro pensamento do Papa foi às vítimas dos recentes ciclones Idai e Kenneth.

“Infelizmente, não poderei ir pessoalmente até junto de vós, mas quero que saibais que partilho a vossa angústia, sofrimento e também o compromisso da comunidade católica para fazer frente a tão dura situação”, afirmou o Papa. Mas foi à paz que o Pontífice dedicou grande parte do seu pronunciamento. O Papa mencionou o recente acordo assinado na Serra da Gorongosa para a cessação definitiva das hostilidades militares e o Acordo Geral de 1992 em Roma.

A história não deve ser escrita pela luta fratricida, disse Francisco, mas pela capacidade de se reconhecer como irmãos. “[É preciso ter] a coragem da paz! Uma coragem de alta qualidade: não a da força bruta e da violência, mas aquela que se concretiza na busca incansável do bem comum”, pediu. O Pontífice prosseguiu afirmando que a busca pela paz é um trabalho árduo, requer determinação, mas sem fanatismo; coragem, mas sem exaltação; tenacidade, mas de maneira inteligente: “não à violência que destrói, sim à paz e à reconciliação”.

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O Santo Padre encorajou as autoridades a prosseguirem no caminho do desenvolvimento, avançando nas áreas da educação e da saúde, “para que ninguém se sinta abandonado”, especialmente os jovens. “Não cesseis os esforços enquanto houver crianças e adolescentes sem educação, famílias sem teto, trabalhadores sem trabalho, camponeses sem terra… Tais são as bases dum futuro de esperança, porque futuro de dignidade! Tais são as armas da paz”, exortou.

Por fim, o Papa recordou que a paz convida a olhar também para a Casa Comum. Moçambique foi “abençoada por sua beleza natural”, mas constata a tendência à espoliação, “guiada por uma ânsia de acumular que, em geral, não é cultivada sequer por pessoas que habitam estas terras, nem é motivada pelo bem comum do povo”. Uma cultura de paz, concluiu Francisco, implica um desenvolvimento produtivo, sustentável e inclusivo, “onde cada moçambicano possa sentir que este país é seu”.

“Senhor Presidente, distintas Autoridades! Todos vós sois os construtores da obra mais bela a ser realizada: um futuro de paz e reconciliação. (…) Peço a Deus que possa – eu também – contribuir para que a paz, a reconciliação e a esperança reinem definitivamente entre vós”, finalizou.

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