“O coração que não se deixa levar pela pressa é capaz de se comover (…), de perceber os outros, suas feridas, suas necessidades”, disse Francisco no Angelus deste domingo, 18
Da redação, com Vatican News
“Temos necessidade de uma “ecologia do coração” que inclui descanso, contemplação e compaixão. Aproveitemos o tempo de verão para isso!”
Descanso e compaixão. Esses dois aspectos importantes da vida que guiaram a reflexão do Papa Francisco no Angelus deste domingo, 18. O Pontífice voltou a rezar a oração da janela do apartamento pontifício. O último aconteceu do Hospital Agostino Gemelli, onde o Pontífice se recuperava de uma cirurgia.
O Santo Padre inspirou-se no Evangelho de Marcos proposto pela liturgia do dia. O Papa frisou que Jesus se preocupa com o cansaço físico e interior dos seus discípulos.
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Prova disso, é que ao ouvir seus relatos jubilosos pelos “prodígios da pregação” durante a missão, Jesus lhes faz um convite: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”, convida ao repouso.
Ele quer alertá-los de um perigo, que sempre está à espreita também para nós: o perigo de deixar-se cair no frenesi do fazer, cair na armadilha do ativismo, onde o mais importante são os resultados que obtemos e o sentir-se protagonistas absolutos.
Aprender a parar
E isso, observou o Papa, acontece também na Igreja. “Estamos atarefados, corremos, pensamos que tudo depende de nós e, no final, corremos o risco de negligenciar Jesus e estarmos sempre nós no centro. Por isso, convida os seus para repousar um pouco à parte, com Ele”.
“Não é apenas repouso físico, é também descanso do coração. Porque não basta ‘desligar’, é preciso repousar de verdade. E como se faz isso? Para fazer isso é preciso voltar ao cerne das coisas: parar, ficar em silêncio, rezar, para não passar da correria do trabalho para a correria das férias.”
Mas o fato de Jesus se retirar a cada dia na oração, no silêncio, na intimidade com o Pai, não impede que Ele esteja atento às necessidades da multidão, frisou o Pontífice.
Francisco apontou que o convite dirigido aos seus discípulos é também feito a todos. Deveríamos parar “a correria frenética que dita as nossas agendas”, disse. “Aprendamos a parar, a desligar o celular, a contemplar a natureza, a regenerar-nos no diálogo com Deus”.
A compaixão nasce da contemplação
O Santo Padre recordou ainda, que “o Evangelho narra que Jesus e os discípulos não podem descansar como gostariam”, pois as pessoas provenientes dos lugares mais diversos os reconhecem. Neste ponto, move-se a compaixão:
“Aqui está o segundo aspecto: a compaixão que é o estilo de Deus, o estilo de Deus é: proximidade, compaixão e ternura. Quantas vezes no Evangelho, na Bíblia, encontramos esta frase: ‘teve compaixão dele’. Comovido, Jesus se dedica ao povo e retoma o ensino. Parece uma contradição, mas na realidade não o é. De fato, só o coração que não se deixa levar pela pressa é capaz de se comover, isto é, de não se deixar levar por si mesmo e pelas coisas a fazer e de perceber os outros, suas feridas, suas necessidades. A compaixão nasce da contemplação.”
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Ecologia do coração
Assim, observou Francisco, é preciso aprender a descansar verdadeiramente. Assim é possível alcançar a verdadeira compaixão:
“Se cultivarmos o olhar contemplativo, levaremos em frente as nossas atividades sem a atitude voraz de quem quer possuir e consumir tudo; se permanecermos em contato com o Senhor e não anestesiarmos a parte mais profunda de nós, as coisas a fazer não terão o poder de nos tirar o fôlego e nos devorar. Temos necessidade – ouçam isso – temos necessidade de uma “ecologia do coração” que inclui descanso, contemplação e compaixão. Aproveitemos o tempo de verão para isso. Nos ajuda bastante!”
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Ao concluir, o Santo Padre convidou os fiéis a dirigirem-se a Nossa Senhora, “que cultivou o silêncio, a oração e a contemplação, e sempre se move em terna compaixão por nós, seus filhos”.